Luis Ventorini* – O político cristão tem sua atuação marcada pelo empenho na construção do Reino dos Céus aqui na terra. Para tanto, ocupa-se em congregar-se com outros nesse caminho e, construindo com eles alianças, atuar para favorecer a conversão das almas.
Um cidadão austríaco, nascido na então Prússia, e que assim atuava com destaque, foi preso pelo nacional-socialismo, em 1o de abril de 1938, junto com prisioneiros políticos, sendo levado para o campo de concentração de Dachau e recebendo o número 139. Nesse momento, ele também fora separado de sua esposa, a qual sempre o acompanhou em todo seu atuar.
Motivos de sua prisão
Ele fora preso por ter sido considerado uma ameaça ao pensamento ditatorial à época na Alemanha. Essa ameaça configurara-se por ser ele um político cristão responsável, comprometido com os valores da democracia, por ter trabalhado no sindicato cristão, por ter participado de um núcleo, formado por sociólogos e políticos sociais, com o objetivo de trabalhar na concepção e divulgação da Encíclica Quadragesimo Anno, por ter se empenhado na inclusão do, à época, “proletariado” nas estruturas sociais, por ter atuado na promoção e coordenação da educação política católica, estando vinculado ao Partido do Centro, e por estar convicto da solidariedade social católica, sendo, por essas ações, bastante reconhecido no contexto sociopolítico da Alemanha à época.
O encontro com o Fundador e a fundação
Ele foi libertado do campo de concentração, em 1943, e continuou com suas preocupações voltadas para crise social, política e econômica da Alemanha. No entanto, algo especial acontecera em sua passagem por Dachau. Lá encontrara e conhecera o Pe. José Kentenich e dele tornara-se grande amigo e importante colaborador pois, embora atuassem em contextos diferentes, ambos estavam presos pela mesma razão: empenho na construção de uma Ordem Social que contivesse o Cristo vivo na cotidianidade dos cidadãos. Como fruto desse encontro, em Dachau, ambos fundaram uma Comunidade a ser constituída por matrimônios Consagrados, que se empenhassem por uma forte vinculação a Cristo: o hoje conhecido como Instituto Secular de Famílias de Schoenstatt.
O reencontro com sua esposa
Ele, Fritz Kuhr, nascido Fritz Schuler, consegue chegar ao Brasil somente em 1947, para então reencontrar-se com sua esposa Helene e continuar dedicando sua vida à construção dessa nova ordem social. Sua preocupação maior era com o aspecto socioeconômico da família, à luz da convicção de que ela é a célula germinativa que renovará a sociedade. Faleceu em 1950 tudo oferecendo pela Comunidade que co-fundara e, como legado, deixou-nos o exemplo e o estímulo para sermos partícipes protagonistas nos contextos social, político e econômico, visando forjar alianças que priorizem gerar condições para a relação vital e ontológica entre os Homens e Cristo.
* Luiz Ventorini e sua esposa Rosani, pertencem ao Instituto de Famílias de Schoenstatt