Pioneira na atuação e expansão da Obra de Schoenstatt, Londrina/PR orgulha-se também de ter sido o palco da proclamação do Ideal Tabor
Celia Guerra – Londrina não foi a primeira cidade visitada por nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, em sua também primeira visita ao Brasil, mas foi a cidade escolhida para que se instituísse a missão da Obra de Schoenstatt no país. Neste 20 de abril comemoramos os 75 anos da proclamação do Ideal Tabor. Desde a chegada do Pe. Kentenich em solo brasileiro, no dia 16 de março de 1947, a definição dessa missão começou a ser construída em nosso país tendo a contribuição das Irmãs de Schoenstatt aqui instaladas. “Queremos transformar toda a terra brasileira em um Tabor de glórias de Cristo e Maria”, disse ele.
Quem nos conta essa história é a Ir. M. Jacinta Donati, assessora em Londrina/PR. Segundo ela, em sua visita ao Brasil, Pe. Kentenich demonstrava seu propósito de tornar o país um lugar onde a Mãe de Deus pudesse se estabelecer e anunciar as glórias de seu Filho Jesus, como se expressou nessa fala: “É bom estarmos aqui! Por que é bom estarmos aqui? Porque a Mãe de Deus e Jesus estabeleceram aqui seu Tabor. É bom estarmos aqui! Deve ser bom estarmos aqui! Vai ser bom estarmos aqui, porque a Mãe de Deus revela suas glórias e as quer revelar ao mundo”.
O Pai e fundador – conta a Ir. M. Jacinta – permaneceu no Brasil por quase dois meses, cumprindo um itinerário preparado por ele para sua fundação que havia se propagado em países da América Latina, desde 1935, com a chegada das primeiras Imãs de Maria de Schoenstatt ao Brasil. “Foram 12 anos de espera, por causa da segunda Guerra Mundial e dos anos de prisão do Pe. Kentenich no Campo de Concentração de Dachau, na Alemanha (1941 a 1945).”
No Brasil, além das 12 primeiras Irmãs de Maria que chegaram em 1935, vários grupos sucederam nos anos seguintes. “Em 1947, eram 33 Irmãs alemãs e 32 instaladas no Paraná e Rio Grande do Sul. Aqui em Londrina estavam cerca de 30 Irmãs.”
Em Londrina, segundo Ir. M. Jacinta, o Pai e fundador permaneceu entre os dias 12 e 24 de abril. “Desse período temos registradas cinco alocuções de nosso fundador, sendo que a última delas, no dia 21 de abril, tornou-se célebre: quando faz um retrospectiva do dia anterior, no dia 20 de abril de 1947, ele nos presenteou com o Ideal Tabor e entronizou oficialmente a Mãe e Rainha na Catedral de Londrina, que na época, Paróquia do Sagrado Coração de Jesus.”
Ir. M. Jacinta reforça que a decisão pelo “Ideal do Tabor foi tomada pelo fundador após ter percorrido as diversas casas e as obras das Irmãs no Brasil. “Em sintonia com o Deus vivo, como sempre se expressava Pe. Kentenich: ‘Queremos transformar toda a terra brasileira em um Tabor de glórias de Cristo e Maria’,”.
As palavras ditas pelo Pai e fundador, na avaliação dela, foram além da proclamação desse ideal. “Ele também nos indicou quais as grandes tarefas estão contidas no Ideal Tabor”, explica, citando a afirmação na qual o fundador aponta essa missão: “Devemos levar a Mãe de Deus a tantas famílias quanto possível. Somos convocados como instrumentos escolhidos para levar o mundo ao coração de Jesus e o salvar. Quem foi chamada para restituir Cristo ao mundo? A Portadora de Cristo. Nós precisamos mostrá-la ao mundo. A Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt quer ser para esta terra o que Schoenstatt é para o mundo. Quer educar os povos a partir daqui, quer restituí-los a Cristo, abri-los para Deus. A Mãe de Deus quer utilizar-nos como instrumentos”.
Terra fértil
Desde a chegada das primeiras Irmãs de Maria a Londrina essa missão de levar Jesus às pessoas, tendo a Mãe como instrumento, tem sido assumida na cidade, na região. E Pe. Kentenich já vislumbrava isso em sua primeira visita ao Brasil: “Vim para experimentar aqui as glórias da querida Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt”. Assim, Ir. M. Jacinta lembra que em sua saudação de chegada à cidade o Pai e fundador deu o tom do que seria a principal marca de sua visita ao futuro Santuário, que foi inaugurado em 1950, como fruto de suas visitas: anunciar Maria como a Rainha do Tabor da Esmagadora da Serpente.
Nos tempos que esteve à frente da Arquidiocese de Londrina, o arcebispo Dom Albano Cavallin costumava dizer que o Santuário era o “coração da cidade”, também confirmando a visão de Pe. Kentenich para sua Obra. “Este pequeno Santuário tem uma história de vida e missão, que transcende o humano, pois cremos que realmente a Mãe de Deus estabeleceu sua presença e atua com suas graças a partir deste lugar”, diz com convicção Irmã M. Jacinta.
Londrina tem uma importância muito grande para a missão de Schoenstatt no Paraná e no país, completa citando que a cidade é berço de diversas ramificações da Obra, como aconteceu no Brasil, a fundação da Juventude Feminina em 1940, a Liga das Mãe em 1947, e a Liga de Família na década de 1960, além de muitas outras inciativas. “A Família de Schoenstatt em Londrina é uma referência pelas atividades e desenvolvimento da espiritualidade e projetos”, resume.
A assessora do Movimento Apostólico de Schoenstatt não titubeia em garantir que padre Kentenich semeou em terra fértil. “Abraçamos a missão que ele nos confiou e que foi assumida também por muitos dos seus seguidores, hoje heróis de Schoenstatt. Homens e mulheres exemplares, como Francisco Ziober e a jovem Regina Maria Tokano. “Eles são como resposta de que a santidade é possível e com certeza há muitos outros ocultos que assumiram e assumem até nossos dias essa missão.”
Celia Guerra – Liga de Famílias Londrina (PR)