Pe. Rafael Mota – O Terceiro Domingo do Advento é especial, porque nos dá um gostinho da Alegria do Natal.
Domingo Gaudete
De fato, ele é chamado Gaudete – traduzindo do Latim, ‘Alegra-te!’. Este imperativo surge como um pequeno alívio em meio aos esforços pessoais pela conversão, uma injeção de ânimo. Por isso, o Roxo, a cor litúrgica característica deste tempo, é substituído pelo Rosa, como se recebesse um pouquinho do branco que virá na Noite Feliz.
Já na Primeira Leitura, Isaías nos introduz a este espírito: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores […] Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo!” […] Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos; cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto”.
É a esperança de que o Salvador está cada vez mais próximo. A certeza de que ele pode restaurar aquilo que estava enfraquecido, debilitado, coxo, incapaz de ver, ouvir ou falar. Também o Líbano com seus cedros, o Monte Carmelo, o vale fértil do Saron – poderíamos dizer, os lugares de Aliança, este Santuários – terão novo esplendor, majestade e glória.
Neste sentido, o Salmo elenca diferentes necessitados, que se beneficiarão com a chegada do Senhor: O oprimido, o faminto, o cativo, o cego, o caído, o estrangeiro, a viúva e o órfão. É o momento para que o Justo se saiba amado pelo Senhor, enquanto que o mal terá seu caminho confundido. Com firmeza o salmista conclui: Ó Sião, o teu Deus reinará!
A vitória de Jesus é certa
Na Segunda Leitura, São Tiago sabe que a vinda do Senhor é certa. Ele é o Juiz que já está às portas, afirma. Por isso, nos exorta a permanecermos firmes, com os corações fortalecidos. A imagem que utiliza é a do agricultor, que aguarda a chuva na expectativa do precioso fruto da terra. Também nos aponta a firmeza dos profetas como modelo, porque não deixam de falar em nome do Senhor mesmo em meio ao sofrimento.
À propósito, no Evangelho, Jesus confirma a vocação profética de João: Ele é o mensageiro que vai à frente para preparar o caminho, o maior entre todos os homens e o menor no Reino dos Céus. João anunciou a chegada do Messias até as últimas consequências, estando agora na cadeia por isso. Seus discípulos, firmes em seu testemunho, agora se voltam para Jesus. Ou seja, João soube tornar-se prescindível, secundário. Sua profecia não foi egoísta, autocentrada, não estava voltado a si mesmo. Quem o escutou, terminou encontrando o verdadeiro Salvador.
“Os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados.” Esta é a mesma constatação da primeira leitura e do salmo. Tudo indica que Jesus realmente cumpre as expectativas de Israel, no entanto, alguns ainda não o percebem com tanta clareza. Os próprios discípulos de João, apesar de todos os sinais, têm dificuldade em reconhecer Jesus.
Feliz é aquele que se alegra com o Senhor
Isso também pode acontecer conosco! Muitas vezes nos acostumamos a viver excessivamente estimulados, cegos por nossas ideologias, idolatrias e falsas teofanias. Chegamos a estar exaustos depois de tantos gozes passageiros, resistentes à novidade, desanimados e tristes. De tal modo que, nos acostumamos a desviar nossos olhares para os que ‘vestem roupas finas e vivem em palácios’. Não se parece a nossa cultura de Reality Show, fofoca de famosos, seguimento e cancelamento?
Pensando na Alegria da noite de Natal, podemos meditar a pergunta de Jesus no Evangelho: O que fostes ver? O Filho de Deus vem para salvar a cada um, pessoalmente. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim, diz o Senhor. Poderíamos dizer, feliz aquele que se alegra com o Senhor.