Por que o fundador de Schoenstatt visitou nossa pátria em 1947? Com qual espírito?
Pe. Filipe Araujo – No contexto da celebração dos 75 anos do Ideal Tabor, podemos relembrar o início dessa história para compreender “de onde vimos” e, assumindo o espírito do Fundador, estabelecer “para onde vamos”. Essa história tem seu início, como já sabemos, com a primeira visita do Pe. José Kentenich ao Brasil, em 1947. Ao trazer à memória os primeiros fatos, podemos ver o espírito que está por trás da proclamação desse ideal.
Dachau é um divisor de águas
Após seu tempo no Campo de Concentração de Dachau, o Pe. Kentenich percebe que o horizonte de Schoenstatt é muito vasto. No próprio Campo, haviam surgido entre os prisioneiros alguns schoenstattianos não-alemães. Ao ser liberto de Dachau, surgiu no Pe. Kentenich o desejo de sair em busca de aliados fora da Alemanha. É nesse contexto que ele vem à América Latina no ano de 1947 para visitar as Irmãs de Maria que já viviam no Brasil, na Argentina, no Uruguai e no Chile.
O Pe. Kentenich chega ao Brasil no mês de março, após uma longa viagem. Nessa visita, foi se dando uma série de acontecimentos que levaram as Irmãs de Maria a perceberem qual era o ideal da sua Província. Em suas primeiras palavras às Irmãs, em Santa Maria/RS, o Pe. Kentenich rezou o “Hino da minha terra”, que se refere a Schoenstatt como “o prado de sol no brilho do Tabor”. A ideia do Tabor foi ressoando no coração das Irmãs, que rapidamente foram percebendo que esse ideal expressava muito do que elas queriam viver. Existem relatos de um diálogo entre a Ir. M. Norberta Schulte e a Ir. M. Emanuele Seyfried no qual elas concluem que queriam ser um Tabor das glórias de Maria. Em poucas semanas, depois de visitar as diferentes filiais das Irmãs, o Pe. Kentenich declara, no dia 21 de abril de 1947, em sua visita a Londrina/PR, que a província das Irmãs se decidiu pelo ideal Tabor, e completa: “A Mãe de Deus quer revelar aqui suas glórias. Sua glória consiste em fazer com que Cristo possa subir novamente ao trono. Precisam acontecer milagres de transformação, precisamos nos transformar em milagres vivos”.
No contexto da busca de aliados do Pe. Kentenich, após as visitas aos outros países, surgiu a expressão “Assistência Trinitária”. Entre as províncias das Irmãs na América do Sul, cada uma passou a ter uma relação especial com uma pessoa da Santíssima Trindade: no Chile, a Província Cenáculo tem uma especial relação com o Espírito Santo; na Argentina, a Província Nazaré cultiva uma espiritualidade centrada em Deus Pai; e no Brasil, a Província Tabor se centra na pessoa do Filho, o Cristo Tabor. Hoje, o Movimento de Schoenstatt como um todo em cada país assumiu para si esses mesmos ideais. Isso expressa que nossa fé mariana quer nos levar a uma profunda fé na Santíssima Trindade.
Que esse ano de celebração nos ajude a renovar nossa fé em Schoenstatt, no Ideal Tabor, na Aliança, no Deus Trino. Mas somos chamados a renovar nossa fé em espírito de missão, a celebrar o ideal com o mesmo espírito do Fundador: em um contexto de busca por aliados para a Mãe de Deus! Só assim podemos assumir nossa missão de ajudar a que Cristo e nossa Mãe revelem ao mundo suas glórias e derramem sobre todos as suas graças. Que nosso ideal nos leve, portanto, a “descer do monte” para anunciar com mais força e ardor a Cristo, na força Aliança de Amor!