Hoje, 21 de maio, encontramos o seguinte artigo no site do Vaticano:
Uma religiosa nas salas do poder da teologia
Francine-Marie Cooper – Durante séculos, os homens presidiram predominantemente o campo acadêmico da teologia e os comitês chaves da Igreja, mas as mulheres têm um papel essencial a desempenhar. A Ir. M. Isabell Naumann, uma religiosa do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, partilha as suas reflexões sobre o seu caminho de mulher em vários papéis de liderança dentro da Igreja.
“Todos os meus predecessores eram sacerdotes e bispos”, explica Ir. M. Isabell com um sorriso. A Irmã de Maria de Schoenstatt refere-se à sua nomeação, como presidente do Instituto Católico em Sidney, na Austrália, a única faculdade eclesiástica no país que confere títulos pontifícios em Sagrada Teologia. A Faculdade foi criada em 1954 para a Austrália, Nova Zelândia e Oceania.
A Ir. M. Isabell Naumann, membro do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt (ISSM), foi nomeada presidente do Instituto Católico de Sidney, em 2018, pelo arcebispo Anthony Fisher. Antes da sua nomeação, durante muitos anos, ela trabalhou como docente no Instituto Católico de Sidney. Sua nomeação como presidente do Instituto foi, no entanto, uma surpresa.
Numa entrevista ao Vatican News, a Ir. M. Isabell afirma: “Não há muitas mulheres na direção de Universidades Católicas. Na nossa, que é de 1880 e tornou-se uma Universidade Pontifícia, em 1956, todos os meus predecessores eram sacerdotes ou bispos”. Três anos após a sua nomeação, como presidente do Instituto Católico de Sidney, em outubro de 2021, a Ir. M. Isabell foi nomeada pelo Papa Francisco como membro da Comissão Teológica Internacional (ITC).
Lidar com questões de grande importância para a Igreja
A tarefa da ITC é ajudar a Santa Sé, especialmente a Congregação para a Doutrina da Fé, a examinar questões doutrinais de maior importância. Os membros são nomeados pelo Santo Padre, por cinco anos, após a indicação do cardeal prefeito da Congregação e depois de ter consultado as Conferências Episcopais. A Ir. M. Isabell é uma das poucas mulheres que fazem parte da Comissão. “Somos apenas cinco mulheres, num grupo de 29 pessoas”, disse ela.
O modo feminino de pensar e de abordar um tema
Na sua opinião, deveria haver uma maior presença feminina em comissões como a ITC. Considera que é importante, “para que tenhamos um pensamento mais complementar… É muito importante porque podemos tratar do mesmo tema, mas com formas de abordagem diferentes e, na minha opinião, este é um complemento muito importante, que precisa de caminhar em conjunto, quando se trata de qualquer assunto teológico”, explica, manifestando a esperança de que no futuro haja mais mulheres nestas comissões.
O Papa Francisco sublinha frequentemente a importância das mulheres e do seu papel na Igreja. Num discurso proferido ao ITC, em 30 de novembro de 2023, afirma: “As mulheres têm uma capacidade de reflexão teológica diferente da dos homens. A Igreja é mulher. E se não soubermos o que é uma mulher, o que é a teologia de uma mulher, nunca compreenderemos o que é a Igreja”. O Papa acrescenta ainda: “E esta é uma tarefa que vos peço, por favor. Tornar a Igreja menos masculina”.
Tendo trabalhado nos círculos eclesiásticos, durante muitos anos, a Irmã Isabell percebeu a contribuição única que as mulheres deveriam dar à Igreja. O carisma mariano da comunidade das Irmãs de Maria de Schoenstatt, à qual a Irmã Isabell pertence, coloca uma ênfase especial em ajudar as mulheres a abraçar e desenvolver a sua identidade feminina, enriquecendo assim a sociedade e a Igreja. No seu trabalho de educação, administração e pesquisa académica para a Igreja, a Irmã vê uma forma concreta de viver o carisma da sua comunidade e contribuir para o aspecto feminino ou mariano dentro da Igreja.
A importância das mulheres na formação sacerdotal
Antes de se tornar presidente do Instituto Católico de Sidney, a Irmã de Maria de Schoenstatt trabalhou durante onze anos como decana de estudos no seminário. “Fui a primeira mulher a ser decana de estudos num seminário (o Seminário do Bom Pastor de Sidney), aqui na Austrália. Normalmente, não é uma mulher”, afirma. Ela fala da importância especial de ter mulheres empenhadas na formação dos sacerdotes. “Foi muito importante”, acrescenta, “porque quando se tratava de decidir: ‘será que este candidato tem realmente vocação?’ os homens abordam o tema, muitas vezes, de um determinado ponto de vista, mas nós, mulheres, sendo mais relacionais, temos uma forma diferente de ver uma pessoa… E, na minha experiência, esta tem sido uma forma muito saudável e correta de tomar uma decisão”. A Ir. M. Isabell resume a sua experiência dizendo: “Percebo como é importante que, sempre que lidamos com a educação, de tudo o que está relacionado com a pessoa humana, é necessário que estejam representados tanto o modo de pensar masculino como o feminino”.
Fonte: Vatican News