O sacramento misericordioso do amor de Deus
Juliana Dorigo – Misericórdia, benevolência, amor, graça e amabilidade. O desejo de uma vida nova e a absolvição dos pecados. O sacramento misericordioso do amor de Deus. A confissão é dever principalmente na Quaresma, mas deve ser exercida em qualquer período.
No tempo quaresmal, um momento de grande reflexão e penitência, a graça do perdão, é oferecida a todos que reconhecem que são frágeis e pecadores, diante do Altíssimo. “Deus deseja a nossa confissão porque é uma condição para recebermos a sua misericórdia. Esta é a sua mensagem constante desde os dias de Adão e de Caim e ao longo de todas as gerações da Igreja de Jesus Cristo”. [1]
Ato de egoísmo
Quando pecamos estamos realizando um ato de egoísmo exagerado, preferindo a si mesmo e antepondo-se a Deus e aos outros. É ser individualista, cedendo a paixões desordenadas e desejos, rejeitando e agindo contra o amor do Pai, se declarando infiel a Ele. “Pecado é toda a distância que existe entre o projeto de Deus e a nossa situação concreta; em última análise, é não ser filho como o Filho e não dirigir ao Pai o mesmo olhar de Jesus”.[2]
“Dize aos filhos de Israel: Se um homem ou uma mulher causar um prejuízo qualquer ao seu próximo, tornando-se assim culpado de uma infidelidade para com o Senhor, confessará o seu pecado e restituirá integralmente o objeto do seu delito, acrescentando um quinto àquele que foi lesado”. (Núm 5, 5-7).
O Pe. Kentenich explica sobre o conceito do pecado: “Miseráveis na medida em que, pelo pecado original e pelos pecados pessoais, experimentamos continuamente nossa miséria”. [3]
Deus nos abraça
Por amor a humanidade, Deus é paciente e espera de nós o arrependimemto, mesmo quando nos afastamos, Ele jamais abandona seus filhos. “Deus é paciente conosco, porque nos ama; e quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não derruba as pontes, sabe perdoar. Recordemos na nossa vida de cristãos: Deus sempre espera por nós, mesmo quando nos afastamos! Ele nunca está longe e, se voltarmos para Ele, está pronto para nos abraçar”. [4]
Quando realizamos o ato da Confissão, Deus no liberta dos pecados e purificando a alma. “Ao declarar a remissão total dos pecados de alguém, exerce uma prerrogativa divina. Para Ele, curar a alma era uma ação divina muito maior que a de curar o corpo. E levava a cabo a segunda parte para sublinhar a primeira. O ato de curar era um sinal externo de uma realidade interior ainda maior”.[5]
“Temos necessidade de pedir o “perdão” do outro; temos necessidade de demonstrá-lo e temos necessidade de fazer alguma coisa nesse sentido”. [6] Somos filhos e precisamos reconhecer que somos miseráveis e por isso, dignos de misericórdia, como explica o Pe. Kentenich. “Na medida em que, como filhos de reis, somos miseráveis, experimentamo-nos também como dignos de misericórdia. Ansiamos pela misericórdia e esse anseio de experimentar a misericórdia de Deus Pai obriga igualmente o Pai eterno a derramar sobre nós sua infinita misericórdia”.[7]
Maria: mãe dos pecadores
Maria é o exemplo de amor, fé e humildade. Como Mãe e educadora, ela provou ser divina e repleta da Graça de Deus. “Bastou a caridade de uma única mulher para se obter a misericórdia divina sobre toda a miséria do homem, mediante o consenso ao projeto da graça da Trindade”.[8]
“Maria, só, aos pés da cruz, representa toda a Igreja que recolhe num cálice o Sangue redentor como um vinho inebriante e o oferece à humanidade inteira, a fim de que, bebendo-o, ‘encontre o gozo e a alegria’ (SI 50,10) e ao homem seja devolvida a ‘alegria de ser salvo’” (SI 50,14).[9]
A Mãe é grandiosa e seu amor liberta o mundo do pecado, da desolação e das fraquezas. “Mãe grandiosa, mas também de cooperação estreita com o Redentor, o seu amor tira os pecados do mundo, a miséria da nossa desolação, da nossa fraqueza, da nossa revolta” [10].
Quando exultamos Ave-Maria, pedimos para que ela se uma a nós, para que venha ao nosso auxílio e atenda a nossa súplica. “Na ‘Ave-Maria’ pedimos à Senhora unir-se a nosso grito, gritar conosco, que não temos mais voz, por nossa vida ter sido tão sufocada e paralisada… Então eu clamo: ‘Rogai por mim’, porque sozinho não me salvo, e tu me podes conseguir que o olhar do Senhor se incline”.[11]
Presença materna
A Mãe de Deus está sempre presente, olhando e educando para nos aproximar de seu Filho. “Maria sempre nos acompanha ao longo do caminho da vida. A sua presença materna, discreta, não pode falhar, sobretudo pelo fato de que, graças à sua Assunção, ela está sempre diante da face benigna e luminosa de Deus. Olhando para ele, olha para nós, acolhendo a sua glória, a derrama sobre nós”.[12]
Do céu, rogai a Deus por nós!
Maria do alto dos céus roga a Deus pelos pecadores, ela é capaz de nos carregar nos braços. A Mãe é capaz de nos abrir as portas para o perdão do começo até o final da vida. Ela transforma nossas imperfeições e nos guia a caminho da vida eterna. “Invocando aquela que já está no céu com toda a sua humanidade, nós transformamos nossa imperfeição numa perfeição, pela qual nosso caminho na terra se abra para uma vida sem limites”.[13]
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[1], [5], [6] Scott Hahn, livro: Senhor, tem piedade de mim: o poder curativo da confissão.
[2], [8], [9], [10], [11], [12] e [13] Cesare Falletti o. cist, Livro: Ave-Maria.
[3] e [7] Pe. José Kentenich. Abrigado em Deus Pai – Textos escolhidos sobre Deus Pai. Conferências de Roma III. Carta de Natal de 1965.
[4] Papa Francisco, livro: A Igreja da Misericórdia.