No domingo passado, iniciamos um série de reflexões para a Quaresma a partir do livro Cristo Minha Vida, uma coletânea de textos do Pe. José Kentenich.
O texto da primeira meditação apontava que Cristo é a força e a meta de nossas vidas. Hoje, 2º Domingo da Quaresma, queremos refletir sobre como isso acontece na prática, no cotidiano. A seguir, confira os trechos selecionados do texto:
Intimidade com Cristo do santo do dia-a-dia
[…] Em todas as situações de nossa vida espiritual, mesmo quando estamos diante do Deus Trino, do Deus espiritual, devemos manter a vinculação a Cristo, o Homem-Deus. Sim, podemos dizer que o Homem-Deus está sempre no centro da luta e da aspiração e do amor do santo do dia-a-dia. Está no centro dos seus pensamentos, do seu coração e da sua vida.
Cristo está no centro de seus pensamentos
1. Cristo está no centro dos seus pensamentos. O Homem-Deus é o grande pensamento do santo do dia a dia. Por isso gosta de pesquisar a Sagrada Escritura, quer tenha à mão uma edição da Bíblia, quer na liturgia, pois no centro da Sagrada Escritura está sempre a grande personalidade do Homem-Deus.
Quando o amor ao Homem-Deus se tornou grande, para o santo do dia-a-dia é algo evidente, mesmo quando se dedica ao cultivo de uma virtude, procurar em primeiro lugar a pessoa do Homem-Deus. Quer saber como o Homem-Deus praticou essa virtude. Cristo é o pensamento de sua vida. Tudo está unido a Ele, ligado a Ele. Mesmo quando lê outros livros e escritos; com o tempo compreende as palavras que São Bernardo certa vez escreveu: “Jesum quaerere in libris!” – Buscar Jesus nos livros. Procura-se o Homem-Deus em toda a parte. Assim acontece com a alma que é cativada por Ele. Ela é uma “vincta Christi” uma cativa de Cristo. Assim deve ser.
Quando a santidade do dia-a-dia se orienta totalmente em Maria, então tudo está ligado e preso à pessoa da querida Mãe de Deus. E, em virtude de sua atitude e vinculação, quer conduzir-nos a Cristo, o Homem-Deus. […]
Cristo é o centro de seu coração
2. Se Cristo é o centro dos nossos pensamentos, deve tornar-se também o centro do nosso coração. Toda a nossa capacidade de amar deve estar unida a Ele. O que falamos do Deus vivo, espiritual, deve ser aplicado à pessoa do Homem-Deus. Portanto, a Ele deve pertencer o meu amor filial, o meu amor esponsal, o meu amor fraternal e o meu amor maternal. Aí está Ele numa grandeza transcendente. Ele é o centro do meu coração, e a Ele me uno totalmente.
Lacordaire disse certa vez: depois que experimentei o amor do Homem-Deus, qualquer outro amor é um peso, todo o amor puramente humano desaparece diante da grandeza desta personalidade amorosa. Não deveria acontecer comigo a mesma coisa? O amor a Cristo não deveria ser a característica da minha luta, do meu amor, da minha aspiração pessoal?
E quando projetarem uma linha na vida de Jesus, no que toca à sua vida afetiva perguntarão: o que Ele fez a partir de sua vinculação aos homens para provar-me o seu amor? Santo Tomás, a seu modo, resumindo disse: “Ele, o ‘Verbum Divinum’, fez-se homem. Tornou-se nosso companheiro de viagem, assumiu a natureza humana. O que há de grande e elevado no fato de Ele ter assumido minha pobre natureza, é que eu devo, através da união com Ele, mais e mais tomar-me participante de sua natureza transfigurada! Ele quer ter um rosto humano por toda a eternidade.” […]
Cristo é o centro da nossa vida
3. Ele é também o centro da nossa vida. Caminhamos um ao lado do outro, de mãos dadas. Ele é o centro da nossa vida. Nas grandes e pequenas questões orientamo-nos por sua vida. E mesmo quando vemos a Mãe de Deus como reflexo de sua vida, sabemos que, em última análise, Ela é a encarnação feminina de Cristo. Assim, sabemos como aproximadamente se caracteriza o amor a Cristo, a vinculação a Cristo, a intimidade com Cristo do santo do dia-a-dia.
FONTE:
KENTENICH, J. Cristo Minha Vida. São Paulo: Instituto Secular Padres de Schoenstatt, 1997.