Neste 5º Domingo da Quaresma, finalizamos as reflexões retiradas do livro Cristo Minha Vida, uma coletânea de textos do Pe. José Kentenich. Para encerrar essa série de meditações, vamos refletir sobre a participação na Paixão de Cristo, a partir da Santa Missa. O texto foi reproduzido como está no livro, com exceção dos subtítulos, que foram acrescentados para facilitar a leitura.
Participamos da Paixão de Jesus
“Através do santo Batismo, assim nos dizem os teólogos, participamos, sem exceção, todos juntos, e segundo o ser, da vida de Jesus, tanto da paixão como da vida transfigurada de Jesus. “Senhor, queres morrer de novo…, procuras também com propostas de amor, os herdeiros da transfiguração?” (Rumo ao Céu, estrofe 620).
Portanto, participamos da paixão de Jesus. E Jesus deseja, no decorrer da história, continuar a sofrer. Ele quer viver mais uma vez em nós, seus membros, sua vida sofredora. Penso em meu sofrimento, penso no sofrimento dos meus filhos, dos meus pais, dos meus entes queridos – atrás de tudo vemos: Jesus quer sofrer mais uma vez. (…)
Cada Santa Missa tem a finalidade de renovar e aprofundar esta participação na paixão, mas também na vida transfigurada de Jesus. Por isso a Santa Missa deveria – como sempre ensinamos na Família, como sempre nos esforçamos por fazer – deveria ser pura e simplesmente o ponto central, o ponto de encontro, o ponto alto e o ponto de partida de toda a nossa vida prática, do nosso dia-a-dia. “Senhor, queres morrer novamente…, procuras também, com propostas de amor, herdeiros da transfiguração? Eis aqui a tua grei, dos pequenos e dos puros, une-os benignamente a ti e manifesta-te outra vez ao mundo (Rumo ao Céu, estrofes 620 e 621). E de que modo? Neles podes sofrer novamente, mas neles tambem, mais uma vez te entregar, neles novamente fazer a experiência dos “herdeiros da transfiguração”.
Unir-nos ao crucificado
Aqui temos a base do que hoje desejo dizer. Porém, com isso, ao mesmo tempo tocamos uma parte essencial da dogmática paulina, da teologia paulina. Com isso tocamos também, com um só golpe, no grande mundo que a Constituição Litúrgica do Concílio quer novamente abrir a nós. Do que se trata agora de modo especial? E verdade, nós, especialmente nós, mais velhos, que aprendemos de nossos pais, de nossos avós, sabemos que, na Santa Missa, Jesus mais uma vez desce do céu ao altar para aqui tornar presente sua paixão. Para isso, São Paulo usa uma expressão: “Todas as vezes que vós…” Todas as vezes que comungais, todas as vezes que participais da Santa Missa, portanto, todas as vezes que estais presentes quando o sacrifício da cruz se realiza sobre o altar, tantas vezes deveis também anunciar a morte do Senhor (cf. ICor 11,26). O que significa “anunciar a morte do Senhor?”
Significa duas coisas: primeiro, durante a Santa Missa recordamos a paixão e morte de Jesus. Porém, anunciar a morte do Senhor significa também – Ele quer unir-se a nós – unir-nos ao Crucificado. Devemos, durante a Santa Missa e através da Santa Missa, sentir-nos estimulados agora a subir com Ele novamente até à cruz e com Ele deixar-nos crucificar. E Ele quer, mais uma vez, tornar a viver em nós toda a sua vida de sofrimentos. Portanto, todas as vezes que participarmos da Santa Missa devemos esforçar-nos por subir com Ele até à cruz.
Mas São Paulo quer gravar em nós uma outra expressão, que tem um significado especial em seu vocabulário: “Quotidie morior” (ICor 15,31: Morro todos os dias). Aplicando à nossa situação, devemos, nós, que queremos ser dedicados de modo especial, nós, que para a glória do Pai queremos assumir Jesus em nós, queremos também morrer todos os dias. Ele deve viver em nós, Ele deve sofrer em nós. E evidente, na prática isso quer dizer: na Santa Missa subimos até o alto da cruz, não para, logo após a Santa Missa, dela descer. “Quotidie morior.” Dia após dia, faço com que Jesus durante as vinte e quatro horas viva novamente em mim sua vida de cruz.
FONTE:
KENTENICH, J. Cristo Minha Vida. São Paulo: Instituto Secular Padres de Schoenstatt, 1997.