Desde o ano 2000, durante o Fórum Mundial de Educação, organizado pela ONU, em Dakar, Senegal, o dia 28 de abril é escolhido como Dia da Educação. Esse Fórum tinha como o objetivo estabelecer o compromisso dos 180 países presentes de levar a educação básica e secundária a todas as crianças e jovens do mundo até o ano de 2030.
Pois bem, aproveitamos esse dia para refletir sobre o tema: A família na escola. Como garantir o bem-estar, segurança e qualidade da educação dos seus filhos? Convidamos a Thainá Belo, Pedagoga especializada em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional, que reside em Recife, para nos falar sobre o tema:
Thainá Belo – Uma vez chegada a fase escolar da criança, começam as preocupações: o que será realmente importante na hora de escolher a escola para os nossos filhos? São tantas as opções, propagandas e promessas de um ensino inovador. Mas, não para por aí o nosso trabalho.
Diante desse desafio, podemos nos deparar ainda com duas realidades distintas; a primeira é não ter a opção de escolher a escola dos sonhos e optar pela “melhor possível”, seja por questões financeiras, de mobilidade ou por não se encaixar na rotina familiar. Na segunda, é possível escolher qualquer uma, mas, ainda assim, se você estiver atento(a), perceberá que isso não é garantia de um ensino de qualidade.
Portanto, uma vez escolhida a escola, será que já podemos descansar tranquilos e esperar “que ela faça o seu trabalho”? Na realidade, não. Mas, é bom que seja assim, afinal, a escola é uma instituição viva, formada por pessoas e para pessoas, exigindo, por isso, que façamos parte desse organismo vivo, a fim de que funcione da forma desejada. A partir disso, fica claro que sua participação na educação dos seus filhos, não se restringe a matricular em uma boa escola, ajudar no dever de casa e pagar o reforço escolar no contraturno. É necessário ir além disso. A família deve ser parte ativa e atuante dentro do contexto escolar. Isso é possível quando assumimos o protagonismo na educação dos filhos.
Conheça alguns quesitos fundamentais, que uma mãe e um pai protagonista devem prestar atenção para garantir o bem-estar e sucesso escolar dos filhos:
Contexto Acadêmico
Currículo
A base curricular seguida pela escola precisa ser adequada à idade e série do aluno, tomando cuidado para que seja bem aprofundado. É importante também, explorar o material didático (apostilas, livros) adotados, para conhecer como os conteúdos são abordados, se os exercícios são bem elaborados, que tipo de obras literárias são lidas e qual a mensagem passada por elas.
Metodologia de ensino
Há diversas abordagens, hoje em dia, além da tradicional, como a construtivista, humanista, comportamental, sociocultural. Cada uma tem um modelo de ensino inspirado em algum(a) pesquisador(a) da educação e traz sua filosofia, método e objetivos. Enquanto mãe e pai, não é preciso dominar nenhum, mas, é fundamental que você se informe sobre a abordagem da escola. Busque ler obras sobre o tema, faça pesquisas e perguntas em fóruns, na internet, a fim de conhecer os modelos e escolher aquele que considerar mais condizente com o seu ideal educativo, afinal, a escola e seu lar precisam andar em harmonia.
Contexto Didático
Valores e filosofia da escola
Chegando até aqui, você já deve ter entendido a importância de conhecer e analisar o ideal educativo. Mas, vale lembrar que uma escola neutra é praticamente impossível, pois cada profissional ali dentro tem suas próprias opiniões. E nossos valores internos transparecem em nossas atitudes, ainda que tentemos ser discretos. Portanto, invista tempo e atenção para conhecer os valores defendidos pela equipe pedagógica.
Quem são os professores e suas formações
Serão no mínimo 4 horas diárias, cinco vezes na semana, em que outros adultos assumirão a responsabilidade pela educação e bem-estar dos nossos filhos. Por isso, é importante conhecer cada um dos profissionais que estarão com eles, construir uma relação fraterna, respeitosa e de confiança. Busque saber quem são, pessoalmente, sempre que possível tirando uns minutos para conversar, além de se informar sobre sua formação acadêmica para garantir a qualidade do ensino e da convivência da criança com eles. Afinal, se sua criança não tiver uma boa relação com os professores, correrá o risco de ter menor rendimento escolar, pois aprender também envolve a emoção.
Contexto Social
O que seu(sua) filho(a) acha da escola e como se sente nela?
Falamos tanto até aqui sobre os nossos interesses para a educação dos filhos. Mas, o que será eles que pensam? Claro que não será uma criança a tomar a decisão final. Mas, nunca podemos ignorar os sentimentos, a percepção e opinião delas. Forçar um filho a estar em um ambiente, em que ela se sente deprimida ou reprimida, poderá causar problemas psicológicos sérios, que afetarão seu desempenho acadêmico, desenvolvimento pessoal e interação social.
Portanto, em um momento separado, se preferir, vale a pena levar a criança, para conhecer a escola, professores e futuros colegas e perguntar. Observar suas reações e opiniões, adaptando seu olhar atento sobre eles, de acordo com a idade. Isso também vale para o dia a dia, quando a criança já está matriculada: sempre observar o sentimento e reação dos filhos ao chegar e buscar na escola e investir em diálogo, para acompanhar como eles se sentem nela.
Quem são os colegas de classe?
Não basta só conhecer a estrutura escolar, todos os funcionários e os professores que darão aula para os nossos filhos. Lembre-se que essa é uma instituição viva formada por pessoas. Aqui vale colocar, por “pessoinhas” também, de forma que cada colega da classe também tem uma história, uma família, um jeito de ser, que influenciará a dinâmica da sala de aula e, inclusive, causará impactos positivos ou negativos na realidade dos nossos filhos e filhas. Então, participe do máximo de eventos possíveis da escola e, quando tiver oportunidade, observe os rostinhos da sala de aula, assim você estará familiarizado(a) e mais seguro(a) em conhecer o ambiente que a criança frequenta.
Como é a relação do seu (sua) filho(a) com os colegas?
Por fim, entramos na camada mais íntima e essencial da nossa participação na vida escolar, que é: estar a par das amizades dos nossos filhos. Tão importante quanto saber quem são os colegas e conhecer suas famílias, é preciso saber como se dá o relacionamento entre cada filho e seus melhores amigos e conhecidos. Uma vez que, no período compreendido entre infância e a adolescência, a necessidade de pertencimento a um grupo é uma das maiores preocupações dos filhos, você precisa estar atento(a) se as relações que estão se estabelecendo são saudáveis, isto é, se elas favorecem o desenvolvimento intelectual e pessoal da criança, se influenciam para o bem e fortalecem os valores da sua família.
No entanto, vale ressaltar que para ter acesso e êxito nesse quesito é preciso, desde cedo, adotar uma atitude de abertura ao diálogo, cultivar e conquistar a confiança e respeito dos filhos. Não podemos nos enganar, achando que temos ou conseguiremos, a qualquer custo, o direito de saber tudo dos filhos, por sermos os pais, se para isso não cultivarmos essas atitudes. As crianças podem crescer escondendo fatos ou mentindo, em consequência da postura e abordagem que usamos com eles, desde a primeira infância. Mas, sempre é tempo de estreitar o vínculo com os filhos e resgatá-los das situações de perigo. Comecemos então, definindo o nosso ideal educativo, garantindo uma boa educação e participando ativamente de suas vidas em sociedade, que nesse caso, é a escola.
—-
Agradecemos a Thainá e lembremo-nos de, junto com todos esses cuidados, colocar-nos no Santuário, diante da imagem da MTA, e rezar pelos nossos filhos e todos os que Deus colocará em seus caminhos. Peçamos ao Pe. Kentenich, grande educador, que interceda a Deus para que nossos filhos se tornem homens novos, personalidades livres, comunitários e marianos.
https://www.comoensinarmeufilho.com Instagram: @comoensinarmeufilho