Carlos Padilla Esteban – Os dias de preparação para o Natal, um tempo que nos educa para a paciência e nos lembra que vivemos sempre esperando por algo melhor
Falta-nos a paciência, uma virtude difícil. Precisamos nos educar para isso. Temos medo de pedir isso a Deus e ver como ele nos envia oportunidades para colocar a paciência em prática, pois, gostaríamos que as coisas fossem do jeito e no tempo que queremos.
Aceitar a nós mesmos
Queremos que nossos sonhos se tornem sempre realidade. Mas, as coisas não acontecem no nosso tempo, do nosso jeito. Nem tudo está pronto quando fingimos. Além disso, há pessoas que testam a nossa paciência. Eles não fazem o que queremos quando pedimos e da maneira que queremos. Eles não agem como nós quando delegamos e confiamos neles.
Precisamos de paciência para aceitar que os outros não farão tudo como esperamos. Ter mais paciência para esperar o dia que queremos, a viagem que desejamos, o encontro que amamos.
Sabemos que as coisas não são como queremos e não acontecem quando queremos. Precisamos de paciência para conviver com alguém que não se comporta como gostaríamos. Paciência para suportar o pecado do meu irmão.
Muita paciência para alcançar os objetivos que nos propusemos. Pe. José Kentenich diz que cada um tem uma imagem do que deve ser. E enquanto não alcançar isso, sua paz não será completa.
Coloquemo-nos a caminho
Estamos a caminho, sabemos o que queremos ser, intuímos que dentro de nós há muito que não vivemos, muitas coisas que não conseguimos realizar. Temos uma imagem do que podemos nos tornar. Uma imagem ideal, sonhada por Deus. Ele nos deu um nome e quando o pronuncia, algo vibra dentro de nós. Quando eu for o que Ele espera de mim, terei paz absoluta.
Por enquanto, esperemos impacientemente pela oportunidade de crescer, de mudar, de melhorar. Seja paciente com os outros, com os tempos de Deus que não são os nossos. Sejamos mais solícito quando alguém nos solicitar.
O Advento é um tempo que nos educa na paciência e nos lembra que vivemos sempre esperando algo melhor. Gosto das palavras de Santo Inácio, quando elogia São Francisco Xavier pela sua prontidão para a ação: Basta eu enviar-lhe apenas uma palavra (vem!) e, imediatamente, ele abandona terras e mares.
Procuremos estar sempre disponíveis, atentos a servir, a colocar-nos a caminho.
Olhemos para Maria
Olhemos para Maria. Ela sai quando sua prima Isabel precisa dela. Ela não duvida, não cede ao conforto e nem à prudência. Deixa tudo como está e se coloca a caminho para ajudar, mesmo sabendo que ela também precisa de cuidados, porque está gestando Filho de Deus.
Ao mesmo tempo, ela é paciente. Ela não se aborrece quando José parte, com ela, a caminho de Belém. Ela não fica impaciente, quando parece que o tempo para, em Nazaré, e nada de especial acontece. Ela não tem pressa, quando Jesus começa sua vida pública. Ela teme por sua vida, mas entende que existe um plano que ela desconhece.
É por isso que ela não exige que Deus se manifeste, para fazer algo de extraordinário. Se é verdade que Jesus é seu Filho, de alguma forma algo especial acabaria acontecendo.
Diante da cruz, Maria permanece paciente, calma. Na dor, chorando, mas, confiante. Desde a anunciação, Maria guardou tudo em seu coração.
Como Maria pode me ajudar?
Ela não vivia exigindo que tudo acontecesse do jeito dela. Maria nunca duvida do amor de Deus. Ela sabe que Deus a ama e isso lhe basta. Aprendamos a esperar, como os pastores, como os magos, como Maria. Corramos ao encontro de Deus, quando necessário. Essa disponibilidade e essa generosidade são um dom do Advento.
Sejamos pacientes com a vida. Prontos para o serviço, como Maria no Advento, que servindo, espera o nascimento de seu Filho. Vamos aprender a agir com paciência, quando as coisas não acontecem quando queremos. Estar disponíveis, quando nos pedem para amar, para nos doar, para servir.
Vamos sonhar em quem eu posso me tornar, se deixar Deus se tornar carne na minha carne e nos mudar por dentro.
Fonte: Aleteia