Do Papa Francisco à Ir. M. Emilie Engel: Dicas para celebrar o dia do batismo. Por que é importante comemorar? O que significam os símbolos batismais? Recentemente o Papa Francisco se reuniu com jovens crismandos e chamou a atenção deles para o dia do batismo [1]. Sim, ele os convidou a comemorar de maneira especial o dia do batismo: todos deveriam saber qual é essa data – na qual “nascemos para vida cristã, para a vida em Jesus, que dura para sempre, é eterna” – e guardá-la como um segundo aniversário!
Isso nos leva a questionar: Você sabe qual é a data de seu batismo? Ou essa informação foi esquecida?
O melhor dia da vida
Ir. M. Emilie considerava o dia de seu batismo o melhor dia de sua vida. Nascida no dia 6 de fevereiro, após dois dias, no di 8 de fevereiro, foi batizada na igreja paroquial de Drolshagen, na Alemanha, e como jovem e adulta costumava renovar seu batismo a cada ano. Relembrando esse dia, ela escreveu em seu diário: “Há 44 anos, este foi o melhor dia da minha vida, o dia do meu batismo…” (8.2.1937). Dois anos depois, escreve em seu diário: “O mistério deste dia é tão grande, tão inexprimível, que nem consigo imaginar… Deus Trino, eu renuncio com toda a firmeza de minha vontade a tudo o que é contrário a vós e me entrego a ti sem reservas, como uma criança, para o tempo e a eternidade. Glória ao Pai em mim, ao Filho em mim e ao Espírito Santo em mim! Amém” (8 de fevereiro de 1939).
Os símbolos usados no batismo
É importante sabermos o que representa cada símbolo usado no sacramento batismal. Vejamos isso, acompanhados por Ir. M. Emilie.
A água benta
No batismo, ela nos lembra dois fatos: o ato da criação: “O Espírito de Deus pairava sobre as águas.” (Gen 1,2) Remete-nos também a vida nova, que nasce da cruz: “Abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água.” (Jo 19,34). Essa vida nova, nascida do lado de Cristo, nasce em nós quando, pela água do batismo, somos purificados do pecado original e a inseridos na vida cristã. É o início de um novo caminho de vida na fé e a disposição de se distanciar de tudo o que separa de Deus.
Isso é expresso de maneira especial quando a água batismal flui sobre a cabeça da criança e a fórmula batismal é pronunciada: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Emilie Engel tornou-se propriedade de Deus, filha de Deus, quando foi batizada. Ela respondeu à sua devoção total a Deus dizendo sim em uma vida consagrada a Deus. Sempre de novo glorificava a Santíssima Trindade que habitava em seu ser.
A vela batismal
A vela batismal é acesa no círio pascal. Ela simboliza a luz de Cristo que entra na vida da pessoa que está sendo batizada. Essa luz acompanha a pessoa pelo resto de sua vida, por isso, cada batizado é capaz de testemunhá-la e iluminar o mundo: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha e nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.” (Mat 5, 14-16)
Ir. M. Emilie fez com que a pequena semente do batismo frutificasse e amadurecesse em sua vida. Ela permitiu que a luz da graça brilhasse e resplandecesse nela. Esse brilho em seu rosto encanta os que se encontram com ela, como testemunham tantas pessoas. É um brilho que vem de dentro. “Seu ser maternal, firme e bondoso, foi como o sol que, simplesmente ilumina, sem que se possam ver os seus raios,” testemunha sua biógrafa Margareta Wolff.
O óleo do Crisma
A tradição de ungir com óleo tem raízes bíblicas. Reis, profetas e sacerdotes eram frequentemente ungidos no Antigo Testamento para marcar sua vocação sagrada. Isso simboliza o chamado especial da pessoa batizada para o “sacerdócio real”, que é inerente a todas as pessoas batizadas. Além disso, no antigo e no novo testamento é costume que o óleo é usado também para curar: enfermos. Em Marcos 6:13, por exemplo, lemos que os Apóstolos “ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam”. Portanto, pelo batismo participamos da vida sacerdotal, profética e régia de Jesus e somos fortalecidos para permanecermos seus membros que dão sabor a todas as realidades da terra, unindo-as a Deus.
Por meio de sua vida exemplar e “santa”, Emilie deu testemunho da eficácia da graça batismal. Ela cooperou com a graça e deu o exemplo de uma vida nobre e confiável. Ao proclamá-la como venerável, o Vaticano reconhece seu testemunho e a considera digna de veneração e imitação por todos os batizados.
Ela realizou as palavras do Pe. Kentenich, fundador das Irmãs de Maria: “Nada há tão semelhante a Deus como uma mulher nobre, que em nobre desprendimento e singela posse de si mesma, plena de Deus, possui o espírito da liberdade disciplinada, isto é, uma Irmã de Maria, uma Irmã da querida Mãe de Deus, como eu gostaria de presentear à Igreja.”
É desejo do Fundador, que toda a Família de Schoenstatt viva com alegria a nobreza e a força recebida com o óleo do batismo. Ele escreve, no Rumo ao Céu, 601: “Conhece a terra tão rica e pura, reflexo da beleza eterna, onde almas nobres e fortes desposam o Cordeiro de Deus; onde olhos brilhantes irradiam calor
e mãos bondosas aliviam sofrimentos; onde mãos puras se unem constantemente em oração, para banir os poderes do inferno?”
A veste batismal
A cor branca das roupas de batizado representa a pureza e inocência e tem raízes profundas em muitas culturas. Ela chama a nossa atenção ao fato de que, no batismo, nos tornamos uma nova criatura, um homem novo, e – como diz a escritura – nos revestimos de Cristo. O manto branco é um sinal dessa dignidade, que deve ser preservada para a vida eterna. O Apóstolo João figura a vida eterna usando-a como símbolo: “Vi a seguir uma enorme multidão, impossível de contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, diante do trono e do Cordeiro, com roupas brancas e folhas de palmeira nas mãos. E diziam em alta voz: ‘A salvação vem do nosso Deus, que está no trono, e do Cordeiro!’” (Ap 7, 9-10)
Ir. M. Emilie conservou em sua vida a dignidade, pureza e nobreza da veste branca batismal. Anos mais tarde, quando recebe o traje das Irmãs de Maria de Schoenstatt, ela o relaciona com seu batismo e o usa com dignidade – como uma referência ao outro mundo, como um testemunho vivo da presença de Deus e da Mãe de Deus em nosso tempo.
No rito de vestição, as Irmãs de Maria recebem sua vestes com essas palavras: “Aceitem o vestido de Maria, como sinal de sua eleição e missão. ‘O Senhor as despoje do homem velho e as revista do homem novo, criado à imagem de Deus, em justiça e verdadeira santidade’ (Ef 4,24).” E afirmam: “Queremos trazê-la como sinal de nossa dedicação indivisa a Cristo e de nosso amor à Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Ela nos há de recordar sempre nossa missão de cooperarmos na renovação do mundo em Cristo, por Maria, para a glória do Pai.”
Celebre o seu aniversário de batismo
No encontro com os jovens, citado no início desse texto, o Papa Francisco também se dirigiu aos pais presentes e pediu que eles “também fizessem um bolo especial – e com velas” para a data “muito importantíssima” em que, pela crisma, seus filhos renovariam seu sim do batismo. Portanto, celebremos festivamente, também, o dia em que fomos batizados.
Agradecemos à Venerável Ir. M. Emilie Engel por seu testemunho de fé, seu cristianismo exemplar, e pedimos: Querida Ir. M. Emilie, podemos ver em sua vida o que uma pessoa pode se tornar “quando o dia do batismo se torna o maior dia de sua vida”. Ajuda-nos a também sermos cristãos vivos e convictos em um tempo confuso e turbulento. Seja nossa companheira de viagem em nossa jornada de fé e vida.
[1] Discurso do Papa Francisco aos Crismandos da Arquidiocese de Bari-Bitonto, Sala Paulo VI, sábado, 27 de janeiro de 2024
Texto de Ir. M. Irmengild Schmitt, em sch.com, complementado por Ir. M. Nilza P. da Silva.
Irmã Emile Intercedei por nós🙏🏽