Ir. M. Nilza P. da Silva – Acontece hoje a coroação do 60º Monarca da Inglaterra. Charles III é coroado rei, substituindo sua mãe, Elizabeth II, que reinou durante 70 anos. As mídias do mundo todo dão manchetes para a coroação, que reúne cerca de 2 mil convidados, com muitas autoridades e chefes de estado.
Cada detalhe da cerimônia é explorado, todos os símbolos da coroa imperial, confeccionada em 1661, torna-se conhecido. Uma preciosa coroa, usada raras vezes pelo monarca, em seu topo há uma cruz de pedras preciosas e um “globo” que representa o mundo sob o reinado do rei.
“Longa vida ao Rei!”
Assim ecoa por toda parte. Mas, quanto tempo durará esse reinado? Não sabemos. Mas, um dia haverá novamente aquele momento comovente, em que a coroa e o cetro são retirados, anunciando o seu término. Isso tudo nos leva a refletir quão pequeno é todo poder nesta terra. Mas, quão forte é o que o anjo disse a Maria, na hora da anunciação: “Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará eternamente.” (Lc 1,37)
“Onde está o rei?”
Assim perguntaram os magos, vindos do Oriente, seguindo uma estrela: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.” (Mt 2, 2) Um Rei despojado de grandeza, nascido numa manjedoura. Um Rei cujas posses e poder ultrapassam todos os reinados na terra, um rei de todas as nações e de todos os povos. Rei que desde o nascimento reúne todas as culturas em adoração.
Um Rei que destrona os poderosos e eleva os humildes, que vive e anuncia o primado do amor, cujo reinado é estar a serviço, fazer-se o mais pequeno: “Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida pelas minhas ovelhas” (Mt 20,28).
“Eu sou rei.”
“Tu és o rei dos judeus?” Assim pergunta Pilatos, antes de condená-lo, e Jesus responde: “Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (Jo 18, 37) A coroa de espinhos e a zombaria, a condenação e a morte na cruz não diminuíram sua dignidade e nem tiraram o seu poder.
Sua ressurreição instaura seu reino para sempre, jamais lhe será tirada a coroa. Ele é para sempre “Rei dos reis e Senhor dos senhores!” (Apocalipse 19, 16)
Mãe e Rainha
“Por que Maria é Rainha do céu e da terra?” pergunta o Pe. Kentenich e responde:” Porque ela foi a mulher formada por Cristo, por excelência.” Sua realeza é vinculada ao seu Filho. “O argumento principal, sobre o qual se fundamenta a dignidade régia de Maria é sua maternidade divina,” explica o Papa Pio XII em sua encíclica sobre a realeza de Maria. Mas, logo esclarece que este não é o único motivo, ela é Rainha também por mérito, porque colabora com Cristo na redenção. Nosso fundador costumava ensinar que Maria não é Rainha porque nós a coroamos, mas, nós a coroamos porque Ela é Rainha. É uma Rainha Consorte, explicava, pois auxilia Cristo Rei e o acompanha em todos os passos de sua missão, até hoje.
Seu trono: o Santuário
Turistas que vão para a Inglaterra tem sua viagem incompleta se não visitam o Palácio de Buckingham, que desde 1837, é a moradia oficial da família real, embora eles possam escolher um dos 7 castelos que possuem. Mas, quase 100% dos visitantes, o máximo que conseguem é ver a troca de guardas na entrada principal. No entanto, a Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt habita mais de 200 Santuários pelo mundo e cada peregrino pode não somente conhecer sua morada, como também falar pessoalmente com ela e receber presentes da graça divina, que Cristo Rei nos mereceu. Pois, mais do que visitante, cada batizado faz também parte da Família Real.
Somos também reis
Bem maior do que a cerimônia de coroação do Rei da Inglaterra é o nosso batismo, pois somos ungidos pelo Espírito Santo, incorporados em Cristo e “feitos participantes, a seu modo, do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, chamados a exercer, segundo a condição própria de cada um, a missão que Deus confiou para a Igreja cumprir no mundo.” (CDC,cân.204). Que nosso proceder seja nobre, pois somos o rosto da Família Real celeste para todos com quem nos encontramos.
Sejam estas rápidas palavras apenas o início de uma profunda reflexão que você dará continuidade, seguindo a voz de Deus, que nos fala pelo acontecimento de hoje. Que ao coroar Maria, no final do mês, você o faça com consciência e com a dignidade que ela merece.
Vivamos nossa realeza com dignidade e construamos juntos o Reino de Deus, que suplicamos no Pai Nosso: “Venha a nós o vosso Reino”.