Ir. M. Patrícia Ferreira Lemes – Dona Lourdes Pereira há pouco completou 90 anos. Mineira, viúva e mãe de duas filhas vivas, (ela teve 4 filhas), superou um tratamento de câncer e, hoje, é ela quem precisa de mais cuidados com a saúde. Porém, esta senhora pequena, delicada e muito vivaz tem uma história de vida muito bela, marcada pela dedicação aos enfermos.
Foram 53 anos à frente da Liga dos Enfermos de Schoenstatt, em Londrina/PR. É difícil calcular o número dos muitos enfermos que passaram pela Liga, recebendo a visita de suas zeladoras (pertencentes à Liga das Mães), se prepararam para a Aliança de Amor, o Santuário Lar e receberam toda a ajuda necessária para viver com dignidade. Desde alimentos, fraldas geriátricas, valor do aluguel da casa, até mesmo a construção de uma casinha foi uma conquista dessas senhoras para os doentes.
Semanalmente, Dona Lourdes tinha um compromisso fixo: ir até a Casa do Movimento Apostólico de Schoenstatt, para organizar as doações recebidas e preparar as cestas para “seus enfermos”. Conhecida na Família de Schoenstatt por seu amor e dedicação, ela contava com a ajuda de todos, pela oferta de alimentos, cada dia 18, para a Liga dos Enfermos.
Ela nos conta mais sobre sua história e trajetória como mãe schoenstattiana e sua atuação apostólica, durante 53 anos, na Liga dos Enfermos.
Como a senhora conheceu o Movimento A. de Schoenstatt?
Conheci Schoenstatt, por meio de minhas duas filhas, que estudavam no Colégio Mãe de Deus. Regularmente, eu participava da reunião de pais e mestres. Foi em uma destas reuniões, no início de 1970, que Ir. Regina Maria Figueiredo me convidou para participar da Liga de Mães de Schoenstatt. Eu me desculpei, porque na ocasião morava numa chácara e era difícil para mim. Mas, disse para Irmã que, então, ela me ajudasse a rezar para encontrar uma casa na cidade. Nós queríamos nos mudar para Londrina, por causa do estudo das meninas. É por este caminho que a Ir. M. Regina Maria me levou, pela primeira vez, ao Santuário. Até então, eu via aquela Igrejinha, mas achava que era só para as Irmãs rezarem. Assim que conseguimos a casa, cumpri minha palavra e entrei para a Liga de Mães.
O que o Santuário representa em a sua vida?
O Santuário representa tudo. Ele faz parte da minha vida e é o lugar da minha autoeducação, meu ponto de apoio. Procurei sempre ser fiel ao apostolado que escolhi. Um apostolado, ainda dos Enfermos, exige muito da gente – pois temos a família – muita disponibilidade e muita dedicação. Quanto tinha qualquer problema, eu corria ao Santuário e dizia: “Ó Mãe, a senhora precisa me ajudar!” Até hoje, o Santuário é tudo para mim.
O que a Aliança de Amor é para a senhora?
Uma troca entre mim e a Mãe e Rainha! Ela foi minha educadora. A Aliança de Amor para mim é isso, minha ligação com Ela e com o Santuário. Fiz a entrega total a ela no apostado com os doentes da Liga e sempre procurei fazer o melhor. Eu sabia que eu não estava fazendo tanto só pelos doentes, mas, para a Deus, para a Mãe e Rainha. A partir da minha primeira consagração, a Aliança de Amor como cooperadora da Liga, a Mãe foi me educando e fui mudando de vida. Depois, fiz também a Consagração no grau da Carta Branca e sou membro da Liga das Mães. Em 2003, entrei também para o Jardim de Maria.
Dona Lourdes, como a senhora iniciou o apostolado com a Liga dos Enfermos?
Logo que entrei na Liga das Mães, em 1970, a Ir. Regina Maria me chamou para ir visitar, com ela, uma doente. No final da visita, antes de sairmos, ela disse à enferma: “Dona Aparecida*, eu vim trazer a Dona Lourdes para a senhora e ela se conhecerem. Estamos começando a Liga dos Enfermos e ela vai visitar a senhora!” A D. Aparecida me perguntou seu eu poderia visitá-la todas as semanas e ficou combinado que eu iria às quartas-feiras. Assim começou. Ela a primeira participante da Liga dos Enfermos. A Zélia Ferrari também ajudou desde o começo. Visitei a D. Aparecida durante 31 anos, sem falhar uma semana, até o dia em que ela faleceu, em 2001. Tive 12 enfermos sob meus cuidados. Mas, devo muito ao meu falecido esposo e a minha família que me apoiaram nesta missão.
Conta-nos, como era realizado esse apostolado.
Além das visitas em seus lares e a assistência material, nós fazíamos reuniões de transmissão da espiritualidade com eles e com as cuidadoras e tínhamos a Missa mensal, no Santuário. Muitos selaram a Aliança de Amor e instituíram o Santuário Lar. Sempre tivemos a consciência que a Liga dos Enfermos não era uma obra nossa, mas, era a realização de um anseio do Pai e Fundador, Pe. Kentenich.
Qual o enfermo que mais marcou sua missão?
Todos os enfermos foram importantes para mim. Eles eram minha família. Agora, o que me marcou muito foi o Sebastião*. Começamos a visitá-lo, em 1975. Ele teve uma doença que o deixou acamado e com todos os membros atrofiados, porém era muito inteligente, comunicativo e tinha muita fé. Ele faleceu neste ano.
Qual é a sua mensagem para quem atua na Liga dos enfermos?
É precisa estar disponível. Não devemos ter pena dos doentes, mas, compaixão. Os doentes se apegam a nós e nós a eles. Quem se dedica a esta missão precisa ter paciência, aprender a ouvir e a ganhar a confiança do enfermo visitado. Eles precisam ser ouvidos, pois, normalmente, a família trabalha (e não tem tempo para escutá-los). O amor é tudo.
* O sobrenome dos enfermos é omitido para não os expor
Dona Lurdes Pereira é uma santa nestes 30 anos de apostolado na Liga dos doentes.
Que nossa MTA continue lhe abençoando!
Parabéns tia Lourdes por esse lindo trabalho e dedicação. Um exemplo para todos nós.
Que Deus lhe dê muita saúde
Tenho mto orgulho da dona Lourdes. Eu fui uma de suas cuidadoras. Exemplo de vida e dedicação a liga dos enfermos. Aprendi mtas coisas com ela, como ser paciente e dar mto carinho e dedicação, aos enfermos. Deus te abençoe grandemente 🙏😇👑💖🌺🤗