Ana Paula Paiva* – Celebramos, hoje, o Dia Mundial dos Pobres, uma celebração católica, comemorada no 33.º domingo do Tempo Comum desde 2017. Esse dia foi estabelecido pelo Papa Francisco em sua Carta Apostólica Misericordia et Misera, de 20 de novembro de 2016, para comemorar o fim do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
A tônica dessa lembrança nos deve ajudar a levar nosso olhar às pessoas mais necessitadas, que vivem em situação de vulnerabilidade, que sofrem com as mazelas do tempo, que passam por árduas necessidades.
Mover-nos em direção ao outro
A intenção é mover-nos. Em direção ao outro. Sair de nós mesmos e de nosso egoísmo, como o bom samaritano, e deixar de lado todas as diferenças (secundárias, sempre) para amar.
Não é, em hipótese alguma, o reconhecimento de uma categoria de ação política e revolucionária – para Deus e nossa Igreja, o pobre não é uma instrumentalização ideológica que deve servir à revolução (como no marxismo) ou uma classe de pessoas a ser espoliada (como no liberalismo individualista), mas sim a circunstância (pobreza) que permeia a vida de tantos, faz sofrer, e deve nos conduzir à caridade.
O Dia mundial do pobre não se trata de uma celebração ideológica, exatamente porque não trata o pobre como categoria política, mas nos convida a atuar contra a pobreza para resgatar a dignidade pessoal de cada um.
Em busca de uma nova sociedade
Como? Através, como diz nosso Fundador, Pe. José Kentenich, de uma busca sadia por fazer de nossa sociedade nova, pautada pelo Evangelho. Fazer uma nova sociedade exige de nós a vivência da Aliança de Amor, da cultura da aliança (e do encontro), de uma vinculação orgânica com o trabalho, com os outros e com Deus. Nada disso tem como pressuposto a utilização de manobras ideológicas: Deus nos pede que amemos, com toda a nossa força, a todos a quem encontrarmos – o próximo mais próximo – nossos funcionários, nossos prestadores de serviço, as pessoas que nos pedem ajuda.
Vale lembrar que, há séculos, a Igreja Católica é a mantenedora de centenas de instituições de caridade. São hospitais, orfanatos, creches, restaurantes populares, dormitórios, e etc, que prestam serviço desinteressado àqueles que não têm as necessidades básicas atendidas, sem os utilizar como estratégia discursiva, mas levados pela sabedoria do Evangelho, a reconhecer no outro o traço inafastável de Deus.
Transformar o mundo, a partir do mais próximo
Que possamos, na medida de nossas possibilidades, auxiliar essas iniciativas, conhecê-las, combatendo o bom combate e, desde nossa própria realidade, transformar nosso entorno em um lugar mais justo e cheio de Deus.
*Ana Paula e seu esposo Guilherme pertencem ao Instituto de Famílias de Schoenstatt