“Subi com a tocha nas mãos e com a medalha da Mãe e Rainha no pescoço”
Denise Ganderats/Ir. M. Nilza P. da Silva – Lucy López Cruz, membro do Movimento Apostólico de Schoenstatt participou na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos 2023, que se encerraram ontem, em Santiago/Chile. A chilena, de 93 anos, acendeu a Tocha para dar início ao campeonato.
Embora cansada, esteve muito ocupada nos últimos dias, ela está muito feliz, não apenas porque trabalhou como voluntária nos Jogos Pan Americanos, mas também porque deu muitas entrevistas para as mídias, já que chamou a atenção de todos por sua vitalidade, sua jovialidade e entusiasmo quando fala sobre esportes.
A Revista Vínculo, do Movimento A. de Schoenstatt, no Chile, também a entrevistou para que você conheça um pouco mais esta mulher com tanta sabedoria, que pertence a Liga das Mães de Schoenstatt e a Campanha da Mãe Peregrina que trouxe tanta alegria desportiva ao país. Ela compartilha conosco sua mensagem de dedicação, comprometimento e perseverança aprendidos desde a infância.
O esporte marcou toda sua vida. Lucy conta que iniciou a prática desportiva, no esqui, aos 8 anos, no Clube Andino do Chile, em Lagunillas. Quando não havia neve, praticava trilhas, com sua família. Aos 19 anos, durante o curso universitário de Educação Física, queria participar das Olimpíadas, mas, seu sonho foi interrompido pelo casamento e o nascimento dos 4 filhos. Em 1969, aos 36 anos, ela retorna à universidade e participa de vários campeonatos sul-americanos e nos primeiros Jogos Pan-Americanos em 1951, no qual ganha uma medalha de prata.
Quais foram suas principais atividades profissionais?
(Após uma temporada na Alemanha) ocupei o cargo na Presidência do Atletismo na Universidade do Chile e comecei a preparar professores para serem treinadores. Também trabalhei como treinadora de basquete, vôlei e atletismos. Isso me permitiu viajar para campeonatos internacionais.
Como a senhora participou dos Jogos Pan-Americanos 2023?
Fui voluntária, especialmente nas competições de atletismo. Numa das assembleias gerais, fui convidada para participar na cerimônia de abertura e me disseram que eu iria acender a Tocha Pan-Americana – eu era a mais velha e tive minha carreira esportiva. Mas, como tenho problemas no joelho, me senti insegura para estar sozinha no palco, com o peso da tocha nas mãos. Eu não queria falhar ou fazer feio. Então, Fernando González e Nicolás Massú me ajudaram. Foi um lindo transmitir o legado de uma geração para outra!
Quando e como conheceu Schoenstatt?
Conheci no 6º ano do ensino médio, num dos eventos da escola. Era abril de 1949, quando um padre alemão e algumas Irmãs de Maria nos convidaram para participar do Movimento de Schoenstatt. Era o Pe. Kentenich, com sua barba branca, que veio pessoalmente para nos convidar! É muito bom tê-lo conhecido e estar lá! Nosso colégio não tinha aulas de religião, mas todos nós queríamos participar do Movimento. Todos os sábados, íamos ao Colégio das Irmãs, em Pedro de Valdivia, (para as reuniões da Juventude Feminina).
Eu não podia participar todos os sábados, porque muitas vezes coincidia com campeonatos de atletismo e eu tinha que competir. Por isso, faltei em muitas reuniões. Mas, isso me tocava tanto o coração, que depois conversávamos (sobre os temas dados). Antes de competir, eu sempre ia à missa, de manhã, numa paróquia perto de minha casa. Consagrei minha carreira desportiva à Mãe de Deus e isso me tranquilizou.
Quando a senhora selou sua Aliança de Amor? Em qual Santuário está vinculada?
Durante o período universitário e depois com meus filhos pequenos, não continuei a participar do Movimento. Eu me afastei um pouco. Mas, quando me formei, entrei para a Liga das Mães e, com meu grupo, selei a Aliança de Amor no Santuário da Providência. Trabalhando em Villa María, muitas vezes, participei dos cursos de retiros, no Santuário Bellavista, onde estou muito vinculada.
Mais tarde, quando participei de uma Olimpíada em Barcelona/Espanha, com alguns colegas, fiquei alguns dias em Colônia/Alemanha e fomos ao Santuário Original, com alguns amigos alemães, um judeu e outro que não acreditava em nada. Este ficou tão impressionado com o que conheceu em Schoenstatt, que se converteu e se tornou católico.
O que a senhora mais gosta em Schoenstatt?
O melhor é que a Mãe sempre me acompanha e nunca me deixa sozinha. Minha filha me deu uma medalha da Mãe e Rainha, que trago sempre comigo, escondido dentro da blusa, porque tenho medo que me roubem. Nunca saio de casa se eu não estiver com minha Mater.
Em qual Ramo de Schoenstatt, a senhora participa atualmente?
Da Liga de Mães e da Campanha da Mãe Peregrina. É super triste que a pandemia levou muitas pessoas, tanto mais jovens quanto mais velhas do que eu. Atualmente, só levo a Mãe Peregrina aos vizinhos do meu prédio. Isso também porque ando com bengala e não consigo me movimentar tanto. Moro sozinha, com uma cuidadora, e ela me acompanha todos os domingos em minha visita ao Santuário.
Na sua opinião, como o esporte se relaciona com a vida espiritual?
Não importa a vitória e nem a medalha em si mesma. O importante é que o que se propõe: Você pode fazer! Você pode dar o melhor de si. Isso me fez uma pessoa exigente comigo mesma. O esporte me trouxe disciplina, perseverança, constância, me ensinou a estabelecer metas e cumpri-las. É ir superando a si mesmo. Como disse o Pe. Hurtado, devemos dar o máximo, até doer, e se houver outra pessoa que foi melhor, parabenize-o!
Que mensagem a senhora deixa aos nossos leitores?
Neste tempo em que estou saindo em tantas reportagens, tem sido muito gratificante saber que contribui com um grão de areia no crescimento de tantos jovens a quem ensinei. São muitas gerações! Enche a alma poder deixar uma marca. Alguns atletas cegos, que participaram dos Jogos Pan-Americanos, também me pediram para acompanhá-los, quando competiram, para lhes dar forças e terem um bom desempenho.
O que eu gostaria de dizer a todos é que lutem por seus projetos, estabeleçam metas e deem o melhor de si.
O que quer que seja que façam, façam bem, façam o melhor possível.
Fonte: Revista Vínculo, 376, novembro de 2023
Texto adaptado para web
Eu amei a entrevista com a Sra.Lucy López Cruz, chilena de 93anos, alguém de fibra que nos encoraja a praticarmos algum esporte, a buscarmos um bem físico e também nos fala de nossa Querida Mãe!
Parabéns!
Belíssima entrevista… Sra Lucy merece muitas 👏👏 ; além de ser uma atleta, guerreira é também devota da nossa querida Mãe Rainha! Nos mostra que devemos incluir “religião” na nossa vida cotidiana para que possamos colher os “louros” dos nossos esforços.. os quais devem ser abençoados por Deus e Nossa Senhora 🙏🙏!
Maravilha de exemplo para nós, mais do que uma entrevista, é um testemunho de vida!
Lindo demais sua trajetória de vida, tanto física como Fantástico Sra Lucy. Que testemunho para todos nós. Parabéns e muito mais pela confiança.
Reportagens maravilhosas expostas aqui me proporcionaram um conhecimento mais profundo do Movimento Shoenstattiano. Vou continuar acompanhando este veîculo que me proporciona atualização das muitas atividades que propulsionam o Movimento,