Nesse segundo domingo do Advento, o Pe. Ailan Simões Costa, Capelão do Santuário Tabor Matris Salvatoris, em Salvador, na Bahia, conduz a nossa reflexão sobre o tema da liturgia do dia:
Hoje, celebramos o segundo domingo do Tempo do Advento, com toda razão, podemos afirmar, que depois da grande celebração da Páscoa da Ressurreição, com todo o seu ciclo de preparação, o Tempo Quaresmal, e seu longo desdobramento, ao grande acontecimento da Ressurreição, o Tempo Pascal, a Igreja Romana, em sua liturgia, não possui nada de mais admirável, do que a celebração do Natal, situada como segundo centro mais importante do ano litúrgico.
A celebração do Natal do Senhor é, portanto, preparada, pelo Tempo do Advento, que desponta com sua rica e bela espiritualidade, convidando-nos a esperança! Conforme o testemunho de autores cristãos dos séculos III e IV, especialmente São Cipriano e Santo Hilário, o Advento indica a vinda do Filho de Deus e sua manifestação segundo a carne. Já outros importantes testemunhos oriundos de antigos Sacramentários romanos mostram tanto a vinda do Filho de Deus na carne, quanto o seu retorno no final dos tempos. Assim, o termo latino, adventus, traduzido do grego parousía, que em geral era utilizado na linguagem cultual pagã, para significar a vinda anual da divindade no seu templo, em visita a seus fiéis, foi ressignificado e utilizado pelos primitivos escritores cristãos para falar da vinda de Jesus, o Senhor, Juiz e Salvador!
O Tempo do Advento então celebra a vinda do Cristo, em três misteriosas etapas da história da salvação São Bernardo resume esta tríplice vinda expressando-se da seguinte forma: “Portanto, na primeira vinda ele apareceu na fraqueza da carne. Na vinda intermediária, ele apareceu no poder do Espírito Santo. Na última, aparecerá na majestade da glória”. (Ofício das Leituras, quarta feira da I Semana do Advento).
O caminho litúrgico do Advento é também marcado pela leitura dos livros dos Profetas, especialmente Isaías, o Profeta da esperança. Neste segundo domingo, a primeira leitura é retirada do livro de Baruc e leva-nos a um processo de transformação e mudança, realizando em nós uma passagem da escravidão para a vida e a liberdade. O profeta compara Jerusalém infiel, como uma mulher fúnebre, vestida em trajes de luto. Porém com suas palavras cheias de autoridade e esperança a mensagem profética, anuncia à mulher aflita, o final da sua dor, convidando-a a cobrir-se com o manto da justiça e adornar-se com as glórias de Deus, pois o Senhor lhe manifestou misericórdia, justiça e lembrando-se de seu povo, Deus restituirá seu esplendor a Jerusalém.
O tema da conversão volta a ecoar no Evangelho de (Lc 3,1-6), que nos traz a imagem de João Batista, o último na linhagem dos Profetas e figura bastante típica deste tempo litúrgico, com ele levanta-se a geografia do deserto lugar de silêncio, onde Deus nos fala de modo íntimo. Agora é tempo de escuta profunda do Senhor, com Baruc Deus retira de nós a cadeia da dor e com o Batista, abre-nos um caminho novo, no qual, pela conversão do coração, encontramos a graça e a misericórdia.
Por fim, concluímos em atitude de contemplação, olhando para a nossa querida Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, ícone da esperança. O Papa Paulo VI, por meio da Exortação Apostólica Marialis Cultus, declarou que o Advento é por excelência o tempo mais mariano do Ano Litúrgico. Em todo este itinerário, especialmente nos dias próximos ao Natal de 17 a 24 de dezembro a liturgia, revestir-se de um caráter eminentemente mariano.
Por isso, supliquemos a Mãe do Salvador, o Palácio onde o Senhor repousou, em cuja carne virginal e imaculada se teceu a carne do Filho de Deus, que nos ajude a bem preparar a nossa casa interior, para que na Noite Santa do Natal, suas mãos maternais reclinem o Menino Jesus, sobre a manjedoura dos nossos corações.
Assim seja! Amém.