Pe. Marcelo Cervi* – A solenidade da Epifania do Senhor, que muita gente conhece com o nome de “Dia de Reis”, nos recorda a história dos Magos do Oriente que foram em busca Jesus Menino. A Bíblia diz que eles chegaram a Jerusalém perguntando: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo” (Mt 2,2). O caminhar deles até Jesus foi guiado por uma estrela, como narra o evangelista São Mateus: “E eis que a estrela que tinham visto no céu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino” (Mt 2,9).
Maria é a estrela que conduz a Cristo e ele é o caminho que leva ao Pai
Os Magos, portanto, foram orientados por uma estrela no seu caminho em busca d’Aquele que é o Caminho que conduz ao Pai (cf. Jo 14,6). O episódio sugere que, segundo a Providência Divina, existem diferentes caminhos que levam a Cristo. Um deles – e certamente o mais fácil e seguro – é a Virgem Maria, como ensina São Luís Maria Grignon de Monfort no seu conhecido “Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria” (cf. n. 152).
Um devoto de Maria e mais, uma pessoa que se consagra a Ela, automaticamente é encaminhada a Jesus porque Maria sempre conduz a Cristo e nada retém para si daquilo que recebe. Todo amor, súplicas e orações oferecidos a Maria são imediatamente transferidos para Cristo já que, na pessoa de Maria, “tudo fala de Cristo, tudo se refere a Ele e tudo depende Dele” (cf. Papa Paulo VI, Marialis cultus, 25).
Também as belas palavras que a Igreja e os Santos dirigem a Maria “em nada diminuem a singularidade redentora de Cristo pois Ele é o único Redentor” (cf. Papa Francisco, Catequese, 24.03.2021).
Na Aliança de Amor, Maria nos insere em seu maior interesse: Cristo
Essa centralidade de Cristo na pessoa de Maria explicada pelos Papas é doutrina da Igreja, ensinada pelo Concílio Vaticano II ao dizer que Maria “consagrou-se totalmente como Serva do Senhor à pessoa e à obra do Seu Filho, servindo sob Ele e com Ele, por graça de Deus, ao mistério da Redenção” (cf. LG 56)
A Aliança de Amor conforme a espiritualidade de Schoenstatt é uma forma reconhecida pela Igreja de entregar-se inteiramente a Maria no estilo da chamada “consagração a Nossa Senhora”. A pessoa que sela a Aliança de Amor (chamada de “contraente”) se compromete com Maria e assume os interesses de Maria como seus, da mesma maneira que, na especificidade de uma aliança mútua, Maria se compromete com o contraente e faz próprio Dela os seus interesses.
Entre os interesses de Maria, o mais precioso é Cristo e os valores que Cristo nos apresenta, condensados no Evangelho. Por isso, sem nenhum medo, podemos afirmar que a Aliança de Amor é caminho seguro que conduz a Cristo.
Ela nos mostra Jesus
É normal que algumas pessoas sintam uma espécie de receio de fazer uma aliança com Maria, tal como a realizamos em Schoenstatt. Alguns, inclusive, criticam o nosso amor a Nossa Senhora, que lhes parece exagerado. Sem contar alguns irmãos de outras denominações religiosas que insistem em chamar de idolatria aquilo que é unicamente amor a uma Mãe que tudo transfere ao Filho. A todos esses, dizemos: não tenham medo de selar a Aliança pois, como vimos, tudo o que damos a Maria, sobretudo o nosso amor mais apaixonado, é imediatamente direcionado a Cristo.
Prova disso é que Maria sempre nos mostra Jesus e sempre O coloca como principal, apresentando-O para a adoração humana, como atesta o mesmo texto bíblico citado logo acima: “Ao entrar na casa, (os Magos), viram o Menino com Maria, sua Mãe, e prostrando-se o adoraram.” (Mt 2,12).
* Pe. Marcelo Cervi pertence ao Instituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt, é Reitor do Santuário Matri Ecclesiae (Belmonte) e do Centro Internacional de Schoenstatt de Roma