Torna-se cada vez mais raro encontrar pessoas que conviveram com o Pe. José Kentenich. Por isso, também, ainda mais valioso quando essa pessoa está lúcida e partilha suas lembranças. Ir. M. Eileen Johannsen é uma dessas preciosidades. Aos 86 anos de vida, no início deste ano, ela percorreu a Alemanha, Áustria, Hungria e Suiça, partilhando a graça que Deus lhe concedeu, de conviver com o Fundador. Ir. M. Eileen nasceu em Milwaukee, nos EUA, seu pai era imigrante alemão e sua mãe, natural dos EUA. Aos 16 anos, a Irmã conheceu o Pe. Kentenich.
Que impressão teve do Pe. Kentenich quando o conheceu, sendo uma adolescente de 16 anos?
Em primeiro lugar, é importante dizer que fui vê-lo, para pedir sua orientação sobre minha vocação, sabendo que ele não falava inglês e nem eu falava o alemão. (Pe. Kentenich aprendeu o inglês mais tarde, pois, na época desse encontro, ele estava morando há pouco tempo nos Estados Unidos). Sua secretária teve que traduzir e isso me deixou desconfortável. Mas, o meu pároco, Pe. Joseph Haas, que era palotino, disse que o Pe. Kentenich era uma pessoa com muita experiência em orientação vocacional. Por isso, eu queria visitá-lo pelo menos uma vez.
Quando fui vê-lo, ele foi muito gentil e compreensivo, interessou-se por minhas atividades diárias e conversamos sem dificuldades. Logo eu me senti à vontade. Então, em 1953, depois das aulas, eu ia visitá-lo, porque a casa dos palotinos ficava no caminho entre minha casa e a escola. Ele me perguntava e eu lhe contava tudo sobre o meu dia a dia: minha família, coisas da escola, meus interesses e amigos, meu gosto por viagens e aventuras. Ele se interessava por tudo e eu sentia que ele estava me conhecendo cada vez mais. Mas, demorou meses, até que eu lhe fizesse a grande pergunta sobre minha vocação. Ele respeitou os meus tempos e nunca me impôs nada. Sou grata por isso.
Como Irmã de Maria, se pode viver sozinha ou em comunidade, conforme a tarefa. No seu caso, a senhora mora sozinha, há mais de 60 anos como “externa”. Como o Pe. Kentenich a preparou para isso?
O Pe. Kentenich queria ajudar as pessoas a não se deixarem simplesmente se arrastar para o meio da vida moderna, mas a decidir-se pessoalmente, a partir das próprias convicções. Eu via que a vida estava em um fluxo contínuo. O que hoje estava certo em uma situação, poderia estar errado em outra. Por isso, ele acentuou o valor da personalidade livre, capaz de tomar as próprias decisões. Ele, simplesmente, me ensinou a tomar decisões a partir de princípios claros. Eu sempre tive que me questionar: por que estou fazendo isso? Quais são os prós e os contras? Isso fazia com que a decisão fosse tomada com maior serenidade, evitando tomá-la com base em meras emoções.
Normalmente, primeiro, ele me perguntava sobre os princípios que serviriam como ponto de partida para a reflexão sobre o problema. Então, nós conversamos sobre o assunto. Ele sempre respeitava minha liberdade de querer tentar a solução que eu encontrava e eu me sentia livre para isso. O fato de ter o seu apoio me incentivou a assumir riscos.
O que mais a impressionou na personalidade do Pe. Kentenich?
O seu equilíbrio e a paz interior. Nele a paz brotava da certeza inabalável de que, aconteça o que acontecer, sua vida estava protegida nas mãos de um Deus amoroso. Foi exatamente assim que vivemos durante os anos de exílio, nos quais foram cometidas grandes injustiças contra ele. Contavam mentiras ou tomavam medidas contra ele e a Família de Schoenstatt tendo com base informações falsas. Seu apoio estava no contínuo relacionamento de amor com Deus. Por meio da sua atividade e das suas palavras, a gente encontrava uma paz profunda.
Como a senhora experimentou isso?
Quando estava em sua presença, jamais houve um minuto sequer sem que eu experimentasse esse encontro com Deus e seus efeitos. O encontro com ele levava a gente, diretamente, para outra realidade. Muitas vezes, minhas dúvidas e problemas eram resolvidos espontaneamente, sem que eu os tivesse falado, só porque eu estava perto dele. Por meio de sua atitude, suas palavras, sua íntima comunicação com o Pai Celestial se irradiava para mim. Quando eu estava junto dele, me sentia integrada na harmonia e no equilíbrio que se irradiava dele e que me parecia ordenar todas as coisas de modo correto. Vivo essa experiência de paz, que ele irradiava, como uma poderosa força na minha educação.
E como ele era como ser humano?
Eu o experimentei como um homem verdadeiramente humano, até nas menores coisas. Dele se irradiava uma sinceridade, uma bondade, uma compaixão, uma alegria de viver que nos atraía. Podia-se falar com ele sobre todos os temas. Ele era uma pessoa que amava de todo o coração, que tinha um interesse genuíno até pelas mínimas necessidades das pessoas que vinham vê-lo. Ele vivia na altura, em perpétuo e íntimo diálogo com Deus, com a Mãe de Deus. Ele sabia que era ela e não ele quem tinha que fazer o que era necessário nos corações.
Pode dar-nos algum exemplo?
Uma vez, depois de ter tentado, muito tempo, ajudar uma pessoa, ele nos disse: “Agora não posso fazer mais nada. Temos que pedir ao nosso Pai do Céu que, se estiver em seu plano, cuide do que virá”. Seu principal desejo era descobrir o plano de Deus para a pessoa específica e ajudá-la a se desenvolver de acordo com esse plano.
Pode dizer-nos algo do Pe. Kentenich como responsável pela comunidade de língua alemã, em Milwaukee?
Foi um trabalho ao qual ele se dedicou com muito carinho e entusiasmo. Todas as tardes, ele reservava um tempo para os membros de sua comunidade paroquial. Eles simplesmente podiam ir até ele para conversar sobre assuntos pessoais ou paroquiais. Os pais de família iam a ele, para falar sobre a educação dos seus filhos e os filhos iam para falar sobre os seus pais. O Pe. Kentenich escutava a todos e os acolhia em seu coração. Queria ajudar todos em seu desenvolvimento como pessoas.
Por exemplo, uma mãe mandou seu filho até ele, porque ele se comportou muito mal na família. Ela queria que o Pe. Kentenich falasse muito sério com ele. Em vez disso, o Pe. Kentenich perguntou-lhe: “O que você quer ser quando crescer?” “Arquiteto”, respondeu o menino com orgulho. Ao que o Pe. Kentenich respondeu: “Um dia serás um grande arquiteto. Mas, primeiro tens que construir sua casa interior.” Essas palavras foram suficientes. Encontraram o desejo do menino, que mudou positivamente seu comportamento e chegou a ser também um grande arquiteto.
Fonte: schoenstatt.com
Sou grata sobre a vida do padre José k.sou consagrada a mãe rainha,e tenho grande admiração pelo nosso pai espiritual, que um dia chegue a honra dos altares
Nosso Pai Fundador já nasceu com a Graça santificante aflorada. Em breve terá a honra dos altares, a pesar de que para nós já é santo.