Ir. M. Nilza P. da Silva – Usando a expressão de Dom Tenhamberg, Bispo Auxiliar de Muenster, na Alemanha, podemos iniciar dizendo que a vida do Pe. Kentenich: “É uma carta de Deus para nós”. Deus deu ao mundo, na vida e na pessoa do Pe. Kentenich, um dom precioso do seu amor infinito. Ele foi um sinal vivo da presença de Deus, um exemplo luminoso de confiança na Providência Divina. Ele veio ao mundo como uma luz que resplandece na noite escura, para iluminar e dar-nos respostas a tantos questionamentos que o mundo moderno nos apresenta.
Um filho fiel da Igreja
Pe. Kentenich foi um filho fiel à Igreja, ele amou a Igreja, viveu na Igreja e pela Igreja. Entregou sua vida inteiramente a Nossa Senhora e tudo fez para que ela fosse conhecida e amada por todos como a Mãe, Companheira e Colaboradora de Cristo na Obra da Redenção. Incansavelmente andou pelo mundo anunciando a grandeza, a beleza e as glórias de Maria. Conduziu, seguramente, todos que o procuravam, a consagrar-se a Maria, selando com ela a Aliança de Amor, em seu Santuário de graças.
Pe. Kentenich, em 1941, foi preso e confinado no campo de concentração de Dachau/Alemanha na época do nazismo e lá permaneceu por mais de três anos. Obediente à Igreja, em 1951, foi para os Estados Unidos, onde permaneceu durante 14 anos. Este exílio lhe custou a separação de sua Família de Schoenstatt, a Obra da que ele fundara.
Um filho que fez a vontade de Deus
Com prontidão sacrifical sempre aceitou a vontade de Deus nas situações mais difíceis. Nas mais duras provações de sua vida, conhecia um único anseio: cumprir com alegria, numa atitude filial, e heróica os mais leves desejos de Deus.
Ele nos deixou a grande mensagem: “Deus é Pai, Deus é bom e bom é tudo o que Ele faz!” Deus nos ama pessoalmente, como a pupila de seus olhos.
Desde a infância consagrado a Maria
Com o nascimento do Pe. Kentenich, em 16 de novembro de 1885, em Gymnich, na Alemanha, Deus presenteou ao mundo uma dádiva singular. Foi batizado em 19 de novembro, na igreja-matriz de São Cuniberto e recebeu o nome de Pedro José Kentenich, sendo que José se tornou seu nome familiar.
Sua mãe, para dar sustento à família, não podia ocupar-se muito com a educação do filho. Aconselhada por seu pároco, em 12 de abril de 1894, ela o colocou no Orfanato de São Vicente em Oberhausen. O menino tinha apenas oito anos. Na hora da despedida, mãe e filho foram à Capela do Orfanato e ali, aos pés da imagem de Nossa Senhora do Rosário, ela, a mãe de José, entregou-o aos cuidados da Virgem Maria com o pedido de que, desde então, Maria fosse para seu filho a Mãe e Educadora.
Assim rezou:
Mãe de Deus, sê, de agora em diante, uma verdadeira Mãe para o meu filho! Educa-o! Cumpre em meu lugar os deveres de mãe. Eu o entrego inteiramente aos teus cuidados.
E o pequeno José, ouvindo a súplica de sua mãe, tomou a sério estas palavras e, a seu modo, ele também fez a própria e total entrega à Nossa Senhora. Recordando esta entrega ele reza:
“Ave Maria! Por tua pureza, conserva puro o meu corpo e a minha alma. Abre-me largamente o teu coração e o coração de teu Filho. Obtém-me um profundo conhecimento de mim mesmo e a graça da perseverança e fidelidade até à morte”.
Mais tarde, Pe. Kentenich revelou que ficou fiel a esta sua primeira consagração, fiel à Mãe de Deus, pois não fora uma simples oração, mas uma doação real e total de ambos, uma permuta de amor entre ele e a Mãe de Deus. Maria tomou posse do seu pequenino coração, tornando-se sua Mãe e Educadora, Conselheira e Mestra durante toda a sua vida. Este momento permaneceu para ele uma experiência inesquecível e decisiva para o seu futuro, como certa vez confessou: “Tudo o que sou e tenho, devo à Mãe de Deus!”
Chamado ao sacerdócio
Desde pequeno, José chamava a atenção por sua inteligência excepcional e por sua extraordinária piedade e inclinação para o religioso. Gostava muito de rezar e estar na presença de Deus e de Nossa Senhora, a quem sempre venerou profundamente. De sua mãe ele aprendeu a amar Jesus e Maria de forma tão profunda que o levou a entregar-se a ela, inteiramente, com apenas 8 anos de idade!
Ele era ainda muito criança, quando Deus despertou em seu coração o desejo de se tornar sacerdote. Em seu interior ardia a chama que flamejou até o último momento de sua vida: viver inteiramente doado a Deus e a Maria, na dedicação total ao próximo. Este desejo ele revelou à sua mãe no dia de sua primeira Comunhão, no primeiro domingo após a Páscoa, em abril de 1897.
Testemunho
O processo de canonização do Pe. José Kentenich foi aberto em 10 de fevereiro de 1975, o que lhe confere o título de Servo de Deus. E em sua nova presença junto a Deus, ele pode interceder por nós em nossas necessidades. Ele quer nos ajudar, mas nós precisamos nos dirigir a ele e confiantes pedir sua intercessão.
Relato de uma graça alcançada
Assim experimentei o Pe. José Kentenich – Como um Pai!
Estava com muita dor. Já fazia uma semana que não conseguia dormir direito. Foi então que resolvi ir até a farmácia comprar um analgésico para aliviar a dor que me fazia sofrer. Ao me dirigir ao caixa da farmácia para pagar o remédio, ao pôr a chave do carro sobre o balcão a dona da farmácia, ao ver a estampa da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, no chaveiro do carro, disse muito alegre: eu conheço, o Fundador do Santuário desta Mãe. E acrescentou: ele me acompanha sempre, está sempre comigo, me ajuda em tudo, é o meu maior amigo! E disse-me ainda: venha ver!
Acompanhei-a até a sala, consultório de seu filho, o farmacêutico da farmácia. Que surpresa ao abrir a porta! Quem estava ali? O Pe. Kentenich em tamanho grande, num pôster. Foi um encontro muito pessoal que tive como o Pe. Kentenich. Aquele momento foi tão especial para mim, que parecia estar encontrando pessoalmente com ele. Seu olhar, me falou ao coração. Senti a sua presença. Senti seu carinho e amor de Pai.
Com aquele sentimento de alegria e gratidão, entrei no carro para voltar para casa. Muito feliz e confiante no seu cuidado de Pai, falei com ele, como uma filha fala com o seu pai e disse-lhe: “Pai, o senhor ajuda tantas pessoas, ajude-me a mim também! Tira-me esta dor!” Cheguei em casa, tome um banho e deitei-me, sem tomar o remédio que havia comprado. Dormi tão bem que somente no dia seguinte, percebi que ele havia ouvido a minha prece. Ele é assim mesmo, como um Pai atende ao filho. Obrigada, Pe. José Kentenich”.