Em 22 de setembro, com a missa solene, o Santuário Original passou a pertencer oficialmente ao Movimento
Ir. M. Isabel Machado – Dia 22 de setembro é um dia de Ação de graças para a nossa Família de Schoenstatt. Nesse dia, há 10 anos, o Santuário Original passou oficialmente a pertencer à Família de Schoenstatt.
E pode ser que alguns se perguntem: mas…. o que significa isso? Pois, na verdade, desde 18 de outubro de 1914 ele é nosso! Sempre foi e sempre será! Então…. O que mudou?
Um fato que pode nos ajudar a compreender….
No ano de 2008 tive a grande graça e alegria de acompanhar um grupo de quase 50 peregrinos do Brasil numa Peregrinação a Schoenstatt/Roma. A maioria pertencia a Schoenstatt e vários deles economizaram anos (como bem podemos entender!) para poder fazer esta Peregrinação que, iniciando em Paris, iria percorrer vários países e lugares de fé até chegar a Roma.
As expectativas pela viagem eram tão variadas quanto as pessoas que participavam dela. Mas havia algo que unia profundamente a todos: chegar a Schoenstatt! Era o momento mais esperado e assunto de todas as conversas antes e durante a Peregrinação.
O avião pousou em Paris onde conhecemos alguns lugares importantes para a nossa fé. Passamos por Lisieux num encontro lindíssimo e profundo com Sta. Teresinha e depois rumamos para Schoenstatt passando por Luxemburgo. A expectativa era imensa!!!!!! Quanto menos quilômetros nos distanciavam de Schoenstatt, mais cresciam a expectativa e a alegria.
Aproveitamos a viagem para combinar nossa primeira visita ao Santuário Original. Ensaiamos alguns cantos; pedimos que alguém fizesse uma oração inicial, iríamos em procissão da casa onde estávamos hospedados (que ficava apenas a 120 passos do Santuário Original) carregando uma vela e cantando – tudo para expressar nossa saudade, alegria…
Chegamos atrasados para o jantar…. Por isso, depois de apenas pegar a chave dos quartos, o primeiro que fizemos foi jantar! O responsável pela casa veio nos saudar e passar algumas informações práticas que nos pareceram, no momento, longas demais…
Mas enfim pudemos iniciar nossa Procissão… Não há como descrever a alegria e emoção que havia em cada um… Pelo caminho devíamos passar ao lado de uma casa e, dobrando à esquerda…. ali estava o Santuário Original! Nos esperando!!!!!
Quase não conseguimos mais cantar… E então a enorme surpresa: chegamos na porta e o Santuário Original estava trancado! Eram apenas alguns minutos depois das 20h – horário em que era trancado… Um pouco sem saber como reagir, uma senhora chega ao meu lado e diz: “Irmã, vai buscar a chave!” E com imensa tristeza tive que responder: “nós não temos a chave!”
E ali do lado de fora, rezamos – e choramos! Alguns se ajoelharam, outros chegaram bem próximos da porta e encostaram suas cabeças…. E a oração que havíamos preparado quase não pôde ser rezada… Cinco anos mais tarde, no dia 22 de setembro de 2013, uma senhora que estava nesse grupo, me escreveu: “Irmã, agora temos a chave!”
Agora temos a chave!
Parece algo tão simples, mas por trás dessa chave que recebemos solenemente no dia 22 de setembro de 2013 (nesse momento foi entregue a chave do Tabernáculo como símbolo da entrega do Santuário Original) estava vinculada toda uma outra realidade junto ao Santuário Original.
No dia 18 de outubro de 1914, o Pe. Kentenich assim se refere “à pequena Capelinha” (Santuário Original): “A ideia: a casa é nossa, compensa largamente as outras vantagens… Esta capelinha pertence à nossa pequena família de Congregados, à frente da qual está a nossa Mãe do Céu. Pertence-nos inteiramente a nós e só a nós!”
E na verdade foi isso que aconteceu até 18 de outubro de 1964, quando a Igreja proclamou que Schoenstatt e Palotti eram duas obras distintas. Com isso o Santuário Original – que estava no terreno dos Padres Palotinos em Schoenstatt, passou a pertencer juridicamente a esta Comunidade.
Com isso aconteceram muitas mudanças… que talvez para nós que estávamos no estrangeiro não eram visíveis, pois o Santuário podia ser visitado, podiam ser celebradas Missas, etc… Espiritualmente éramos nós que carregávamos o Santuário Original pelas nossas contribuições ao Capital de Graças – e isso fez com que sempre ele fosse nosso!
Havia, no entanto, várias restrições quanto ao horário de uso do Santuário Original, as orações em voz alta, celebrações extras, recepção dos grupos, cantos que podiam ser cantados, etc…
Certamente o tempo da pandemia teria sido totalmente diferente se o Santuário Original não fosse nosso! Quanto conforto, consolo e força espiritual recebemos nas Missas e terços em português; em saber que nossas intenções e nossas vidas eram colocadas sobre o altar! Quando hoje podemos receber um grupo de peregrinos, fazer uma procissão, cantar e rezar em voz alta, ficar no Santuário quanto tempo desejarmos… cada um desses momentos me parece um “milagre”! Um “milagre” que talvez passe despercebido, mas que nunca deve cair no esquecimento.
E ESSE milagre de poder dizer: “O Santuário Original é MEU” e viver essa realidade é, sem dúvida, um presente que a Mãe de Deus e nosso Fundador quiseram dar à Família de Schoenstatt no Jubileu de 2014! Um presente por trás do qual havia muitas ofertas concretas e até da entrega da própria vida para que isso acontecesse.
Sejamos todos nós dignos deste Milagre – que aconteceu para que cada um de nós possa dizer: O Santuário Original é MEU!