Pe. Antonio Bracht – Tudo vai indo muito bem no filme Barbie quando entra em cena o Oppenheimer….. (Hei, padre Antônio, o Oppenheimer é de outro filme!!!…). Eu sei, o Oppenheimer também é da vida real. Uma Barbie do filme entra na vida real, e aí ela se encontra com muitos Oppenheimers – muitos homens que fazem desse mundo um cenário de guerras, um jogo de interesses vai saber lá quais, cujos efeitos são a violência, a destruição, a desumanização.
A Barbie não podia ter impedido que a bomba atômica fosse construída…. Nem Oppenheimer! Isso me dá o que pensar. Há demasiadas bonecas, e demasiados bonecos, na vida real. E aqui entra em cena o que eu realmente queria mostrar do enredo, não dos filmes em questão, mas da nossa vida: o Tabor. Tinha tudo para parecer cena de filme, mas foi pura realidade. E para que continue a ser, precisa permanecer na realidade, na minha, na tua, na nossa.
O Tabor não é em primeiro lugar um cenário, é ação, mais precisamente transfiguração. Não aquele efeito cinematográfico de uma figura inanimada que passa para a vida real. Mas, sim, o efeito de uma figura mais que animada, divina, que entra na vida real desse mundo, do nosso mundo. E isso de tal maneira que transluz a sua realidade divina dentro da humana. E quem experimenta isso aprende a “transver” (Manoel de Barros) a realidade. Ficou complicado? Vamos começar do início.
O início está no evangelho de Lucas, capítulo 9. Jesus e três de seus discípulos sobem a um monte, lá em cima acontece algo que para os discípulos era inimaginável, para Jesus era o cotidiano, para nós é uma revelação transformadora. Jesus se transfigura e seu vínculo essencial com o mundo divino se torna palpável para os discípulos. Ele fez isso diante de três discípulos. Ele quer fazê-lo hoje diante de cada um de nós. Jesus convida a subir. Como Ele convida? Através de eventos. Tipo a Jornada Mundial da Juventude. Quer convite melhor?! Ele o faz através de sua Mãe, que ele nos deu por Mãe. Um encontro com Maria, em seu santuário, é como um Tabor, é um encontro com Jesus, e nos faz ver nossa própria realidade numa nova luz.
A Barbie consegue colorir o mundo de rosa. O Tabor não pinta o mundo de outra cor. Transfigura as pessoas. Faz do coração um santuário. Faz de cada um, um pintor. Oppenheimer se debate num dilema moral e, enquanto sua invenção elimina milhares de pessoas, ele tenta sair pela tangente, finalmente é acusado de colaborar com o inimigo e afastado do centro das decisões.
O Tabor não alivia os dilemas com soluções fáceis de digerir. Jesus não julga, não condena, não marginaliza. Ele transfigura. Acolhe, para transformar. Faz ver, para ensinar a “transver”. Quem “transvê” assim seu mundo, entrará na realidade do nosso mundo diferente. A cor dominante estará no seu olhar. A moralidade não será uma acusação, mas um perdão transformador. Os perdoados, os agraciados aprenderão. Eles serão animados a passar pela vida não como atores de filme, mas como criadores de história, não bonecos, seres de carne e osso, de coração e mente, de saber e sabedoria.
Fica a dica: curta o cinema, mas viva o filme de sua vida!
Muito obrigada Pe Antonio Brecht, por esta brilhante matéria, trazendo este tema tão especial e precioso para nós, schoenstattianos, numa linguagem moderna e atual , utilizando ideias tiradas dos fatos que geram notícias no nosso cotidiano.