Ir. M. Nilza P. da Silva – Neste Dia da Árvore, além de fortalecer nossa consciência pelo cuidado da natureza, queremos nos deter a um ensinamento de Jesus. Em mais de uma vez, Ele faz uma relação entre nossa vida e atuação e a árvore.
Jesus pede para sermos como as árvores frutíferas
“Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” (João 15, 16-18)
Poderíamos tomar frase por frase e aprofundar esse conteúdo. Mas, neste Dia da Árvore, vejamos a analogia que Jesus faz entre um apóstolo e a árvore frutífera. Sigamos o seu pensamento.
O que faz com que uma árvore produza frutos
Segundo especialistas, para produzir bons frutos uma árvore precisa estar arraigada em solo profundo e adequado, ter sol e sombra, ser regada e adubada regularmente, ter poda na hora certa e há árvores que só produzem frutos se estiverem plantadas junto a outras da mesma espécie.[1]
Diz o Pe. Kentenich: “Um horticultor não se contenta com uma árvore frutífera que desenvolve um tronco robusto, galhos frondosos e talvez chegue a florescer, mas não produza frutos. Assim também, sem nossa cooperação não há verdadeira santidade. É necessário defender, incrementar e cuidar que a vida divina produza frutos em nós. Jesus diz que ʽNem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Paiʼ (Mt 7,21)”[2]
O que é necessário para produzirmos frutos, como Jesus deseja?
Portanto, para que um cristão produza frutos, não basta ser enviado, fazer belos discursos ou textos interessantes. É necessário:
1. Estar arraigado em solo adequado, no próprio Cristo.
“Quem não estiver ligado a Ele não produzirá fruto. Decorre daí a importância daquelas duras palavras: ʽComo o ramo por si mesmo não pode produzir fruto se não permanecer unido à vide, assim também vós, se não permanecerdes em mim… Sem mim, nada podeis fazerʼ (Jo 15,4-5).”[3]
2. Ter períodos claros e escuros na sua vida, pois é na escuridão das provações que as raízes se aprofundam.
O Pai envia-lhe cruz e sofrimentos e “purifica” a videira “a fim de que produza frutos ainda mais abundantes. “Vendaval furioso açoita e sacode bruscamente os ramos e o tronco, até às raízes. Assim despertam-se as energias interiores da planta, que atuam, fortificando as raízes e fazem-nas penetrar mais profundamente o solo, até que o tronco e a copa da árvore sejam capazes de resistir vitoriosamente a todos os vendavais… Igualmente, as tormentas da alma tornam o ser humano mais profundo, espiritualmente mais forte e fecundo. Elas introduzem as raízes de sua alma mais profundamente em Deus. E estando firmemente enraizado nele, não haverá poder algum nesse mundo que o possa abater ou atirar ao solo.”[4]
3. Receber regularmente a água que purifica pelo sacramento da penitência e o alimento da graça pelos sacramentos e a oração.
“Precisamos aumentar a vida divina em nós, pelas boas obras e pela recepção dos santos sacramentos. Ela será tanto mais fecunda, quanto mais colaborarmos em atividades apostólicas, visando conduzir outros a esta plenitude da vida. Deus espera a nossa colaboração… Nele, ʽem Cristo Jesusʼ, estamos diante do Pai como unidade coesa. É ele quem constantemente comunica novo alimento a cada membro de seu Corpo Místico, sobretudo pelos sacramentos.”[5]
“Quem, pois, não permanecer em mim, será lançado fora como o ramo e secará, enfeixá-lo-ão e o lançarão ao fogo, onde arderá. Todo o ramo que não produz fruto em mim, Ele (o Pai) o cortará…” (Jo 15,6-2). Mas quem permanecer unido a Jesus “produzirá frutos em abundância”.
4. Deixar-se educar pelas outras pessoas e se auto educar, para superar as falhas e desvios.
“Sabemos por inúmeras experiências do que somos capazes, se Deus não nos sustentar com sua mão. São Paulo lamenta e confessa em nome de todos: ʽNão faço o bem que quero, mas pratico o mal que não queroʼ (Rm 7,19). ʽSinto em meus membros outra lei que se opõe à lei de meu espíritoʼ (Rm 7,23).
Atualmente o sadio sentido de pudor e de culpa foi banido de muitos círculos. Onde não há sentimento e consciência de culpa, não há necessidade de redenção, e não se tem necessidade do Redentor.”[6]
5. Permanecer unido a sua comunidade, ao seu ramo, seu grupo, à Igreja.
A Aliança de Amos nos mantém vinculados com Deus e com a comunidade. O verdadeiro amor natural também ama a Deus nas pessoas. Cultivar esse vínculo é amadurecer no amor e o amor é o sentido de nossa vida. Por isso, a importância de se auto educar, porque “a verdadeira caridade e a verdadeira comunidade só se tornam possíveis quando o indivíduo se sente e se comporta como personalidade.”[7]
O amor é a característica inconfundível do verdadeiro discípulo de Cristo, procura pensar com benevolência a respeito de todos…Tenta dialogar com todos. O que o Padre Faber, fundador do Oratório de Londres, diz da benevolência, pode aplicar-se perfeitamente ao amor: “A benevolência converteu mais pecadores do que o zelo apostólico, a eloquência, ou a doutrinação. Estas três qualidades nunca converteram pecador algum, se não estivessem acompanhadas pela benevolência.”[8]
Tem mais algo que podemos aprender?
Escreve nos comentários o que ainda podemos refletir nesse Dia da Árvore e nas palavras de Jesus, que citamos.
Que a Mãe de Deus, a grande jardineira de Deus, a partir de seu Santuário, nos ajude a sermos frutuosos para o Reino de Deus. Quando Jesus nos pede para sermos como as árvores frutíferas, certamente, ele tem sua Mãe em sua frente como modelo, a quem ele tanto ama e admira. Ela é a árvore bendita. Isabel, plena do Espírito Santo a saúda: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.” (Lc 1,42) Por isso rezamos: Bendito é o fruto do vosso ventre: Jesus.
Maria está presente em nosso Santuário para aliar-se conosco, ajudar-nos a vivermos como ramos enxertados em seu Filho divino. Nossos heróis e tantas pessoas santas que conhecemos, educados por ela, na espiritualidade de Schoenstatt, são frutos amadurecidos na Aliança de Amor.
Finalizamos com as palavras do Papa Francisco, na sua Carta Encíclica, Lautato Si, que nos chama a ter uma “relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza” e convida cada comunidade a tomar da bondade da terra aquilo de que necessita para a sua sobrevivência, mas tem também ao dever de proteger e garantir a continuidade da fertilidade de nossa terra para as gerações futuras. (67)
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[1] Várias referências sobre agricultura Ex. https://www.cpt.com.br/artigos/quer-plantar-frutas-em-seu-quintal-veja-como-preparar-o-solo / https://www.rigrantec.com.br/noticia/como-obter-frutos-saborosos-e-maiores/34
[2] Pe. José Kentenich, Santidade da Vida Diária, p. 29 (edição digitalizada)
[3] Pe. José Kentenich, Santidade da Vida Diária, p. 96
[4] Idem, p. 349
[5] Idem, p. 32 e 99
[6] Idem, p. 185
[7] Idem p. 425
[8] Idem p. 512