Daniele e José Luiz Sorge – Por conta do isolamento social, algumas incompatibilidades no matrimônio acabaram ficando mais evidentes e muitos casais não conseguiram sustentar o casamento diante de todas essas circunstâncias atípicas. De acordo com dados do Colégio Notarial do Brasil, de janeiro a junho de 2021, foram 37.083 divórcios. Há um aumento de 24%, em relação ao primeiro semestre do ano passado, com o início da pandemia da Covid-19. A falta do diálogo entre os casais é uma das principais causa para o insucesso do casamento.
O Papa Francisco diz na Exortação Apostólica Amoris Laetitia: “O diálogo é uma modalidade privilegiada e indispensável para viver, exprimir e maturar o amor na vida matrimonial e familiar” (n. 136).
Na correria do dia-a-dia, acabamos conversando sobre diversos assuntos com nosso cônjuge, falamos sobre filhos, a rotina da família, trabalho e etc. Porém, não paramos para dialogar.
O momento do diálogo é para abrir o coração um para outro. Juntos, analisamos, avaliamos e assimilamos todos os acontecimentos da vida conjugal, nos perdoamos, se for o caso, e traçamos objetivos comuns para a harmonia matrimonial. Temos que cuidar para que esse momento não se torne uma DR (discussão da relação). Para isso é necessário ter cautela com a maneira como se fala, o momento escolhido, o tom de voz e as palavras usadas. Requer aprendizado para isso, é necessário praticar, recomeçar e reaprender.
O diálogo é a força motriz do casamento.
“Reservar tempo, tempo de qualidade, que permita escutar, com paciência e atenção, até que o outro tenha manifestado tudo o que precisava comunicar” (AL, 137). É preciso, primeiro, ouvir tudo o que o outro tem a dizer, fazer silêncio interior, esquecer a pressa, deixar de lado as próprias necessidades e urgências, para que o outro tenha toda a liberdade e todas as condições para expressar seus sentimentos e esperanças. Muitas vezes, o outro não precisa e nem quer respostas a seus problemas. Só quer ser ouvido em suas mágoas, desilusões e anseios
Como conseguir esse momento, no meio da rotina?
Requer prática.
Nós, com 11 anos de casados, percebemos que, no início do nosso casamento, apenas conversamos e não dialogávamos. Com a chegada dos nossos filhos – temos dois: Júlia (6 anos) e o Luiz Antonio (3 anos) – foi necessário reservarmos esse tempo, pelo menos uma vez por semana, para nós como casal. Comprometemo-nos a ter esse momento só nosso. Mas, muitas vezes acontecem imprevistos e até já tivemos esse momento no carro, quando estamos indo trabalhar, preparando o jantar juntos ou quando levamos as crianças para brincar no parque.
Dois meios que nos ajudam
Entendemos que, para amadurecer o amor na vida matrimonial e desenvolver o nosso diálogo conjugal, precisamos das duas possibilidades que nos aponta o Pe. José Kentenich: “Nada sem vós, nada sem nós” e do Santuário-Lar.
O “Nada sem vós, nada sem nós” nos coloca em uma via de mão dupla, de abertura para o amor de Deus, de permitir-se ver o rosto de Deus no cônjuge.
No Santuário Lar, buscamos a força para realizar a graça do sacramento do matrimônio, por meio de nossa oração diária em família e na renovação de nossa Aliança de Amor.
Como nos faz bem manter esse tempo de qualidade, como casal!
Aconselhamos cada casal a encontrar – dentro da sua rotina familiar – um momento para desfrutar desse diálogo e ter esse tempo como casal.