Como a Campanha responde as grandes questões da atualidade?
Ir. M. Nilza P. da Silva – O Encontro Nacional de Coordenadores da Campanha da Mãe Peregrina acabou, mas muitos conteúdos relevantes foram produzidos nele e para ele. Um desses materiais em destaque é a entrevista com o diretor nacional da Central Nacional de Assessores do Movimento Apostólico de Schoenstatt do Brasil, o Pe. Antonio Bracht.
Acompanhe o conteúdo em texto e vídeo:
Esse Encontro Nacional acontece dentro de uma realidade histórica de politização política, de manipulação ideológica e uma situação pós-pandêmica que traz grandes desafios. De que forma, em sua opinião, a Campanha da Mãe Peregrina pode contribuir para trazer esperança a essa situação do Brasil e do mundo?
De fato, nós estamos em uma situação politicamente e socialmente bastante conturbada, de muita insegurança entre as pessoas. Elas não sabem bem para onde está indo tudo isso e o que vem agora, como tudo vai ficar.
A gente teve uma experiência de pandemia que foi um processo de desaceleração. As pessoas tiveram que parar, ao mesmo tempo que algumas coisas se aceleraram e foram muito mais intensas, sobretudo nas relações humanas. Porque as pessoas, de repente, se viram em casa de uma forma como não estavam acostumadas. E foram descobrindo, de novo, coisas que são muito centrais.
E aí nós já podemos começar a pensar “Qual a nossa contribuição?”. Nós trabalhamos criando redes de famílias, redes de pessoas que, na fé, se unem para caminharem juntas. Essa consciência de que há uma soma, uma rede, é muito importante como contribuição. Porque nossa rede não é técnica, ou só de comunicação, ela é uma rede de comunhão. As pessoas comungam entre elas, doam algo de si mesmas, compartilham experiências. Nós temos muito dessa partilha da experiência que vai enriquecendo uns aos outros. Isso, então, é uma contribuição, mostrando que a gente pode viver numa realidade de diversas realidades muito diferentes, mas onde cada um coloca aquilo que é seu e, por isso, contribui e enriquece, respeitando o que é do outro, o que é diferente.
E nós temos uma fé que tem uma visão ampla do mundo. A nossa fé nos diz que isso não vai continuar sempre assim, que estamos numa transição. Deus continua conduzindo a história da humanidade para um Novo Horizonte, para uma nova margem, e nós trabalhamos para aquilo que Ele quer estabelecer lá na frente. Nós não permanecemos saudosista dizendo “Poxa, que pena, ontem estava melhor”. Não. AMANHÃ VAI SER MELHOR, porque Deus sabe para onde vai conduzir essa história. Então, a nossa contribuição é a de fazer as pessoas esperarem por aquilo que Deus vai revelando, mas também assumindo, por sua vez, e contribuindo para que isso venha a ser realizado.
Essas são algumas contribuições que a nossa Campanha pode dar nesse momento para o nosso Brasil e o mundo.
O Papa Francisco tem dado ênfase ao fato de que a Igreja é de todos. De que forma a Campanha da Mãe Peregrina, em sua opinião, contribui para que essa “Igreja de todos” seja realidade?
O mais imediato e mais próximo é que a Campanha vai a todos. Ela não impõe condições. Não bate na porta e, se a pessoa for dessa ou daquela cor, não entra. Não. A Mãe de Deus bate na porta e quer entrar, não importa quem esteja na casa. Então, nossa primeira contribuição é: a Mãe vai a todos. Em segundo lugar é que a Mãe reúne a todos, ela faz com que haja essa comunhão entre todos. E uma terceira coisa que eu acho importante é completar a fala do Papa com aquilo que ele também disse: é de todos, para todos, mas também tem regras. Quer dizer, o reino de Deus não é uma coisa diluída que, por ser para todos, se adapta a cada um e se perde. O Reino de Deus tem uma identidade muito própria e é tão grande que todos cabem. E como é a misericórdia de Deus, é a transformação de todos, mas essa transformação é o que Deus quer. Então a Igreja está a serviço dessa transformação. Ela colhe a todos, mas também mostra a todos por onde vai o caminho e mostra que Deus tem misericórdia para cada um – isso é o bonito desse acolher a todos.
Uma das coisas que impulsiona o apostolado, na Mãe Peregrina, é aquela frase dita por João Paulo II e que também havia sido dita pelo Pe. Kentenich “Salvai a família, custe o que custar”. No entanto, é visível como toda a mídia trabalha por um tipo de família que não é a desejada por Deus; nós lutamos com uma força midiática muito superior à nossa. Como manter a esperança perante o desafio de sermos relativamente muito poucos diante de uma gigante corrente querendo divulgar e implantar uma família que não é a família desejada por Deus?
Realmente, a família é fundamental por ela ter esse papel de célula da qual germina, da qual nascem todas as relações humanas e por ser uma imagem pequena do que se quer na grande escala, na escala social. Eu acho que nós temos que ter a certeza de que se trabalhamos com aquilo que Deus instituiu, nós estamos permitindo, por assim dizer, a Deus exercer a sua paternidade e conduzir sabiamente a humanidade, construindo sobre o fundamento que é o verdadeiro. Quem constrói um tipo de relacionamento humano, que até pode ser estável, mas que não é família – e chama de família – bom, ele não está construindo sobre o fundamento que Deus estabeleceu. E nós estamos construindo sobre esse fundamento. Então, quem constrói a casa sobre a rocha, essa casa resiste às tempestades.
Por isso, a nossa esperança não é de ter agora uma presença midiática tanto quanto os outros. É no silêncio dos bastidores. Não nos deixar confundir e não perder tempo para estabelecer essas bases, mas fortalecer a base.
Qual a importância do encontro nacional para o Movimento Apostólico de Schoenstatt?
Eu acho que o Movimento tem uma característica missionária muito forte. Ele tem essa característica de querer que as pessoas despertem para o que elas podem contribuir na ação, em muitas áreas, em muitos campos. E aqui nós temos uma demonstração. Porque aqui estão pessoas que coordenam missionários. Elas estão vendo como fazer para que a missão continue, estão se perguntando como rejuvenescer a Campanha. O Movimento vai usufruir, vai viver desse espírito, vai se incendiar também nesse espírito e vai contribuir com aquele aprofundamento. Aqueles que vivem a experiência de comunidade [em Schoenstatt] e, portanto, cultivam no seu dia a dia uma dimensão de maior profundidade dessa espiritualidade, cultivam a mesma Aliança com Nossa Senhora, no Santuário, desses que estão aqui. E essa consciência de que somos chamados a ser Igreja Viva, Igreja que evangeliza. Um complementa o outro, uns se inflamam no entusiasmo, na alegria, na convicção dos outros.
Muito obrigada Pe. Antônio, que a Mãe de Deus o retribua e o acompanhe nessa sua grande missão como diretor nacional