A santidade nos desafia a viver as coisas simples da vida diária com amor, como Cristo.
Humbertus Brantzen – Sabemos bem o que significa um dia de trabalho, com todas as suas alegrias e complicações. Já a palavra “santidade”, por outro lado, provavelmente é desconhecida para muitas pessoas na atualidade. Entretanto, esse termo é usado em muitos contextos. Por exemplo, um colega de trabalho promete “religiosamente” terminar uma tarefa importante. Uma filha considera “sagrado” um quadro que herdou de seu pai e o coloca em um lugar de honra na sala de estar. E quando alguém quer enfatizar a seriedade de sua declaração, diz: “Por tudo que é mais sagrado…”. É sempre sobre algo importante ou particularmente valioso, que deve ser levado muito a sério, em que a honra geralmente entra em jogo.
Percorrendo determinadas regiões ou países, tem-se a impressão de que ali vivem pessoas profundamente enraizadas na fé e familiarizadas com o sagrado. Na França, por exemplo, muitas cidades e vilarejos têm nomes de santos. Entretanto, como sabemos que a sociedade francesa é muito secularizada, os nomes piedosos dos lugares testemunham um passado cristão em vez de um presente marcado pela fé.
A vocação à santidade
Seja qual for o ambiente social, os fiéis cristãos são exortados pelo apóstolo Paulo: “Tudo o que fizerdes por palavras e obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus”. Esse é um resumo do que Paulo escreve em suas instruções a todos os batizados. Devemos nos livrar de todas as características do “homem velho”: raiva, ira, malícia, blasfêmia, mentira e palavras impuras. Em vez disso, devemos nos revestir do “homem novo”, como uma roupa nova. E essa nova vestimenta é, acima de tudo, “o amor, que é o vínculo da perfeição” (Col 3, 5s).
O Concílio Vaticano II concluiu, a partir de tais declarações e de outras semelhantes na Bíblia, “a vocação de todos os cristãos à santidade” (Lumen gentium 32 e 39 ss.). Essa vocação remonta a uma longa tradição de espiritualidade cristã, referindo-se ao fato de que é possível levar uma vida marcada pela fé viva, ou seja, uma vida santa.
Alguns achavam que era muito difícil seguir o chamado de Deus neste mundo e se retiravam para a solidão. Outros achavam que somente em uma vida celibatária, como freiras ou monges, seria possível alcançar um “estado de perfeição”. Uma marca muito mais estreita na história da espiritualidade, pelo menos em teoria, foi vista no desejo de se traduzir as palavras de Paulo literalmente para a vida concreta: fazer tudo em nome de Jesus, vivendo no mundo, no casamento e na família, no trabalho, na vida cotidiana comum, como vivenciada por pessoas “normais”.
A santidade da vida diária
Pe. José Kentenich formulou o objetivo da vida e da educação cristãs da seguinte forma: Queremos formar um “homem novo em uma nova comunidade” – por meio da santidade na vida diária. Não devemos buscar o extraordinário, mas fazer de forma extraordinariamente bem feita aquilo que é ordinário – que é feito no dia a dia da vida comum.
Em 1937, Annette Nailis resumiu as palestras do Pe. Kentenich sobre esse objetivo no livro Santidade de Todos os Dias. Ele se baseia na visão de São Francisco de Sales, que não queria que a santidade fosse entendida como algo para horas piedosas ou situações especiais da vida, mas como um caminho até Deus para todas as pessoas, todos os dias, em todas as situações da vida. A obra de Francisco de Sales “Filotéia. Introdução à Vida Devota”, publicada em 1609, é um clássico da espiritualidade cristã e pode ser entendida como uma precursora da “Santidade da vida diária”.
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Fonte: schoenstatt.com / basis-online.net