Somos um Movimento da confiança heroica e vitoriosa.
Ir. M. Nilza P. da Silva – Sempre me chama a atenção como ao comunicar-se com alguém, Deus sempre começa com a expressão: Coragem! Não tenhais medo! Nesses dias, ocupei-me em pesquisar quantas vezes há, na Bíblia, essas expressões de coragem e as encontrei mais de 350 vezes. Além disso, em 250 vezes, Deus nos diz para sermos alegres: “Alegrai-vos!” Deus é Pai e quer que sejamos filhos felizes e vitoriosos.
A primeira mensagem do Anjo a Maria é essa: “Ave Maria” (ou “Salve Maria”) significa “Alegra-te Maria”. A interjeição AVE vem do latim e significa alegria, regozijo. Os romanos a usavam como saudação. Em seguida, o anjo lhe diz: “Não tenhais medo!” (Lucas 1,30) O anjo disse aos pastores: “Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo!” (Lucas 2, 10) Jesus disse a Simão: “Não temas! De hoje em diante, serás pescador de homens.” (Lucas 5,10) “Não tenhais medo!” (Mt 29, 5; Mc 16,6) é a primeira frase que Jesus diz, ao apresentar-se ressuscitado. Repetindo o que dissera muitas vezes a seus seguidores, antes mesmo de sua morte. O Senhor disse a Paulo: “Não temas! Fala e não te cales.” (Atos18,9)
Por que podemos ser corajosos?
É Jesus que responde: “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado… Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma… até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.” (Mt 10, 23-31) “O Pai vos ama!” (Jo 16,27)
Somos filhos muito amados. A filiação divina em Cristo é a feliz novidade que encanta os Apóstolos e eles anunciam corajosamente. Eles não podem guardar essa alegria só para si. Mesmo enfrentando perigos de vida, sendo rejeitados, eles são impulsionados a atrair outros para participar da felicidade que encontraram. O apóstolo João escreve em sua carta: “O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. Escrevemos-vos estas coisas para que a vossa alegria seja completa.” (I João, 1-4)
São João Paulo II ensinou: “Por obra de Jesus Cristo todos nós podemos participar da vida divina: filhos no Filho, destinados à glória da eternidade… Tocamos aqui o ápice do mistério da nossa vida cristã. O nome ‘cristão’ indica, de fato, um novo modo de ser: existir à semelhança do Filho de Deus. Como filhos no Filho, participamos na salvação, a qual não é apenas libertação do mal, mas é, antes de tudo, plenitude do bem: do sumo bem da filiação de Deus.”
O amor do Pai nos acompanha passo a passo
O Papa Francisco diz que “todo o mistério da oração cristã está resumido aqui, nesta palavra: ter a coragem de chamar Deus com o nome de Pai“. Precisamos acentuar muito mais isso: Nós participamos no maior bem: somos filhos amados do Pai. “O Pai esteve sempre presente na vida de Jesus e ele falava sobre isto. Jesus anunciava o Pai. Falou muitas vezes do Pai que cuida de nós, como cuida dos passarinhos, dos lírios do campo… o Pai. E quando os discípulos queriam aprender a orar, Jesus ensinou-os a rezar ao Pai: ‘Pai nosso’ (Mt 6, 9). Ele dirige-se sempre ao Pai… é como se abrisse as portas da omnipotência da oração. ‘Porque estou no Pai, e o Pai em mim: pedi e Eu farei tudo, mas porque o Pai o fará comigo’ (cf. Jo 14, 11). Confiança no Pai: confiança no Pai, que é capaz de fazer tudo.”.
“O amor de Deus é a lei fundamental do mundo… Se o nosso povo, se nós estivéssemos profundamente imbuídos da ação da Divina Providência, pela entrega filial e sem reservas à Divina Providência, de modo que absolutamente nada nos pudesse perturbar interiormente, percorreríamos o nosso caminho com muita tranquilidade, não ficaríamos nervosos sem necessidade, não perderíamos a coragem e não seríamos pessimistas. Eu até poderia dizer: quanto mais forte brame o vento e as ondas se elevam, tanto mais seguros nos sentimos, abrigados no seio de Deus. Mistério do amor de Deus,” diz o Pe. José Kentenich.
Alegremo-nos!
Maria é chamada Fonte da Alegria, porque ela nos trouxe a salvação. Ela disse para sua prima: “Meu espírito exulta de alegria em Deus” (Lc 1,47) Ela é uma pessoa feliz e corajosa. Tem coragem de responder sim, tem coragem de ir servir sua prima, coragem de silenciar perante José, coragem para procurar Jesus… para acompanhá-lo até a morte e depois dela. A coragem de reunir os Apóstolos em oração a espera do Espírito Santo. Ela é a Mãe corajosa e a alegre que permanece com seus filhos, em seus Santuários.
Pensemos em suas aparições, a começar por Guadalupe. A Virgem escutou com muito cuidado tudo o que Juan Diego tinha para dizer e no final respondeu uma frase que ficou muito famosa: “Que não se perturbe o seu rosto, nem seu coração. Não temas esta doença nem nenhuma outra, não fiques aflito, não estou eu aqui, que sou sua mãe? Você não está debaixo da minha sombra e sob o meu cuidado? Não sou eu a fonte da sua alegria?”
Aqui no Brasil, ao explicar o Ideal Tabor, Pe. Kentenich diz sobre a Mãe de Deus: “Nós acreditamos em sua tarefa, em sua vitoriosidade. Vemos sempre de novo nossa pequenez, mas a verdadeira confiança começa justamente quando não existem apoios humanos.” (9 de abril de 1947)
Somos filhos da confiança
“Alegramo-nos e não permitimos que alguém nos roube esta alegria,” assim Pe. Kentenich introduz seus alunos e cada um de nós na verdade da presença da Mãe e Rainha de Schoenstatt, em seu Santuário, onde ela quer “distribuir seus tesouros e realizar milagres da graça.” Nascemos em Schoenstatt como filhos da confiança vitoriosa de nosso Fundador. Na conferência de Fundação, em 18 de outubro de 1914, ele coloca essas palavras nos lábios de Maria: “Não vos preocupeis com a realização do vosso desejo. Amo aos que me amam. Provai primeiro que realmente me amais e tomais a sério os vossos propósitos.”
Ele nos ensina: “A virtude que deve distinguir o (Brasil) Tabor é a confiança mais absoluta, a firme confiança que a Mãe de Deus revelará suas glórias, embora tenhamos tantas fraquezas humanas.” (10 de abril de 1947) Não importa que tipo de dificuldade tenhamos em nossa vida, em nossa família, em nossa pátria, podemos ter a certeza: A Mãe de Deus vencerá!
Somos alegres e corajosos por sermos amados e isso impulsiona a sermos também apostólicos. O encontro pessoal com Cristo, o Filho muito amado e heroico do Pai, faz de nós personalidades corajosas e ousadas. Nele, nos tornamos capazes de ir ao encontro dos desafios, certos da vitória! No Rumo ao Céu, temos 59 vezes a palavra alegria ou alegre e 16 vezes a palavra vitória ou vitorioso.
Nossa identidade: Confiança Vitoriosa!
No Hino da Minha Terra, que traça as características da Família de Schoenstatt, ele dedica uma estrofe a alegria e outra a vitoriosidade:
603 Conhece a terra impregnada de alegria, porque nela o sol não conhece ocaso; onde os corações vivem serenos, na posse dos bens eternos; onde coração e vontade se deleitam, sem cessar, com os abundantes dons de Deus; onde a vara mágica do amor logo transforma toda a tristeza em alegria?
605 Conhece a terra pronta para o combate, habituada a vencer em todas as batalhas, onde Deus desposa os fracos e os escolhe como instrumentos; onde todos confiam nele heroicamente e não se apoiam em próprias forças; onde, jubilosos, estão prontos a entregar por amor o sangue e a vida?
Em sua última mensagem, poucos dias antes de falecer, ele escreve: “Com Maria, cheios de alegre esperança e certos da vitória, rumo aos novos tempos!” (7 de setembro de 1968)
Por amor, fazemos com alegria a nossa parte!
“Precisamos ver todas as maravilhas… Somos criação predileta e ocupação predileta da querida Mãe de Deus. Ela se ocupa continuamente conosco e ‘retribui fielmente todos os dons de amor’. Esses dons de amor são nossas contribuições para o capital de graças. Nós só precisamos provar nosso amor. Nossa única tarefa consiste em vivermos segundo a Inscriptio e estarmos alicerçados numa confiança inabalável. Nosso Reino é o reino pronto para o combate, o reino da consciência de vitória,” finaliza o Pe. Kentenich (11 de abril de 1947)
Vivamos a Aliança de Amor! Lutemos incansavelmente para elevar a máxima potência os talentos que Deus nos presenteou e colocá-los a serviço da Igreja, para a renovação da socieadde. Lutemos corajosamente para superar os nossos defeitos e os limites de nossa natureza. Busquemos a força na graça imensurável dos sacramentos e na fonte que jorra do Santuário. Empenhemo-nos para ser o cristão ideal de que o mundo precisa e construir o mundo ideal, em que gostaríamos de viver, pois, como escreve o Papa Francisco: “Se vivermos como filhos e irmãos na terra, as pessoas descobrirão que têm um Pai nos céus.” (Twiter, 2 de junho de 2023)
Fonte:
JOÃO PAULO II, Papa. 1º de janeiro de 1997 – www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/1997/documents/hf_jp-ii_hom_19970101_po.html
FRANCISCO, Papa. https://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2020/documents/papa-francesco-cotidie_20200510_pregare-lottando-con-dio.html
FRANCISCO, Papa. https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2017/documents/papa-francesco_20170607_udienza-generale.html
VATICANO, hthttps://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2022/documents/20220625-omelia-famiglie.htmltps://www.a12.com/redacaoa12/liturgia/nossa-senhora-de-guadalupe-nao-estou-eu-aqui-que-sou-sua-mae
KENTENICH, Pe. José. Viver com Alegria V. 1
KENTENICH, Pe. José. Documento de Fundação
KENTENICH, Pe. José. Tabor, nossa missão