Ir. M. Nilza P. da Silva – Quem conhece bem o Pe. Pedro Cabello sabe do quão brasileiro ele é. Há uns que podem até se surpreender com essa entrevista, ao saber que ele é natural do Chile, mas, desde 1988, está conosco. Após 35 anos vividos a serviço da Família de Schoenstatt no Brasil Tabor, ele retorna ao seu pais de origem. Nesta entrevista, ele nos conta um pouco de suas experiências em nossa pátria e o que leva consigo desses anos vividos como “brasileiro”.
– Quais foram suas tarefas, no Movimento, no decorrer desses anos?
O meu primeiro trabalho pastoral, aqui no Brasil, foi como vigário na paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no bairro de Jaraguá, São Paulo/SP, onde está localizada a Casa Central dos Padres de Schoenstatt, no Brasil. A partir do ano de 1990, assumi a tarefa de assessor da Juventude Masculina de Schoenstatt (Jumas) no Regional Sudeste (nome original naquele tempo). No final do ano de 1999, fui transferido para a filial dos Padres de Schoenstatt, em Londrina/PR, para assumir a assessoria da Juventude Masculina, no Regional Paraná. Em 2002, fui para o Nordeste, em concreto para Olinda/PE, como reitor do Santuário Tabor da Nova Evangelização e a direção do Movimento A. de Schoenstatt, nesse Regional – incluindo o Terço dos Homens Mãe Rainha, que começava a despontar por todo o Nordeste brasileiro. Finalizado esse tempo, desde 2020 estou de volta em São Paulo, para um trabalho interno da nossa comunidade.
Nesses anos, quais vivências mais marcaram a sua vida? Por que?
É difícil colocar no papel as vivencias de sacerdote, nesses 35 anos aqui no Brasil. Olhando para trás posso distinguir claramente duas etapas: o tempo no Sudeste e no Paraná, dedicado quase que exclusivamente à assessoria do JUMAS e, depois, o longo período no Nordeste. Da primeira etapa, poderia sublinhar o seguinte: O trabalho como assessor do JUMAS foi moldando o meu coração de pastor. O Papa Francisco – numa das suas homilias – pede para que os pastores tenham o “cheiro da ovelha”. Acho que naquele tempo eu realmente “cheirava” Jumas. Entusiasmar os jovens pelos ideais de Schoenstatt foi uma missão exigente e muito nobre. Para a minha alegria, alguns dos jovens, daquele tempo, agora fazem parte da Liga ou de algumas das comunidades de Schoenstatt.
Da segunda etapa – que foi um período mais longo – há muito para contar. O povo nordestino conquistou o meu coração de pastor. Depois de trabalhar tanto tempo como assessor da juventude de Schoenstatt, o desafio agora era entusiasmar, também os ramos adultos, pelos ideais de Schoenstatt, e mais, aprender a “traduzir” o “mundo de Schoenstatt” para os incontáveis romeiros que peregrinam aos Santuários da Mãe Rainha de Schoenstatt.
Marcante, mesmo – desta etapa – foi ter podido acompanhar e admirar o surgimento e o desenvolvimento do Terço dos Homens Mãe Rainha, sem dúvida alguma, uma obra da Mãe Rainha que, não por casualidade, tem como seu berço o Santuário da Nova Evangelização, em Olinda.
Uma curiosidade, que foi uma surpresa: antes de encerrar o meu tempo de reitor do Santuário da Mãe Rainha, por iniciativa dos leigos, recebi o título de Cidadão de Olinda.
– O que o senhor leva da Família de Schoenstatt no Brasil?
Como a pergunta anterior, que difícil resumir em poucas palavras uma experiência de vida. Praticamente, toda a minha experiência pastoral com o Movimento de Schoenstatt foi feita aqui no Brasil. Levo tudo: a experiência do trabalho na Central de assessores, o trabalho colegiado com as Irmãs de Maria, assessoras do Movimento de Schoenstatt. Levo a linda experiência de ter trabalhado neste país “continente”, com toda sua diversidade de culturas. Levo a experiência de um Schoenstatt inculturado, cada vez mais eclesial e com protagonismo dos leigos. Levo comigo a extraordinária experiência com a Campanha da Mãe Peregrina: um fenômeno eclesial, que tem tudo a ver com a almejada Nova Evangelização do Papa São João Paulo II. Por último, levo a graça de ter participado do início dessa grande obra de Deus que é o Terço dos Homens Mãe Rainha.
– Como sua vivência no Brasil Tabor pode ajudá-lo na missão no Cenáculo?
Para entender a resposta: nas suas primeiras visitas ao Brasil, o próprio Fundador – Pe. Kentenich – confia o Ideal do Tabor à toda a Família de Schoenstatt no Brasil. Quando visita o Chile faz a mesma coisa e confia o Ideal do Cenáculo à toda a Família de Schoenstatt. E quando visita Argentina, confia a esse país o Ideal de Deus Pai. Por trás desses presentes do Pai, há uma visão estratégica, que tem como “pano de fundo” a imagem da Santíssima Trindade. O Cristo Tabor e o Espírito Santo, no Pai, estão sempre em plena comunhão. Que riqueza e que desafio! Tudo pela missão do Schoenstatt latino-americano.
– Qual será sua tarefa no Chile? Onde irá morar? O que espera nessa nova tarefa?
Ainda não tenho nenhuma tarefa específica. O primeiro tempo no Chile vai ser para estudar, aprender dos irmãos padres o jeito chileno de construir Schoenstatt. Nos primeiros meses, morarei em Santiago e, depois, assumirei alguma tarefa a serviço de Schoenstatt.
– Sua mensagem para a Família de Schoenstatt do Brasil Tabor:
Depois de tantos anos ao serviço da Família de Schoenstatt, aqui no Brasil, sinto-me “adotado” como um filho do Tabor. Que a Mãe e Rainha, a partir dos seus Santuários, nos incendeie de entusiasmo pela missão de Schoenstatt. A Família de Schoenstatt Tabor – no seu “DNA” interior – possui toda a força e energia para construir e viver – de forma preclara – a CULTURA DA ALIANÇA, portanto, a CULTURA DE CRISTO (um imperativo do nosso tempo e da Igreja).
Com gratidão por tudo o que o Pe. Pedro nos ajudou, acompanhemos essa nova etapa de sua vida com nossas orações.