Flávia C. Ghelardi* – Neste artigo, continuaremos o estudo do capítulo VII da Amoris Laetitia, que trata da educação dos filhos.
O valor da sanção como estímulo
Toda criança precisa aprender que suas ações têm consequências. Caso tenha agido mal, precisa pedir desculpas, se colocando no lugar do outro e enxergando o mal que fez. “A correção é um estímulo quando, ao mesmo tempo, se apreciam e reconhecem os esforços e quando o filho descobre que os seus pais conservam viva uma paciente confiança” (AL 269). É muito importante que os pais não se deixem levar pela ira na hora de corrigir o filho.
O Papa ensina que a disciplina precisa ter um equilíbrio, para não mutilar os desejos e os impulsos da criança, mas também não pode ser muito permissiva, satisfazendo todos os seus desejos. Ela deve ser um limite construtivo, um caminho seguro onde a criança possa se desenvolver sadiamente, aprendendo o que se deve ou não fazer quando se vive em sociedade.
Realismo paciente
Na educação moral, é preciso entender a realidade de cada criança ou jovem, para não exigir mais do que eles são capazes de praticar. “Quando se propõe os valores, é preciso fazê-lo pouco a pouco, avançar de maneira diferente segundo a idade e as possibilidades concretas das pessoas, sem pretender aplicar metodologias rígidas e imutáveis. A psicologia e as ciências da educação, com suas valiosas contribuições, mostram que é necessário um processo gradual para se conseguir mudanças de comportamento e também que a liberdade precisa de ser orientada e estimulada, porque, abandonando-a a si mesma, não se garante a sua maturação.” (AL 273)
É importante mostrar sempre o lado positivo daquele ensinamento e deixar claro as razões pelas quais se pede determinado comportamento. Tudo o que a Igreja ensina e orienta é para o bem de cada ser humano e para a sua plena realização como pessoa e como filho de Deus.
A vida familiar como contexto educativo
“A família é a primeira escola dos valores humanos, onde se aprende o bom uso da liberdade”.(AL 274) Muitas pessoas levam para a vida toda o que aprendeu durante a infância. É na família também que se deve aprender a discernir as mensagens que recebemos diariamente através dos meios de comunicação.
Neste tópico, o Santo Padre ressalta a importância fundamental para o tempo atual tão cheio de ansiedade e progressos tecnológicos, de educar para a capacidade de esperar. Atualmente temos a impressão de que tudo precisa ser instantâneo, na velocidade de um click, e principalmente os mais jovens precisam aprender, na família, a retardar a satisfação de seus desejos. Caso contrário, crescerão como pessoas prepotentes que exigem que tudo se faça no momento em que desejam.
Saber esperar com paciência ajuda a pessoa a ser livre. “Quando se educa para aprender a adiar algumas coisas e esperar o momento oportuno, ensina-se o que significa ser senhor de si mesmo, autônomo face aos seus próprios impulsos”. (AL 275)
É na família que se deve aprender a viver em comunidade, onde se aprende a relacionar-se com o outro, a escutar, partilhar, suportar, respeitar, ajudar, conviver. É onde se aprender a lutar contar o egoísmo se conscientizando da existência do outro e de suas necessidades, e, consequentemente, se aprende a amar.
No ambiente familiar, é possível também repensar os hábitos de consumo, cuidando juntos da casa comum (…) De igual modo, podem ser muito educativos os momentos difíceis e duros da vida familiar.(AL 277)
O Papa Francisco ressalta a importância de saber lidar com a tecnologia, para que ela não roube o tempo entre pais e filhos. A tecnologia pode ajudar a diminuir as distâncias e manter o contato entre familiares que moram longe, mas é preciso muito cuidado para que esses meios não atrapalhem a convivência familiar, principalmente na hora das refeições. Ele ressalta o perigo do “autismo tecnológico” que “expõe-nos mais facilmente às manipulações daqueles que procuram entrar na sua intimidade com interesses egoístas.” (AL 278)
É destacado ainda a importância da comunidade para a educação dos filhos, principalmente através das escolas católicas. “As escolas católicas deveriam ser incentivadas na sua missão de ajudar os alunos a crescer como adultos maduros que podem ver o mundo através do olhar de amor de Jesus e compreender a vida como uma chamada para servir a Deus. Para isso deve-se afirmar resolutamente a liberdade da Igreja ensinar a própria doutrina e o direito à objeção de consciência por parte dos educadores.” (AL 279)
No próximo artigo trataremos da última parte desse capítulo sobre a educação dos filhos.
Este artigo faz parte da série de artigos que sintetizam a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia do Santo Padre, o Papa Francisco
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt
Textos maravilhosos e de fácil conscientização.
Seus usos faz bem a todos família.
Obrigada