Ir. M. Nilza P. da Silva – A primeira revista editada pelo Pe. José Kentenich, nosso Pai e Fundador, faz aniversário hoje. Sua primeira edição é de 5 de março de 1916. Vamos conhecer um pouco mais sobre nosso Pai como editor.
A Revista MTA
1. A linha editorial
A Revista MTA nasceu com a meta de circular a vida entre os Congregados, narrando seus testemunhos, e tinha em nosso Pai um editor responsável. Com o avanço da Guerra, a situação nos campos de batalha ia ficando cada vez pior. Nosso Pai mesmo diz: “Para a revista MTA’ já não chegavam cartas do dia a dia da guerra que se pudessem publicar. A situação exigia uma reorientação, por isso tentei interpretar os sinais dos tempos na ‘MTA’. Qual foi, afinal, nossa ideia diretriz desde 1914? Como fomos conduzidos? Em 1919 eu tinha a certeza de que Maria aceitara nossa proposta, então publiquei a primeira parte central da palestra (do Documento de Fundação) sob o título “Olhar ao alto”. A continuação do contato mútuo, entretanto, só era possível através da ‘MTA’ que se divulgava por toda a parte.”[1]
É importante lembrar também que nos três anos em que o próprio Pe. Kentenich foi editor do MTA, ele não o usou apenas como um intercâmbio de vida entre os schoenstattianos, mas, ela era, ao mesmo tempo, uma autêntica documentação dos eventos e uma fonte de pesquisa científica sobre a pedagogia e o sistema de educação que o Fundador tinha em mente.[2]
João Pelzer, jesuíta, é um dos leitores da MTA e testemunha: “O que falta ao estudante nas grandes cidades encontra-o ele na revista ‘Mater Ter Admirabilis’… Encontra-se na MTA uma verdadeira e terna devoção a Maria, mais bela que em qualquer outro lugar… Uma hora como a que passei no Santuário, não tive nem durante o retiro. Ainda hoje vivo daquela impressão… Pena que eu não seja palotino e creio que nunca o serei, pois meu coração já pertence aos filhos de Santo Inácio. Entretanto, sinto-me espiritualmente unido aos estudantes de Schoenstatt”[3].
2. Público alcançado
Vamos ler o que nos conta o Pe. Monnerjahn sobre a revista MTA: “Dentro de poucos meses, esta revista alcançou uma divulgação extraordinária. Os primeiros números foram impressos em litografia[4]… 200 exemplares. Em meados de agosto… foi aumentada para 300. Em fins de agosto, a edição passou para 400… em fins de novembro a 600… em março de 1917… 1000 exemplares. Deve-se notar que a revista não era uma leitura amena, superficial, mas exigia a colaboração e o esforço mental de seus leitores… em dezembro de 1917, subiu para 2000[5]”
No início de 1918, a revista saiu além das fronteiras da Alemanha e se tornou o material de formação para os congregados marianos militares da Holanda. Ela atingiu um público ainda além dos congregados e por meio dela muitos conheciam o Movimento de Schoenstatt e passaram a fazer parte da Obra, ingressando em seus diversos grupos. A revista foi usada como fonte de informação e pesquisa para palestras para associações juvenis e pelo professor universitário de Bonn, Arnoldo Rademacher.[6]
É importante lembrar que as primeiras edições dessa revista eram quinzenais. Somente após um ano ela começou a ser mensal. O número de páginas da revista era fixo e nosso Pai era o seu editor responsável até a Revista nº 10, ou seja, a edição de 15 de dezembro de 1918.
Mas, ele precisou pedir ajuda. “Padre Kentenich estava tão ocupado que um dos dirigentes em Schoenstatt escreveu a José Fischer: ‘Admiro-me como ele conseguiu até agora carregar a direção de duas congregações, o cargo de Diretor Espiritual, a edição da revista e a vasta correspondência com os estudantes que estão fora. Não é pouca coisa!’”[7]
Com isso entendemos porque a partir de 15 de janeiro de 1919, Pe. Lucas assumiu a revista, por 2 anos, embora nosso Pai continuasse como Editor Chefe. Em 1922 ele passou essa responsabilidade para outra pessoa. Assumiram a revista: Pe. Kaufmann, Pe. Muhlbeyer e Pe. Kastner.
Até 1935, a MTA era a principal revista de todos os ramos e comunidades da Obra de Schoenstatt. Nesse ano (1935) ela parou de ser publicada, devido às dificuldades com o governo nazista.
3. Ele fez dos desafios uma oportunidade
Se a MTA tinha êxito em ambientes externos, “a própria comunidade palotina em Limburgo proibia seus noviços de lerem a revista.”[8] Não lemos nenhuma reclamação do Pe. Kentenich sobre isso. Ele tem clareza sobre as críticas que lhe fazem e busca soluções. Já em 1916, Pe. Kentenich escreve numa carta a Jose Fischer: “À luz do desenvolvimento da situação, a nossa Mãe pede-nos agora uma propaganda silenciosa e prudente da nossa revista. Apenas pessoas que partilhem realmente o nosso espírito, devem estar na lista para a receber – uma elite. Dar-me-ei por satisfeito se até ao próximo outono se tiver ganhado um ou outro. Por agora estou a pensar se não deveríamos criar um fundo para esse fim… Qual é a tua opinião?[9]
Seu empenho teve resultado. “A resistência foi enfraquecendo e, no início de agosto de 1918, o superior geral comunicou ao Reitor em Schoenstatt que o envio da ‘MTA’ aos noviços e estudantes estava novamente autorizado… a revista tornou-se um verdadeiro subsídio espiritual e moral e um valioso instrumento apostólico.”[10]
4. A finança da Revista MTA
O investimento na revista MTA exigiu de nosso Pai uma fé e confiança heróica. Sobre o início da revista, nosso Pai fala: “Muitas vezes se pergunta quais foram os milagres que aconteceram aqui neste lugar. Eu poderia citar muitos milagres… recordamos com quanta ousadia empreendemos muitas obras, embora não faltassem problemas financeiros. A recordação mais viva é provavelmente a fundação de nossa revista MTA. Foi imprudência juvenil ou confiança sobrenatural que nos levou a chamar à vida o projeto, em si dispendioso, com 57 centavos no bolso? ‘Assim como era no princípio, assim seja por toda a eternidade’.”[11]
É a Revista MTA que atrai muitos para Schoenstatt. Não somente os soldados, mas, também as mulheres. “A partir de maio de 1917, a Sra. Studert colabora financeiramente para a revista MTA e pede que se escreva seu nome no livro que fica no Santuário em Schoenstatt. Essa senhora mantém contato constante, para esse fim, com o Pe. Schneider.”[12]
Nunca foi fácil manter a Revista. Ela era mantida, portanto, por assinantes, por iniciativas para arrecadar fundos e por benfeitores.
Ontem foi ele, hoje é você e sou eu. Somos tua voz! Queremos comunicar para ajudar a transfigurar a história. O conteúdo da Revista MTA entrou nos ambientes mais baixos e imorais, como é um campo de batalhas, e despertou o herói e o mais elevado que havia dentro de seus leitores. “Vosso Fundador pintou continuamente a imagem de Maria nos corações,” disse o Cardeal Rylko, na abertura do ano centenário em Schoenstatt.
O conteúdo que nossos primeiros liam os ajudou a amar e a ser Maria, a fortalecer vínculos, eles foram conduzidos ao Santuário. Com sua e nossa revista MTA nosso Pai formou personalidades livres, que aprenderam a amar, e fez crescer o espirito de família.
Biografia:
[1] Schlickmann, Dorthea. M. Pe. José Kentenich: Uma vida à beira do vulcão
[2] Hug, Heinrich, Vergangenheit einholen
[3] Escrito em 28/06/1916 in Heroi de duas espadas, Olivo Cesca
[4] A Litografia foi usada extensivamente nos primórdios da imprensa moderna no século XIX para impressão de toda sorte de documentos, rótulos, cartazes, mapas, jornais, dentre outros. (Wikipedia)
[5] A litografia já não abrangia mais o número de impressos e a revista passou para gráficas maiores em Vallendar e depois em Koblenz
[6] Cfr. Monnerjahn. Engelbert, P. José Kentenich Uma vida pela Igreja, p. 66 Ed Pallotti
[7] Schlickmann, Dorthea. M. Pe. José Kentenich: Uma vida à beira do vulcão
[8] Schlickmann, Dorthea. M. Pe. José Kentenich: Uma vida à beira do vulcão
[9] Kästner Ferdinand P.S.M. Sob a proteção de Maria
[10] Schlickmann, Dorthea. M. Pe. José Kentenich: Uma vida à beira do vulcão
[11] Kentenich. Pe. José, Homilia de 19 de março de 1950 – citado em material interno das Irmãs de Maria
[12] Hug, Vergangenheit einholen, Bd. 3, S. 106 f.