Flávia C. Ghelardi – A partir desse tópico, o Papa Francisco começa a discorrer sobre a questão das emoções e da sexualidade. Ele explica que é próprio do ser humano se emocionar. Jesus, como homem, demonstrou várias vezes suas emoções. Experimentar as emoções não é em si, bom ou mal; o que pode ser bom ou mau é o ato que a pessoa realiza movida ou sustentada por uma paixão. (AL 145)
O amor matrimonial leva a procurar que toda a vida emotiva se torne um bem para a família e esteja ao serviço da vida em comum (AL 146). Assim é importante que cada pessoa se conheça, saiba quais são suas limitações e suas virtudes, e busque sempre vencer aquilo que pode causar um dano a si mesmo ou a quem ama.
Deus ama a alegria dos seus filhos
É necessária a educação da emotividade e do instinto e, para isso, às vezes torna-se indispensável impormo-nos algum limite. O excesso, o descontrole, a obsessão por um único tipo de prazeres acabam por debilitar e combalir o próprio prazer, e prejudicam a vida da família. (AL 148)
Porém, isso não quer dizer precisamos reprimir qualquer motivo de prazer ou alegria. Deus ama a alegria do ser humano, pois ele criou tudo para que fosse usufruído por nós. O que é preciso é aprender a ter alegria com as coisas simples e não uma busca desenfreada pelo prazer a todo custo.
A dimensão erótica do amor
A sexualidade foi criada por Deus, assim é uma coisa boa. Todavia, a sexualidade não é um recurso para compensar ou entreter, mas trata-se de uma linguagem interpessoal onde o outro é tomado a sério, com o seu valor sagrado e inviolável. (…) O erotismo mais saudável, embora esteja ligado a uma busca de prazer, supõe a admiração e, por isso, pode humanizar os impulsos. (AL 151)
Violência e manipulação
Aqui tem o alerta para cuidarmos que a mentalidade do “usa e joga fora” não contamine nosso relacionamento. Existem muitas patologias relacionadas a sexualidade, sendo utilizada como forma de satisfação egoísta dos próprios instintos. Mesmo dentro do matrimônio é preciso cuidar para que o ato sexual não seja imposto ao outro ou utilizado como forma de manipulação e domínio.
Entre os cônjuges, esta recíproca «submissão» adquire um significado especial, devendo-se entender como uma pertença mútua livremente escolhida, com um conjunto de características de fidelidade, respeito e solicitude. A sexualidade está ao serviço desta amizade conjugal de modo inseparável, porque tende a procurar que o outro viva em plenitude. (AL 156)
Este artigo faz parte da série de artigos que sintetizam a Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Amoris Laetitia do Santo Padre Papa Francisco
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt