João Caetano Faro* – A XIV Reunião Anual de Dirigentes da CNBB, com o tema “Movimentos, Associações Laicais e Serviços Eclesiais na Igreja Sinodal”, se realizou de 25 a 27 de novembro de 2022, aconteceu, no Convento São Francisco, no centro da capital de São Paulo, sob a coordenação de Dom José Mário Scalon Angonese, Bispo de Uruguaiana-RS e referencial para este importante setor da Igreja no Brasil. Essas reuniões anuais têm o objetivo de celebrar e promover a unidade e a comunhão dos cristãos leigos na Igreja.
O corpo da Igreja tem muitos membros
O lema da reunião vem da Carta de Paulo aos Coríntios: “Na verdade, o Corpo não é feito de um membro apenas, mas de muitos” (I Cor 12,14) e retrata o que foi a reunião: o compartilhar das riquezas que existem nos muitos Movimentos, associações laicais e serviços eclesiais, no seio da Igreja, manifestadas nos diferentes carismas, a serviço da construção da unidade desejada pelo Senhor. Para essa unidade, todas as expressões de fé são válidas, justamente porque o centro do anúncio será sempre Jesus Cristo – Caminho, Verdade e Vida!
Após o difícil período que todos vivemos, em que as reuniões aconteceram apenas de forma virtual, em função da pandemia do coronavirus, todos puderam experimentar a alegria de estar novamente unidos de forma presencial. Apesar de nem todos os Movimentos e Associações terem enviado representantes, participaram 26 pessoas (sendo 4 de forma virtual) e o ambiente de fraternidade, abertura e partilha foi muito fecundo. Isso dá esperanças de que as próximas reuniões voltarão a contar com um maior número de fiéis leigos. A programação da reunião seguiu o método usado pela CNBB, há mais tempo: ver-julgar-agir. Todos os participantes puderam partilhar suas experiências, no que se refere aos desafios e luzes que a pandemia nos trouxe.
Olhar para a realidade
O momento “ver” foi conduzido por Dom José Mário, de forma muito clara, mostrando como o mundo – e a Igreja dentro dele – sofre com a rapidez trazida pelas diversas tecnologias, partindo de um século XIX que se caracterizou por ser linear, estável, previsível, a sociedade “sólida”, passando pelo século XX com o aumento da velocidade das informações, as guerras, rápidas mudanças de costume e outros fatores que trouxeram a sensação de aceleração da vida, para finalmente chegar ao século XXI que se mostra exponencial, instável, imprevisível, a chamada sociedade “líquida”.
Partilha sobre como estamos dentro dessa realidade
No segundo dia da reunião, fomos convidados ao momento do “julgar”, quando cada representante pode fazer a partilha da situação do seu Movimento, Associação ou Serviço diante dos desafios dos tempos que vivemos, sobretudo das novas realidades advindas com a pandemia.
O terceiro dia trouxe o momento do “agir”: os presentes puderam expor as experiências de cada comunidade, no enfrentamento das dificuldades levantadas nas discussões do dia anterior. O foco, sobretudo, foi no acolhimento do soprar do Espírito Santo que aponta caminhos. Um destaque é o despertar para uma Igreja Sinodal, onde aprendemos a caminhar juntos, uma Igreja de inclusão, de participação, de escuta, aberta para a necessidade de acolher o outro e ir ao encontro daqueles que se encontram nas periferias existenciais.
É dado destaque para os impulsos do Espírito Santo para esta Igreja, que se sabe portadora da mensagem de Cristo para um mundo confuso, que é conduzida visivelmente pelo Papa Francisco, que já em 2015 ensinava que o “caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio”.
Schoenstatt sob a perspectiva desse conteúdo
E nós, enquanto schoenstateanos, como estamos procurando escutar e atender à condução do Espírito Santo nestes tempos desafiadores? Não por coincidência, o que vimos e ouvimos, nessa XIV Reunião Anual de Dirigentes da CNBB, foi muito parecido com o que vivenciamos no último Congresso de Outubro, pelo menos no Regional Tabor Coração, do qual tivemos a alegria de poder participar. O Espírito Santo nos anima a caminhar juntos na construção de um mundo novo, que podemos chamar de Igreja das novas margens, como anunciado profeticamente pelo Pai-Fundador. Isso exige de nós a santidade do dia a dia, a consciência de missão, o deixar-se conduzir pela fé prática na Divina Providência, o viver em constante Aliança de Amor com o céu e com nossos irmãos. O tema da reunião remete também às demais riquezas que recebemos no nosso caminhar em Schoenstatt.
Destacamos que é cada vez mais necessário nos conscientizarmos de que somos uma parte da Igreja e não uma igreja à parte. Urge aprendermos a compartilhar, com nossas paróquias de origem e demais locais de atuação, as riquezas que recebemos no Santuário. Recordemos que somos um Movimento Apostólico. Portanto, chamados a levar tudo o que Deus nos oferece em Schoenstatt aos demais, como uma verdadeira Igreja em saída.
*João Caetano e Maria Inês Faro pertencem ao Instituto de Famílias de Schoenstatt e representam o Movimento A. de Schoenstatt no Conselho Nacional dos Leigos, na CNBB