Em todo o Brasil, coordenadores e missionários abrem hoje o triênio de preparação para o jubileu de 75 anos do início da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt.
Ir. M. Rosequiel Favero – O 10 de setembro se tornou de grande significado para a história do Movimento Apostólico de Schoenstatt, no Brasil e também no mundo inteiro, porque neste dia, há 72 anos, iniciava a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt.
Quem hoje vê as proporções internacionais da Campanha da Mãe Peregrina, até pode pensar que tenha nascido de um ‘projeto’ bem organizado. Mas, na verdade, ninguém imaginava o grande apostolado que estava nascendo. Ele nasceu de um coração ‘crente na Providência Divina’, que soube seguir os caminhos propostos por Deus, em acontecimentos não planejados de sua vida.
Revisitando a história
Em 1950 foi proclamado o dogma da Assunção de Maria ao céu. Para preparar as famílias de Santa Maria/RS para este momento importante da história da Igreja, os dirigentes do Movimento de Schoenstatt local mandaram fazer três ‘capelinhas’ da MTA, em madeira, com a silhueta do Santuário, para que fossem levadas às famílias e com elas fosse rezado o terço.
Durante os primeiros dias de setembro, João Pozzobon participava de um retiro, com cerca de 100 homens, pregado pelo Pe. Celestino Trevisan, na Casa de Retiros, no qual se falou da importância da oração do terço.
Em 10 de setembro, as três imagens, feitas pelos dirigentes, foram abençoadas no Santuário Tabor, como o próprio Pozzobon relata: “Não podemos esquecer que a imagem (da Mãe Peregrina Original) foi benta pelo Pe. Celestino Trevisan, no Santuário Tabor.“
Num intervalo das palestras, João Pozzobon foi, rapidamente, para sua casa e, ao retornar ao Santuário, encontrou-se com a Ir. M. Terezinha Gobbo e um grupo de moças, que saiam para rezarem o terço, na primeira família, com uma das imagens. João Pozzobon foi convidado e aceitou acompanhá-las, neste primeiro terço. Após o terço, a Ir. M. Teresinha entrega a imagem da Mãe e Rainha a João Pozzobon, para que ele a leve às famílias, até o final de outubro, preparando a proclamação do dogma, que seria proclamado no dia 1º de novembro.
Nós sabemos como a história continuou: Quando passou o tempo indicado pela Ir. M. Teresinha, João Pozzobon não parou sua peregrinação com a Mãe e Rainha. Ele continuou a peregrinar com ela, por 35 anos. Dessa sua atuação missionária surgiu a grandiosa Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, que abraça todo o Brasil e está presente em todos os continentes.
Mas, o que aconteceu para que João Pozzobon continuasse peregrinando com a Mãe e Rainha às famílias?
O sim incondicional a Deus, como Maria na anunciação
João Pozzobon é um fiel filho de Schoenstatt, que viveu intensamente sua Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável. Quando recebeu o convite para peregrinar com a Mãe e Rainha, ele estava se preparando para aprofundar sua vida de Aliança, entregando-se à Mãe de Deus, na altura da ‘Carta Branca’.1
Muitas vezes, o Pe. José Kentenich, Fundador do Movimento de Schoenstatt, ensinou que os acontecimentos do dia a dia são como acenos de Deus, pelos quais Ele nos indica sua vontade. São como ‘momentos de anunciação’, em que somos interpelados a responder: ‘Faça-se!’ assim como a Mãe de Deus.
João Pozzobon fez sua ‘consagração de Carta Branca’ em 18 de outubro de 1950, enquanto peregrinava com a Mãe e Rainha, na preparação para a proclamação do dogma. Podemos imaginar, que a sua experiência com a Mãe Peregrina nas famílias terá soado como ‘momentos de anunciação’, em que Deus lhe pedia algo mais. Ele teve a coragem de responder SIM e continuar firme no seu caminho.
Viveu cada momento como ‘anunciação’
Na sua vida, João Pozzobon permaneceu fiel nesta atitude de abertura e atenção à voz de Deus nos acontecimentos, também no seu apostolado. Por exemplo, com esta atitude, ele acolheu o pedido das crianças de uma escola, para presentear uma coroa à Mãe Peregrina. Viu no fato da Campanha estar completando cinco anos, uma indicação para se colocar cinco pedras na coroa. Disso veio o costume de colocar, cada ano, uma nova pedrinha.
Mais tarde, em 1959, ao receber de presente de seus filhos uma capelinha da Mãe e Rainha, veio-lhe a ideia de fazê-la peregrinar entre as famílias, que queriam receber mais do que uma vez a visita da Mãe Peregrina e ele não conseguia atendê-las com uma única imagem. Deste seu sim, a este aceno de Deus, nasce uma rede de dezenas de milhares de coordenadores e missionários da Mãe Peregrina no Brasil e no mundo.
Hoje, a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, no Brasil, faz a abertura do triênio de preparação para celebrar o jubileu de 75 anos do seu início. Esse tempo é também um chamado de Deus para crescermos nesta atitude de fé, que marcou a vida de João Pozzobon, para escutar a voz de Deus que nos fala por meio dos acontecimentos ‘não planejados’ e respondê-los com a vida.
Em 2019, com o Ano João Pozzobon, começaram a ser traçados os planos para celebrar estes 75 anos. Mas, veio a pandemia e todos os planos precisaram ser reformulados. Deus falou alto! Foi preciso parar, buscar novas formas para levar avante o apostolado. Agora, os planos foram retomados, com uma grande pesquisa entre os coordenadores: Como podemos preparar e viver este jubileu? Estamos em processo de colher sugestões. Mas, uma coisa é certa: Esse jubileu precisa ser celebrado com a mesma atitude de João Pozzobon, como Maria na anunciação: “Faça-se em mim a tua vontade”!
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1 A expressão carta branca vem do mundo comercial (como dar ‘um cheque em branco) e, na espiritualidade de Schoenstatt, significa aprofundar a Aliança de Amor com Maria, no sentido de se colocar – como ela – diante de Deus e dar-lhe a mesma resposta: “Faça-se em mim a tua vontade”.