“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe.” (Jo 19, 25)
Ir. M. Nilza P. da Silva – A dor das famílias, vítimas das tragédias provocadas pela tempestade, em Petrópolis/RJ, está estampada em milhares de fotos, que percorrem o mundo, desde o último dia 15. São olhares tristes que transparecem o coração apertado pela perda de pessoas amadas, a incerteza pelo futuro e, ao mesmo tempo, suas palavras são de recomeço, do desejo de dar o último adeus de forma digna e amorosa.
Essas cenas conduzem-nos à tragédia do Calvário e vemos em seus olhares o olhar de Maria, que permaneceu de pé, junto a cruz de seu Filho, com o coração traspassado pela lança, mas, ainda assim, pleno de amor, de perdão e enquanto sepulta seu Filho, vive na certeza da fé, que a vida vai muito além da morte.
No meio de milhares de fotos, esta acima estampa hoje um dos maiores sites de notícias do Brasil, com a legenda: “O quadro de Nossa Senhora é visto sujo de lama em casa destruída…” Por que justamente essa foto é destaque entre uma página inteira de imagens? Como filhos da fé prática na Divina Providência, sentimos o pulsar do coração de Jesus a dizer para cada família: “Eis aí a tua mãe!” (Jo 19,27) Aqui está ela, suja, com o rosto enlameado, junto com seu Filho, também cheio de barro, mas, presentes. A casa está destruída, mas a parede em que a Mãe e seu Filho estão permanece intocável. A força das tempestades não são mais fortes do que a presença dela e de Jesus.
Nessa imagem vemos a fidelidade do amor da Mãe das Dores, a força que ela concede a cada sobrevivente. Vemos o chamado para sermos solidários e darmos de nossa esperança, para que a dor seja curada e seja possível recomeçar. “Sua missão de Educadora a impele a nos ajudar e educar… Maria nos ajudará. Mater habebit curam. Com sua ajuda, venceremos as batalhas,”1 escreve o Pe. José Kentenich.
A Família de Schoenstatt de Pedro do Rio/RJ, ao acolher as famílias de Petrópolis, as ensina a olhar para Maria e clama a ela que os acompanhe com seu olhar materno. “No dia da Aliança de Amor (18/02) foi dada uma benção especial para todas as imagens da Mãe Peregrina, para que delas saíssem as forças necessárias para todas as pessoas que estão vindo se abrigar em nossa paróquia. Que elas sejam tocadas pela Mãe de Deus,” escreve Marta Manso.
Ela explica que nesse dia também reiniciou a visita da Mãe Peregrina às famílias, pois nos dois anos passados as imagens precisaram parar, devido a pandemia. “É justamente nessa época que mais precisamos, continua Marta. “Esse é um dos nossos gestos concretos de acolhida para as pessoas que estão vindo se abrigar em Pedro do Rio/RJ. A paróquia daqui está ajudando e cada coordenador, cada missionário está ajudando diretamente na paróquia.”
O olhar terno de Maria, nessa imagem suja, mas, firme na parede, nos diz: É possível recomeçar! Ela segura com o Filho em seus braços, os fios de nossa vida.
1 Livro: Maria, Mãe e Educadora