Já parou para pensar como seria o mundo ideal? Se você ainda não fez isso, talvez essa seja uma boa ocasião.
Karen Bueno – De repente o mundo se vestiu de rosa – e nem precisa explicar, não é mesmo? A comoção mundial causada pelo lançamento do filme “Barbie” impressiona. Poucas vezes uma produção cinematográfica alcançou tanta amplitude como nesse caso. A receita para esse fenômeno envolve marketing, publicidade, negócios e, principalmente, altas doses de nostalgia e memórias afetivas.
A boneca amada por tantas meninas permite, para muitas, lembrar de bons momentos vividos na infância e dos tempos em que “não existiam boletos”. Claro que falar sobre a figura da Barbie envolve uma série de questionamentos, como padrões de beleza, desigualdades, massificação… Mas, certamente não são esses pontos que vão impedir milhões de pessoas de vestirem suas roupas cor-de-rosa e se emocionarem diante da tela.
Um pouco sobre o filme
O live-action, dirigido por Greta Gerwig, acompanha o dia a dia em Barbieland, que é o mundo mágico das Barbies. Nessa terra estão todas as versões da boneca e elas vivem em completa harmonia. Sua rotina consiste em encontrar as melhores roupas, passear com as amigas e participar de festas animadas.
Em Barbieland, você pode ser o que quiser: médica, astronauta, professora… O enredo ganha forma quando uma das bonecas começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim. Ela questiona o sentido de sua existência e, com isso, sua vida no mundo cor-de-rosa se transforma. A protagonista, então, tem de sair de Barbieland e é forçada a viver no mundo real.
Chegando ao lado “humano”, Barbie precisa lutar com as dificuldades de não ser uma boneca, de não ser perfeita. Ela enfrenta diversos momentos nada coloridos, até descobrir que a verdadeira beleza está no interior de cada um.
Entre a terra da imaginação e da realidade
Se você já separou sua roupa cor-de-rosa para a estreia, provavelmente é porque viveu bons momentos em Barbieland, que é terra da imaginação. Apesar de o filme ser para maiores de 12 anos, toda a nostalgia faz pensar no tempo de criança.
A capacidade de sonhar, de imaginar, de criar um mundo melhor é instintivo na infância. Talvez aí esteja uma faceta importante da filialidade – a capacidade de sonhar. O Papa Francisco diz para jovens e adultos: “Tu podes sonhar coisas grandes, mas sozinho é perigoso, porque poderás cair no delírio da onipotência. Mas, com Deus não tenhas medo, vai em frente, sonhe grande.”[1]
Quando os personagens do filme chegam ao mundo real, eles se deparam com os contrastes. A alegria e diversão competem com os desafios e responsabilidades, com as diversas imperfeições sociais e pessoais que afligem a humanidade. Mas, ao mesmo tempo, existem muitas possibilidades nesse mundo. Barbie se encanta com o pôr do sol, com idosos conversando, crianças brincando… detalhes incríveis que podem passar despercebidos.
Tornar o ideal uma missão de vida
Ao assumir o ideal, quer seja nacional, pessoal, ou ideal de grupo, fazemos isso contemplando algo maior, a realidade perfeita. Sem saber, estamos exercitando a capacidade de sonhar. Claro, com os pés no chão: “Um sincero exame de consciência sobre a relação entre ideal e realidade mostra quão grande é a distância existente entre eles… o que nos faz admitir com vergonha: o que eu sou saúda com tristeza ao que deveria ser” (Pe. J. Kentenich)[2].
No entanto, podemos olhar para aquilo que seria perfeito não com complexos ou como fuga do real. Mas, com esperança, porque sabemos que Deus tem um plano perfeito, no qual participamos com nossos limites. Com desejo de conquista e, principalmente, com atitudes concretas, sem ficarmos fechados na caixinha fora do ambiente em que estamos. Dessa forma, podemos chegar cada vez mais perto de “Barbieland”, isto é, cada vez mais próximos da vida plena e na presença de Deus, em nossa vida pessoal ou social. Há um mundo novo possível e podemos construí-lo juntos. O caminho para isso passa pela educação do homem novo, que pratica as virtudes humanas, na fé, e vive a justiça social em seu relacionamento diário.
A Barbie me fazia pensar…
Falando agora em primeira pessoa, quero contar algo que a Barbie me ensinou. Sempre que brincava com a boneca (a versão fake dela rsrs) me vinha na cabeça a imagem de Deus. Eu segurava a personagem nas mãos e pensava que o mundo era também assim: nós, pequenos brinquedos, e Deus, o “dono” dos brinquedos. Imaginava Ele se divertindo o quanto e como quisesse com cada um aqui na terra, da forma que a imaginação dele permitisse. Para mim o mundo era assim.
Depois de grande, acho ainda bonito pensar em Deus nos utilizando como ele deseja, especialmente se isso lhe causar alegria – o Pe. Kentenich chamaria isso de consciência de instrumento. Porém, somos mais que bonecos, somos filhos amados, com liberdade e consciência. Isso significa que Deus espera que também nós queiramos “brincar” com ele, nos colocarmos em suas mãos, para que possa realizar em nossa vida o projeto que ele sonhou.
Pe. Kentenich usa o exemplo de Santa Teresinha e diz que nossa vida é um jogo de procura entre Deus e nós. Ele diz também que precisamos ser filhos dóceis nas mãos de Deus, assim como uma bolinha nas mãos do Menino Jesus, com qual ele brinca e se alegra.
Afinal, se Barbieland é incrível, imagine como será o céu! “Todavia, como está escrito:
“Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2:9).
[1] DISCURSO. Encontro do Papa Francisco com os Jovens Italianos em Vista do Sínodo. Roma, 11 de agosto de 2018
[2] KENTENICH, Pe. José. Em: Eu mesmo, uma aventura – Guia do Ideal Pessoal
Colaboração no texto: Ir. M. Nilza P. da Silva
O estranho sempre da medo , até agora estava pensando em um filme simples de boneca , mas traz essa mensagem de sonho e realidade , e nossa realidade hoje tem falta de amor , medo de sair a noite , a confiança não existe num todo , falando por mim me pego sonhando num mundo sem guerra , onde podemos ajudar o próximo sem explicar as proprias pessoas que convivevivemos .
Melhor interpreração do filme até agora, perfeita.