A oração da Via Sacra fazia parte de sua vida de cada dia
Ir. M. Rosequiel Favero – Estamos na quaresma. Um exercício de piedade muito presente durante esse tempo (mas não necessariamente só neste tempo) é a Via Sacra, no qual acompanhamos Jesus desde sua condenação até o domingo de Páscoa, passando pelo seu sacrifício na cruz.
Como era a relação de João Pozzobon com a Via Sacra? Ele mesmo testemunhou: “Comecei a valorizar a Via Sacra em 1955, ao colocar as estações (da via sacra) na Vila Nobre da Caridade, para rezá-la uma vez por mês. Entendi, então, o sentido da Via Sacra, os sofrimentos de Cristo, os sofrimentos dos irmãos”.[1]
João Luiz Pozzobon é muito conhecido pelos seus 15 terços diários, mas é pouco lembrado pela sua via sacra diária. Sempre que estava em Santa Maria/RS, ele rezava a Via Sacra no percurso de 1 km de retorno do Santuário à sua casa, depois da Santa Missa. Quando estava em viagem, a Via Sacra era rezada junto das primeiras orações do seu dia.[2] Contemplava também seus muitos sacrifícios no apostolado como forma de se unir ao sofrimento de Cristo: “Sempre que andava por aí afora, caminhando nos campos, tinha presente o grande sofrimento de Cristo, que carregou a cruz e o fez por amor de todos nós. Também queria incluir-me nisso, dando minha pequena contribuição, cooperando no seu sacrifício…” [3]
Quando falava da Via Sacra, João Pozzobon apontava dois aspectos importantes: unir os próprios sofrimentos ao de Cristo, mas contemplar também na Via Sacra o sofrimento dos irmãos. Ele afirma: “Entendi a via sacra… os sofrimentos de Cristo que podemos imaginar, os sofrimentos dos irmãos que, muitas vezes, sofrem por culpa daqueles que não sabem, que não podem entender bem os irmãos e não se esforçam em sacrificar-se pela pessoa humana”.[4]
Quem chega de outras cidades a Santa Maria, para peregrinar ao Santuário Tabor, normalmente reza a Via Sacra desde o Santuário até a Vila Nobre da Caridade, conhecida como a ‘via sacra do Sr João (Pozzobon)’. Para os residentes em Santa Maria, todos os anos, em duas oportunidades, é possível participar desta Via Sacra em comunidade: no primeiro domingo da quaresma e na sexta-feira santa. João Pozzobon planejou e acompanhou a fabricação de cada uma das estações. Não conseguiu, porém, participar da sua colocação, realizada somente após a sua morte. Durante a sua preparação foi questionado por causa do percurso, pois a Vila Nobre da Caridade é muito longe do Santuário. Se fosse colocada no caminho do Santuário à sua casa ficaria mais fácil para mais pessoas participarem. Pozzobon ficou, todavia, com sua ideia original e pediu que fosse colocada até a Vila Nobre, pois o sentido da via sacra é também meditar o sofrimento do irmão que sofre, especialmente os pobres. E assim foi feito.
O que o amor de João Pozzobon à via sacra nos ensina?
Como o seu exemplo pode nos ajudar a viver a quaresma neste tempo de pandemia?
[1] Esteban Uriburu, Herói hoje, não amanhã, 81.
[2] cf. Esteban Uriburu, 140.000 Km com a Virgem, p. 59.
[3] Uriburu, Herói Hoje, p. 82
[4] Uriburu, Herói Hoje, p. 82
Eu e minha esposa, sempre guiados por uma ou mais irmãs de Schoenstatt, fizemos essa via sacra algumas vezes. Não tem como expressar aqui os sentimentos durante a caminhada até a Vila Nobre da Caridade e no trajeto sentir a nobreza e humildade de João Luiz Pozobon, durante sua missão de evangelização. É sentir o sagrado e a presença de Jesus e Maria ao nosso lado no santo trajeto.