No artigo de hoje faremos um exercício de meditação na prática, utilizando o método ensinado pelo Pe. José Kentenich.
Flávia Costa Ghelardi – Por se tratar de um primeiro exercício, partiremos de um texto bíblico, pois a Palavra de Deus é dirigida a cada um de nós em particular e é o Espírito Santo quem nos ajuda que ela chegue ao nosso coração como uma mensagem do Pai. “Através dessa palavra, Ele quer entrar em comunicação de amor pessoal comigo.” (P. Rafael Fernandez)*
A meditação é um encontro pessoal com Deus, para crescer no amor a Ele. Por ser pessoal, cada um vai experimentar de uma forma diferente esse encontro, de uma maneira única. Assim, esse exercício tem como finalidade somente apresentar um exemplo de como pode ser essa conversa com o Pai, para que aqueles que são iniciantes consigam ter uma visão geral de todo o processo.
Oração Inicial
Estamos no local que escolhemos para meditar, já preparado com alguma imagem que nos remeta ao mundo espiritual, uma vela acesa, uma música instrumental, enfim, aquilo que mais nos ajudar a nos concentrar no que estamos prestes a fazer: ter um encontro pessoal com Deus.
Iniciamos com uma oração implorando ao Espírito Santo que envie seus dons e frutos para conseguirmos meditar bem:
Espírito Santo, tu és a alma de minha alma. Cheio de humildade te adoro. Ilumina-me, fortifica-me, guia-me e consola-me. Revela-me tanto quanto isso ao plano do Eterno Pai corresponde. Revela-me os teus desejos. Faze-me entender o que o Amor Eterno de mim deseja. Faze-me entender o que devo fazer. Faze-me entender o que devo sofrer. Faze-me entender o que, em silêncio, com modéstia e reflexão, devo aceitar, carregar e suportar.
Sim, Espírito Santo, faze-me entender a tua vontade e a vontade do Pai. Pois minha vida inteira não quer ser mais que um contínuo e perpétuo SIM aos desejos e ao querer do Eterno Pai. Amém! (Pe. José Kentenich)
Fechamos nossos olhos, respiramos profundamente algumas vezes e abrimos o texto bíblico que já havíamos escolhido para meditar. Em nosso exemplo, utilizaremos João 10,14 “Eu sou o bom pastor e conheço minhas ovelhas”
Desenvolvimento
Primeira pergunta (o que Deus quer me dizer com isso?): o que o Pai nos quer comunicar ao dizer que é o bom pastor e que ele conhece suas ovelhas?
Posso pensar que Ele é o bom pastor. Que não há outro bom pastor senão Ele. A verdade contida nesse versículo é que o Pai é bom, infinitamente bom. Ele é a própria bondade. Tudo o que é bom deriva de suas mãos onipotentes. Não existe o menor indício de maldade ou perversidade em Deus. Tudo o que Ele faz ou permite, também na minha vida, é bom, mesmo que eu não consiga entender ou sentir sua bondade.
Ele é o bom pastor, ele é o meu pastor, eu faço parte de seu rebanho. Ele conhece as suas ovelhas, então ele me conhece. Ele me conhece como realmente sou, com minhas qualidades e meus defeitos. Ele me conhece melhor do que eu mesmo me conheço. E porque me conhece perfeitamente bem, ele me ama. Ele colocou todas as coisas que foram criadas por suas mãos à minha disposição, para que eu possa usá-las para um dia estar com Ele no Céu.
Segunda pergunta (o que eu digo a mim mesmo): o que eu digo a mim mesmo a partir desta realidade?
Penso que posso andar esquecido dessa verdade, que o Pai me conhece e me ama, que Ele cuida de mim. Posso olhar para a minha vida, as minhas circunstâncias e não conseguir perceber o cuidado e o carinho do Pai. Posso estar triste, desanimado, me sentindo sozinho. Onde está o Pai?
Posso também estar tão envolvido com minhas obrigações e responsabilidades que passo o dia todo fazendo coisas e penso que tudo é obra das minhas mãos, do meu trabalho. Esqueço que por trás de tudo está o Pai, que coloca a minha disposição os meios para o meu trabalho e o meu sustento.
Posso ver que não estou tão perto do Pai quanto eu gostaria. Ele me ama, Ele tem o perfeito cuidado comigo e eu não correspondo, não me recordo desse amor durante o dia, vivo como se o Pai não estivesse ao meu lado todo o tempo. Mal me recordo de fazer uma oração da manhã ou da noite e quando faço, muitas vezes é automática, sem carinho, sem amor.
Terceira pergunta: o que respondo ao Senhor?
A resposta a essa pergunta vai depender do que meditei em torno das perguntas anteriores. Posso agradecer ao Senhor por estar sempre comigo, cuidando e protegendo, mesmo quando não percebo. Posso imaginar que estou com minha cabeça em seu peito, sentindo seu calor e tendo a certeza de que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus.
Posso pedir desculpas por andar tão distraído e tão longe e pedir sua ajuda para perceber, nas pequenas e grandes coisas do meu dia, que o Senhor é o meu bom pastor. Posso ainda pedir perdão se alguma vez pensei que Deus não é bom, que castiga, que se alegra com o sofrimento de seus filhos.
Conclusão
Encerramos esse momento de oração anotando em nosso caderno pessoal as inspirações que tivemos. Fazemos uma breve ação de graças por termos conseguido passar alguns minutos conversando com nosso Pai. Podemos fazer o propósito de meditar novamente no dia seguinte e pedir ao nosso santo anjo da guarda que, ao longo do dia, nos lembre desses breves momentos que passamos juntos.
Para nos animar a seguirmos firmes nessa caminhada de praticar a meditação schoenstattiana, vejamos o que nos diz nosso Pai Fundador:
“Também aqui, uma vez mais, a linha unitária: do saber ao amor! A meditação deve me ajudar a transformar meu saber em amor. Que caminho devemos percorrer para isso? (…) Devo examinar mais profundamente de forma independente e por mim mesmo, os pensamentos que tomei como base da meditação. Mas, ao fazê-lo, persisto na seguinte atitude: agora quero pensar com a expressa intenção de aprender a amar mais profundamente. O que penso e aprendo em matéria de novos pensamentos, conhecimentos e contextos maiores, quero utilizar imediatamente para amar. Uma serenidade profundíssima em um pensamento conhecido com clareza: isto é meditação, pois aí reside o exercício de amar. Desta maneira, meu saber se tornará experiencial, unido ao amor.” (P. J. Kentenich)**
“Não se trata primariamente de um saber da cabeça, mas que o coração se acenda. Não se trata primariamente de chegar a ser um gênio do intelecto, mas sim um gênio do coração (…) Devemos aprender a nos expor ao sol. Deixar que o sol nos aqueça, nos acenda! É claro – vocês sabem o que eu quero dizer-, aí reside, no entanto, o perigo de professar o quietismo. Acho que devemos assumir este risco um pouco. Em geral, nós, homens modernos, estamos muito inclinados a fazer sempre algo de forma somente ativa: isto, aquilo e aquele outro. Também na oração: tem que pensar algo, fazer algo, implorar algo e alcançá-lo através da oração.”
Esperamos que esses artigos tenham despertado o desejo de colocar na prática essa forma de oração, que nos ajuda a termos mais intimidade com Deus e a enxergar melhor os desígnios de sua amorosa providência.
Caso possuam alguma dúvida sobre a meditação schoenstattiana, podem entrar em contato pelo email: ouvidonocoracaodedeus@gmail.com.
* “Como aprender a meditar”, P. Rafael Fernandez, Ed. Patris, pg. 92/102
** “El hombre heroico – exercícios espirituales com la guia de S. Ignacio y su método”, P. J. Kentenich, Ed. Patris, pg. 223
O Senhor é o nosso Pastot.Nao há outro senão Ele.
A meditação nos ensina a ter mais intimidade com Deus, e a enxergar melhor os desígnios de sua amorosa providência.
Ele é o Nosso Pastor e nada nos faltará!!!Amém!