Pe. Marcelo Cervi, brasileiro, membro do Instituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt, no último Capítulo, foi eleito membro do Conselho Geral de seu Instituto. Hoje, ele nos fala sobre esse assunto:
Como o senhor vê essa eleição? O que ela significa para o senhor?
Pessoalmente, fui pego de surpresa, mas, sem dúvidas, sobre a ação da Providência, tendo a mão no pulso do tempo e o ouvido no coração de Deus. Eu estava para encerrar um período de seis anos, em Roma, a serviço direto do Instituto e, de certa forma, a serviço do Movimento, num Centro Internacional. De repente, os irmãos capitulares – a quem agradeço pela confiança – me elegeram, um brasileiro, com a anuência do meu Bispo diocesano, Dom Eduardo Pinheiro da Silva, SDB – a quem agradeço pela compreensão da abrangente portada eclesial dessa missão.
Ser Conselheiro Geral é ter a graça de servir à Comunidade do Instituto, em suas grandes tarefas e preocupações, neste momento desafiador da sua história, e de servir a Schoenstatt e à Igreja, no sentido do aprofundamento da identidade e da tarefa dos presbíteros diocesanos, que compartilham o carisma dado pelo Espírito ao Pe. Kentenich, a serviço do Povo de Deus.
A eleição significa também a atenção sempre maior que, em geral, as Comunidades Oficiais de Schoenstatt têm dado à internacionalidade nas suas Direções Gerais, compostas por membros de distintas partes do mundo, vista a expansão admirável de Schoenstatt fora da Alemanha. No caso da nossa Comunidade dos Diocesanos, temos um estilo de governo que deseja ser o mais paternal possível, sendo reflexos vivos da paternidade de Deus, numa Comunidade e numa Igreja que seja “Família de Deus”, ou seja, que tenha traços familiares. Nesse sentido, a eleição significa compartilhar da tarefa de guiar paternalmente a comunidade e cada um dos irmãos, como nos ensinou o nosso Fundador.
Quanto tempo será a sua atuação nessa tarefa?
O Conselho Geral do Instituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt é formado por 5 presbíteros: o Reitor Geral, o Chefe Geral de Cursos e três conselheiros. Os dois primeiros têm um mandato de 12 anos e os três últimos duram 6 anos, com a possibilidade de ser reeleitos. No nosso caso, a tarefa começa no dia 20.01.2023 e vai até 19.01.2029.
O senhor continuará com a tarefa em Belmonte?
Também esta questão ainda não foi totalmente esclarecida. O meu período como Reitor de Belmonte vence em janeiro/2023. Permanecer mais alguns anos depende, sobretudo do consentimento do Bispo da Diocese de Jaboticabal, à qual pertenço. Isso se deve ao fato que, na condição de presbíteros diocesanos, a liberação para uma tarefa no Instituto não é automática, como acontece nas comunidades religiosas ou nos institutos seculares presbiterais que incardinam. Nos próximos meses se definirão este e outros detalhes que, de alguma maneira, tem a ver com a nova missão de Conselheiro Geral.
Em todo caso, estes seis anos passados aqui foram um tempo abençoado, no qual sinto que pude colaborar pessoalmente e, como representante do Instituto, juntamente com os membros dos outros Institutos de Schoenstatt presentes na Cidade Eterna, à missão do Pe. Kentenich em Roma e ao entrelaçamento entre Schoenstatt – Concílio – Igreja.
Se trata de um ponto ainda desconhecido para a maioria dos schoenstattianos e que esperamos, se nos for dada a chance de permanecer aqui por mais algum tempo, poder incentivar ainda mais em duas frentes: o crescimento do Movimento na Itália (O Santuário de Belmonte é o Santuário nacional para os italianos) e a corrente de vida da coroação da Mãe de Deus, como Mãe da Igreja, no contexto dos 60 anos do encerramento do Concílio Vaticano II, no Ano Santo 2025 (o Santuário da Mãe da Igreja, é o Santuário Romano prometido ao Pe. Kentenich pela Presidência Internacional em 16.11.1965).
Em que a sua tarefa como Reitor em Belmonte o preparou para essa missão?
A experiência de Belmonte é fantástica e, sob muitos pontos de vista, oferece uma base bastante boa para a missão de Conselheiro Geral. Eu destacaria três:
a) a possibilidade de conhecer a fundo e compartilhar os eventos relacionados ao 4º Marco Histórico do Movimento, que veem envolvidos tanto a pessoa do Pe. José Kentenich quanto a Obra Internacional em relação à missão pós-Conciliar da Igreja (que o Pe. Kentenich afirmava ter sido a nossa missão pré-conciliar);
b) a oportunidade de estar em contato com schoenstattianos do mundo inteiro e, por meio deles, com as mais diferentes culturas e sensibilidades eclesiais, fato este que se une à experiência de internacionalidade e catolicidade que somente em Roma podemos viver;
c) um contato direto com os membros do Instituto de diferentes formas, possibilitando conhecer boa parte deles e seus variados carismas a serviço da Igreja, do presbitério diocesano e da integração Schoenstatt na Diocese em diferentes lugares.
Quais são as perspectivas dos Sacerdotes Diocesanos para os próximos anos?
O VI Capítulo Geral trabalhou várias temáticas, que dizem respeito à vida interna da comunidade e à sua missão no Movimento e na Igreja, de forma que são muitas perspectivas e frentes de atuação nos próximos seis anos.
Os desafios são grandes, desde o crescimento da comunidade nas Filipinas e no Burundi, dando um caráter mais internacional e pluricultural ao Instituto até a configuração cada vez maior de uma comunidade de presbíteros autênticos, transparentes e plenamente engajados nas grandes preocupações da Igreja segundo as linhas mestras do Vaticano II.
Gostaria de destacar as perspectivas relacionadas a Belmonte e conectadas com a visão da Igreja do Pe. Kentenich:
a) A descoberta, o discernimento, a promoção e a plena inserção dos carismas dos batizados, sobretudo daqueles laicais, na vida e na missão da Igreja segundo o modelo de Schoenstatt;
b) O aprofundamento do carisma de Schoenstatt em relação à Igreja e ao Concílio Vaticano II, para auxiliar o cumprimento da promessa feita pelo Pe. Kentenich a São Paulo VI, de que Schoenstatt se empenharia com todas as suas forças para a missão pós-conciliar da Igreja;
c) O esforço pela vida e o trabalho comum das comunidades de Schoenstatt no Centro Internacional de Belmonte, promovendo a presença de representantes da Obra das Famílias e dos demais Institutos e Uniões de Schoenstatt. Como pode-se ver, somente a parte que nos toca em Belmonte é bastante abrangente e desafiadora.
Em quantos países os Sacerdotes Diocesanos de seu Instituto estão presentes?
Hoje, a comunidade está presente em 20 países e seus membros, como presbíteros diocesanos, dedicam-se a muitas e variadas tarefas nas Dioceses. A maioria, naturalmente, exerce a função de pároco. Há muitos com missões pastorais especificas nas coordenações de pastoral, nos decanatos, em capelanias de hospitais e escolas, nas cúrias diocesanas e em tribunais eclesiásticos. Outros são engajados na formação, trabalhando em Seminários.
Estamos organizados em seis grandes regiões (o equivalente a uma Província na vida religiosa): Região Cofundadores (Alemanha, República Tcheca); Região Sudeste (Alemanha, Itália); Região Moriá (Alemanha, Escócia, Espanha, Kênia); Região Getsêmani (República Dominicana, Porto Rico e México); Região Nazaré (Burundi); Região Novo Belém (Países do Cone Sul). Cada região tem um Conselho Regional de três membros e um ecônomo. Tudo para servir e facilitar a vida comunitária e a formação permanente dos membros, em vista da sua identidade e atuação no mundo, bem como a missão do Instituto junto às Igrejas Particulares.
Em que os sacerdotes diocesanos se diferem dos Padres de Schoenstatt?
A diferença mais evidente é o fato de que os Padres de Schoenstatt são incardinados no seu próprio Instituto e respondem ao seu Superior Regional ou Geral, primariamente, portanto, a serviço do Instituto e, em última análise, do Movimento. Da nossa parte, somos incardinados numa Diocese concreta e respondemos a um Bispo Diocesano, no que diz respeito à vida ministerial e, contemporaneamente, a um Superior Regional ou Geral no que tange às tarefas do Instituto.
O Pe. Kentenich dizia que o Movimento repousa sobre os ombros dos presbíteros diocesanos. Ou seja, eles carregam Schoenstatt e o sustentam nas paróquias e outros ofícios onde estão. Teoricamente, eles podem fazer melhor a mediação nas tensões naturais entre a estrutura eclesial e o Movimento. O Movimento precisa dos padres diocesanos na Liga, na União e no Instituto, para poder inserir-se mais tranquilamente nas Dioceses.