Ao visitar o Brasil e outros países da América Latina, em 1947 e 1948, nosso Pai e Fundador, vê também as portas se abrirem para que ele chegasse aos Estados Unidos. Eram anos pós II Guerra Mundial, em plena Guerra Fria, e ele percebe a influência que esse país tinha em muitos outros países do mundo, então, reconhece também a importância de que ali, a Mãe e Rainha de Schoenstatt leva para lá o seu Santuário e atue como educadora de líderes que sejam filiais a Deus e vivam segundo os ensinamentos de Jesus. O resultado dessa primeira visita é que, cinco anos após, em 20 de junho de 1948, é abençoado o primeiro Santuário da Mãe e Rainha nos EUA, na cidade de Madison, um dos primeiros lugares que ele visitou em 1948. Vejamos a história:
Viagens do Pe. Kentenich aos EUA, entre 1948 e 1953
Pe. José Kentenich, iniciando sua primeira viagem internacional, além mar, escreve em uma carta de 29 de dezembro de 1947:
A Mãe de Deus iniciou sua marcha vitoriosa na Família de Schoenstatt e por meio dela. Com o cetro na mão, ela reina na Alemanha, não só porque assim está no plano da Divina Providência, mas, também, porque, no decorrer dos anos, como Educadora, ela formou instrumentos capacitados. Eles são capazes de realizar a Sua tarefa, desde que permaneçam dependentes dela, sua Educadora e Mestra, e sempre se lembrem que temos uma missão eminentemente mariana. A velha Europa abandonou e perdeu o seu fundamento – Cristo. Por isso, está tão profundamente abalada. Só Cristo é a resposta para todos os problemas da nossa vida e do nosso tempo.
Em 1948, Pe. Kentenich visita a África do Sul, onde permanece até 4 de abril de 1948. Ali, pelos relatos da história, ele motiva as Irmãs que tinham aprendido bem o idioma inglês, a começar pensar em uma missão para levar as graças e a missão que Deus deu para Schoenstatt, aos EUA. Em 6 de março, abençoa quatro pedras fundamentais para futuros Santuários de Schoenstatt. Não sabemos se uma dessas pedras está no primeiro Santuário Filial de Schoenstatt, nos Estados Unidos, mas sabemos que esta era a sua intenção.
Suas palavras:
“O motivo porque voei para [os Estados Unidos]: Queremos ajudar a conquistar o mundo [para a MTA]. Devemos ter em mente que as duas potências mundiais atuais são a Rússia e os Estados Unidos. Se Schoenstatt quer trabalhar com grandes planos para cumprir a missão (que Deus lhe confia), então devemos levar o Movimento à Rússia e aos Estados Unidos”.
“Se pudermos fazer Schoenstatt se sentir em casa [aqui], então a MTA, com sua grande missão para nosso tempo e suas mãos abundantemente cheias, empreenderá com mais facilidade e segurança sua marcha rumo à vitória em todo o mundo, como a Educadora das nações.”
Confiança na Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt
Pe. Kentenich, em seu relatório sobre sua viagem aos Estados Unidos, dá um forte testemunho de sua confiança total na MTA, uma grande lição sobre como manter a calma, em meio às provações e dificuldades, ser filiais e permanecer aberto à orientação de Deus.
“As dificuldades em Roma já haviam começado. No Brasil, de repente, tive a ideia de que talvez um Núncio tivesse autoridade e pudesse ajudar para a atualização de meu passaporte. De fato, tanto o Núncio do Uruguai como do Chile disseram que poderiam conceder imediatamente a prorrogação do passaporte por um ano. A meu pedido, para não perder um único mês, eles colocaram essa atualização para o final de julho. Então, o passaporte estaria garantido até julho de 1949. Assim feito, parti alegre para os Estados Unidos em 4 de junho. O voo transcorreu sem incidentes e o avião pousou em solo americano, em Miami, no dia seguinte (5 de junho de 1948).
Fui rapidamente para a alfândega, a fim de pegar outro avião que já estava para decolar com destino a Chicago. Na alfândega, me disseram que o passaporte estava vencido e, portanto, era inválido. Tentei provar o contrário, com os documentos que tinha em mãos. O passaporte era válido até 31 de julho e, hoje, era apenas 5 de junho. Acontece que, de acordo com a lei nos Estados Unidos, dois meses antes da data, todos os passaportes são considerados vencidos. Como já era 5 de junho, há 5 dias, meu passaporte não tinha mais validade. Hoje, ainda rio quando me lembro dessa situação. O funcionário usou algumas vezes a palavra “cancelado”. Eu não tinha ideia do que significava “cancelado” e só conseguia associar à palavra chanceler. Assim que a situação piorou, eu rezei para mim mesmo:
Confio em teu poder e em tua bondade. Em ti, confio com filialidade. Confio, cegamente, em toda situação, Mãe, no teu Filho e em tua proteção.
Como não se encontrava uma solução, pedi para ser levado ao consulado. Em vez disso, dois oficiais da Pan American Airways vieram me ajudar. Enquanto isso, meu avião para Chicago já havia partido há muito tempo. A meu pedido, o oficial ligou para Milwaukee e os informou sobre a mudança em meu horário de chegada. Ofereci-lhe uma gratificação mas ele não aceitou e, apontando para a medalha debaixo da camisa, disse: ‘Sou católico’. Outro oficial me conduziu, em um automóvel da companhia aérea, por cerca de 15 minutos, até uma casa dos jesuítas, (ali em Miami). Fiquei lá até a partida do outro voo, que era à tarde. Esse oficial também não aceitou qualquer pagamento pela viagem, em vez disso, ele pediu a minha bênção para ele e sua família. Esse foi a minha primeira experiência com as autoridades americanas.” (Pe. Kentenich, Relatório da América, 1948).
Conquistando espaço para Schoenstatt
A primeira visita do Pe. Kentenich, aos Estados Unidos, durou de 5 de junho a 6 de setembro de 1948. Durante esse tempo, ele viajou 7.360 quilômetros de avião e 13.450 quilômetros de carro. Em três meses, ele visitou cinco grandes cidades norte americanas (Miami, Chicago, Nova York, Washington, Corpus Christi e Texas), sobrevoou cinco estados (Alabama, Geórgia, Kentucky, Missouri e Tennessee) e percorreu de carro por treze estados (Arkansas, Illinois, Indiana, Iowa, Minnesota, Nebraska, Nova Jersey, Dakota do Norte, Ohio, Dakota do Sul, Virgínia, Virgínia Ocidental e Wisconsin).
Sua lista de prioridades tinha, como prioridade, visitar o Seminário Palotino, em Madison, que estava em construção, na época. Ele queria visitar os padres que estavam vinculados a Schoenstatt, bem como verificar a possibilidade de enviar as Irmãs de Maria para os EUA e, para isso, estabelecer contato com o Bispo de Madison e os padres palotinos. A diocese de Madison tinha sido recém erigida, em 1946. Quando o Pe. Kentenich visitou duas vezes o Bispo, Dom William Patrick O’Connor, e lhe pediu a permissão para as Irmãs se estabelecerem em Madison.
Sementes de um novo mundo
Durante sua viagem, Pe. Kentenich escreveu para a Alemanha, que nos Estados Unidos tinha trabalho suficiente para 2.000 Irmãs de Maria. As primeiras Irmãs chegaram a Madison, Wisconsin, em 3 de novembro de 1949. Recordando a época em que nosso Fundador visitou Madison, em 1948, o Pe. Boenki, um dos palotinos alemães, gostava de compartilhar com as Irmãs como o Pe. Kentenich, certa vez, estava na frente do seminário, ainda em construção, e rezava: “Construamos, a partir daqui, um mundo novo”. Em 18 de outubro de 1952, foi o lançamento da pedra fundamental para o primeiro Santuário de Schoenstatt, na terra norte americana. O bispo Dom William Patrick O’Connor expressou sua esperança e convicção de que o Santuário se tornaria uma “potência espiritual”, não apenas para a diocese de Madison, mas para todos os Estados Unidos. Em 20 de junho de 1953, foi sua inauguração. Com a bênção do Fundador, a vida do Movimento se desenvolveu em Madison e, a partir daí, em todo o país.
Fonte: schoenstatt.com e schoenstatt-wisconsin.us/madison