Ir. M. Nilza P. da Silva – De vez em quando, costumamos “fazer faxina” em nossas Redes Sociais e aplicativos de conversas: Excluímos fotos, conversas, áudios, a fim de deixar mais leve nosso aparelho ou simplesmente “arejar” nossas conversas.
Mas, cada um de nós sabe que há determinadas conversas que nunca apagamos e sofremos quando trocamos de aparelho ou por outro motivo, esses arquivos são deletados. São registros de nossos contatos com as pessoas que amamos. Somos humanos, nos relacionamentos por meio de símbolos, e cada vez que lemos a mensagem, ouvimos o áudio, vemos as imagens, revivemos aquele momento de contato, reafirmamos nosso amor pela pessoa.
Quem ama quer perpetuar a memória
Por isso, valoriza tudo o que a vincula à pessoa que a cativou. Deus nos fez assim e usa sinais e símbolos (sacramentos e sacramentais) para comunicar seu amor e suas graças.
Neste sentido, entendemos que na tarde de 27 de outubro de 312, na Ponte Mílvio, Deus se revela para Constantino com a simbologia da Cruz, no céu, e a inscrição em latim: “In hoc signo vinces” (Com este sinal vencerás). Constantino, que travava uma grande luta para unificar o reino, manda gravar o símbolo nos escudos dos soldados e, a partir daí, vence todas as batalhas.
Isso levou o imperador a apoiar sua mãe, Helena, a peregrinar até a Terra Santa, entre 326 e 328, em busca dos lugares e símbolos da vida de Jesus. Além de edificar ali algumas Igrejas, nos lugares em que Jesus viveu, como conta a tradição, Helena encontra o túmulo de Cristo e fragmentos de sua cruz. Ela leva para Roma, parte dessa relíquia sagrada e, em um relicário, a deixa para a visitação dos fiéis, na capela de seu palácio, o Sessorianum, atual Basílica da Santa Cruz, que se torna uma extensão de Jerusalém.
Fragmentos da cruz pelo mundo
No entanto, outros lugares contém também lascas da cruz sagrada, na qual Jesus consumou sua vida, por amor a nós. Por exemplo: a Catedral Notre Dame, de Paris, na Catedral de Pisa e a Catedral de Florença, Santa Maria del Fiore, na Itália. São Cirilo fala, em 348, que “toda a Terra está cheia das relíquias da Cruz de Cristo… que deste lugar já se espalhou por todo o mundo, por aqueles que, em sua fé, levam pedaços dela”.
O arquiteto francês, Rohalt de Fleury (1801 – 1875), ocupou-se com o trabalho de catalogar todas as autênticas relíquias da Santa Cruz, para saber se reunidas, elas davam o tamanho de uma cruz inteira. Os dados que reuniu deu o volume de um cubo 16 cm de lados e o peso de aproximadamente 4 kg. Portanto, um tamanho que não corresponde a uma cruz inteira. A cruz de Cristo, pelas informações dos Evangelhos (Mc 15 , 36; Jo 19, 28-29) era alta, pois, quando Cristo para morrer, um soldado usou uma vara para lhe apresentar uma esponja embebida em água e vinagre. Soma-se ainda que a cruz de Cristo era visível de longe e tinha duas traves (horizontal e vertical).
Vale lembrar que o tamanho de uma relíquia não interfere em sua sacralidade, no volume de graças que Deus presenteia por meio dela e que o valor da relíquia não está no material em si, mas, na memória que ela representa.
Onde está a Cruz de Cristo?
Olhemos para a história da Cruz verdadeira, sob a luz da Divina Providência. Ao não nos revelar onde estão todos os fragmentos da Cruz de Jesus, Deus nos diz que a verdadeira Cruz está em toda parte.
Com nosso Pai e Fundador, rezamos: “Em todos os tempos, por múltiplos caminhos, cambaleante e desprezado, vais carregando a cruz; o que tua Igreja sofre em perseguições é a cruz que te colocam sobre os ombros.” (Rumo ao Céu, 253)
Pelo batismo nos tornamos o Corpo Místico de Cristo . Cada sofrimento nosso, como escreve São Paulo, completa em nossa carne, o que falta ao sofrimento de Cristo (Ef 1,24). Cristo homem passou pelo sofrimento para vencer a morte, assim também nós, como Igreja, sofremos unidos a Ele e nele venceremos.
Cuidemos para que a Cruz de Cristo seja conservada por inteira, que não haja a lacuna de nossa participação nela.
“Junto à cruz de Jesus estava de pé sua Mãe” (Jo 19,25)
Este é o sentido de sua presença no Santuário e o motivo pelo qual selamos a Aliança de Amor com ela: Para ajudar, a fim de que, as graças trazidas pela paixão, morte e ressurreição de Jesus sejam acolhidas no coração do maior número possível de pessoas.
Com nossa querida Mãe e Rainha, “quero carregar alegremente a lasca da cruz que o Pai me envia, pelas circunstâncias da vida” (RC 255). Oferecer contribuições ao Capital de Graças e unir o fragmento de nossa cruz pessoal à grande Cruz de Cristo, contribuir para que a verdadeira Cruz seja encontrada por muitos, em seu sentido original.
Informações sobre as relíquias da cruz, em VaticanNews
Senão pela Santa Cruz, vivemos e sobrevivemos em nossa tragetória terrestre.
Aguardando sempre a expectativa: ” Teremos tal privilégio???????”