Ana Paula Paiva – Caminhar buscando a virtude e se afastando do vício (do pecado) não é, exatamente, uma novidade? A busca por esses hábitos estáveis, que nos aproximam do Sumo Bem e, por isso mesmo, de Deus, de maneira a extrair de nós o que é bom, nos tornando melhores e mais santos, é o caminho valorizado por nossa Igreja desde a Encarnação.
Nascemos ou aprendemos a ser virtuosos?
Mas, ainda na Antiguidade, os filósofos gregos se questionavam se a virtude (uma conotação diversa, evidentemente, da acepção cristã do termo, mas ainda assim com conteúdo louvável) poderia ser aprendida ou se nascíamos virtuosos. A questão em debate era, entre outras coisas, o problema do pertencimento de homens virtuosos e classes sociais não nobres (e vice-versa).
Para Aristóteles a virtude pode ser aprendida (e essa consideração foi recebida por Santo Tomás de Aquino, quando trata da Ética das Virtudes). Tanto que chega ao ponto de dizer que o jovem é imprudente pelo simples fato de ser jovem, ou seja, porque não teve tempo hábil para errar, treinar e praticar a virtude da prudência.
Para nós, católicos, evidentemente a virtude pode ser aprendida – e deve ser aprendida o quanto antes. É claro que isso tira um grande peso de nossas costas e coloca a ênfase necessária na misericórdia de Deus. Ele nos ama, nos enxerga e nos quer perto Dele. É por isso que nos pede que busquemos a santidade, que aprendamos a caminhar, caminhando; como nos lembra o Fundador, Pe. José Kentenich, que nossos erros nos levem aos braços de Deus e que Maria encontre em nós corações disponíveis e abertos para se deixar educar.
Como está nossa disposição de espírito para aprender?
Então, nos fica a grande questão:
– Como está nossa disposição de espírito para aprender? Não a teoria, evidentemente, mas aprender a se auto educar, a reconhecer as próprias limitações, a buscar o perdão de Deus quando necessitamos, a conquistar as virtudes necessárias do bom cristão e dos filhos muito amados de Deus.
– Estamos abertos? Dispostos? Heroicamente disponíveis a reconhecer que estamos aquém, mas que queremos sim, voar com as águias?
Essa deve ser a determinação mais importante: Buscar a Deus, o Único necessário, e construir nossa vida em torno desse grande ideal.
* Ana Paula Paiva e seu esposo Guilherme pertencem ao Instituto de Famílias de Schoenstatt