A Coluna Feminina deste mês fala sobre a vaidade física e a vida consagrada
Ir. Eliza Maria Silva / Ir. M. Ana Paula Hyppólito – Quando pensamos em mulheres consagradas, talvez surja a pergunta: entre elas existe vaidade? Como é isso entre as consagradas em Schoenstatt?
A vaidade é uma característica natural da mulher, tanto que está presente e pode ser observada em meninas bem pequenas. Toda tendência natural existente no ser humano pode ser encarada e utilizada sob dois aspectos antagônicos: positivo ou negativo.
Primeiramente queremos ter clareza e distinguir dois conceitos, vaidade (física) X beleza:
Vaidade: círculo vicioso, tem como objetivo a satisfação própria, é um tipo de orgulho, é alimentar o ego, é um tipo de narcisismo.
Beleza: é irradiação, é um movimento constante de dentro para fora e para o alto, pois a beleza cativa e eleva.
Se realmente quisermos entender o conceito de beleza, temos que focar na definição essencial. Beleza é splendor ordinis, o que significa: o esplendor da ordem, o reflexo de uma ordem vivida, da harmonia. Reflexo… Isto quer dizer que o encanto e a beleza exteriores devem ser expressão do encanto e da beleza interiores. Se a harmonia exterior de nossas expressões faciais, movimentos e gestos não são a expressão de uma ordem interior, nossa beleza será superficial ou até artificial.
“A beleza é um dos atributos femininos mais dignos que Deus criou. Cuidar do externo sem que esteja conectado com o interno é falta de unidade, é aparência sem autenticidade. A verdadeira beleza é integral”
Nós, consagradas, também somos convidadas a viver e irradiar essa beleza integral, partindo do nosso interior para o exterior. Tudo o que é verdadeiramente belo atrai irresistivelmente, é como um imã para os olhos e para o coração.
Para isso buscamos conhecer o nosso coração, entender o porquê nos apresentamos sempre em ordem e qual é a finalidade da nossa aparência exterior coerente com as convicções que temos e com a missão que assumimos.
Irradiação da beleza da Mãe de Deus, irradiação da harmonia de Deus… O fim último da nossa vida é a contemplação, é contemplar eternamente a face de Deus; imagem original de toda a beleza. Nele nos espelhamos e em seu reflexo por excelência, a Mãe de Deus. Em nosso caso, como Irmãs de Maria, aspiramos a ser, também exteriormente, um sinal eloquente da imagem de Maria, para glorificar o Senhor e elevar o mundo a Deus. Essa imagem exterior tem um princípio: o interior precisa ser tanto quanto possível harmonioso, ornamentado pelas virtudes, pela singela e simplicidade, pela modéstia e o ser oculto, pelo discreto brilho da aspiração à santidade no dia a dia. Esse interior que busca a santidade se reflete num exterior simples, belo e ordenado.
Como Irmãs de Maria, nós nos entregamos totalmente a Deus, nosso coração pertence a Ele, educamo-nos para que nossos pensamentos, nossas ações, até mesmo nossas intenções sejam sempre voltados a Ele, inspirados por Ele e estejam a seu serviço. Assim também o nosso corpo, como templos do Espírito Santo e como pessoas consagradas somos chamadas a ser o reflexo de Maria no mundo. Sendo assim, é de suma importância que tenhamos uma boa apresentação, nos esforçando diariamente para apresentar a toda bela, toda pura, Maria!
A consultora de imagem Maiara Oliveira, que parte de uma abordagem mais humanizada, nos apresenta alguns pontos importantes que podem nos ajudar em nossa reflexão.
A importância de se cuidar e buscar a beleza:
- A imagem fala: é preciso cuidar da mensagem não verbal que estamos passando;
- A vaidade de si x a serviçalidade ao outro: cuidar para não cair na vaidade, mas realmente utilizar a beleza como um ato de amor ao próximo, como instrumento de santificação;
- O cuidado com as coisas de Deus: nós pertencemos a Deus e devemos cuidar da sua obra;
- A higiene pessoal e o valor humano: consciência de que temos um valor absoluto e precisamos cuidar da nossa vida e saúde física, pelo amor à vida, mas também para estarmos bem para servir ao próximo;
- A beleza inspira e essa inspiração nos faz buscar algo maior, coisas melhores.
Como mulheres, temos uma necessidade intrínseca pela beleza, pois esta é também característica divina e negá-la é negar a Deus e a sua criação.
A beleza se expressa em vários aspectos, desde a aparência física, o traje (limpo, com bom caimento, bem passado), cabelos penteados.
Nosso Fundador Pe. José Kentenich nos ensinou que nossa vida deve ser vivida de maneira orgânica, ou seja, no equilíbrio. Exemplificando este conceito, como Designer gráfico: o ponto primordial de uma composição é o equilíbrio.
No Design o equilíbrio é um dos pontos essenciais, pois ele garante que nenhum elemento prevaleça em relação a outro, o que levaria alguns elementos a desaparecerem no plano de fundo e a não terem qualquer propósito.
O equilíbrio é uma estratégia de Design na qual existe um centro de suspensão a meio caminho entre dois pesos.
Assim, poderíamos relacionar este equilíbrio do Design com a nossa aparência exterior, o ponto certo do cuidado com a aparecia corporal e a beleza interior.
Ponto certo: não cultuar demasiadamente o corpo, a roupa, a saúde, o asseio e nem ser desleixada nesses pontos, mas encontrar o eixo e o que nos trará harmonia e equilíbrio. Nada deve nos escravizar, mas o que acreditamos precisa se tornar um estilo de vida que nos amadurece e nos torna autônomas e livres.
São Francisco dizia: “Pregue o Evangelho, se for preciso fale”. A beleza também é uma forma de evangelizar, uma evangelização não-verbal, pois “refletimos” a beleza de Deus, irradiamos uma beleza para ser contemplada, não para me satisfazer, mas para glorificar a Deus e conduzir a Ele.
Uma vez que cuidamos de uma coisa, queremos cuidar de tudo o que está em volta, pois a beleza inspira, até nos mínimos detalhes.
Neste contexto, poderíamos falar da beleza, do equilíbrio e da harmonia também da casa, do local de trabalho, do quarto… Aí é matéria para uma próxima reflexão. Fica a dica!