Ir. M. Nilza P. da Silva – Como leio ou vejo as notícias? Por mera curiosidade? Sinto que tenho algum compromisso com o conteúdo lido ou visto? Pe. Kentenich nos ensina a olhar para o mundo pelas lentes da Fé Prática na Divina Providência e ele mesmo dá testemunho disso. Um exemplo disso é o ocorrido no dia 18 de julho de 1914.
Nesse dia, os palotinos da casa em Schoenstatt recebem um jornal que assinavam: Panorama Geral, de edição semanal. Pe. Monnerjahn nos conta o que aconteceu, então:
“No ‘Panorama Geral’, jornal semanal de Munique, na edição de 18 de julho, Pe. Kentenich leu um relato do conhecido capuchinho, Pe. Cipriano Froehlich, sobre a origem de um lugar de peregrinações no Vale de Pompéia, perto de Nápoles. Este relato despertou nele uma série de perguntas, principalmente esta: o que aconteceu no Vale de Pompéia não poderia se tornar realidade também em outro lugar, por exemplo, em Schoenstatt?”[1]
Ou seja, Pe. Kentenich não somente lê o artigo, mas, reflete sobre seu conteúdo e se pergunta pela mensagem que Deus lhe dá por meio daquele texto. Para ele, o papel das mídias é muito mais do que saciar curiosidades ou atrair seguidores, mas, é ser um meio pelo qual Deus fala com seu povo.
Por isso, quando ele iniciou sua atuação como diretor espiritual, em Schoenstatt, já em 1912, ao iniciar, com os seminaristas, a Associação Missionária, colocam como um de seus objetivos “a propagação da boa imprensa”.
Como educador motivava seus alunos a leitura de revistas, como vemos na biografia de José Engling, eles liam com muito interesse a revista “Estandarte de Maria”[2]. Animava-os também para, durante as férias, divulgar e vender boas publicações. “Um queria vender almanaques, revistas e estampas religiosas. Outros ainda propuseram se propagasse o livrinho: ‘Chave de ouro do céu’.”[3]
Pe. Kentenich acreditava que pelas publicações, Deus poderia tocar o coração das pessoas, elas poderiam também despertarem-se para amar mais e viver melhor sua fé.
Mas, voltando ao 18 de julho, numa conferência para as Irmãs de Maria, aqui no Brasil, em 18 de agosto de 1949, Pe. Kentenich disse:
“Sempre deixei que o bom Deus me mostrasse pela situação o que eu devia fazer concretamente… Ainda sabem como cheguei à (idéia) da Capelinha? Um dia, folheei uma revista… foi uma condução singular…
A Fé na Providencia tornou-se para mim uma verdadeira cosmovisão… a marca original de nossa Família é acreditar que Deus nos fala por meio das circunstâncias… sem ousadia na fé não é possível. É um tipo de fé muito rara no mundo.
Naquelas alturas, milhares de pessoas leram a revista sobre o lugar de peregrinação de Pompéia. Mas, quando chegou nas minhas mãos, pensei se não seria possível fazer o mesmo ali. Deus fala por meio das circunstancias…”[4]
Sabemos que ele continuou a refletir sobre o que leu e apenas três meses depois, pela Aliança de Amor, a pequena Capelinha de São Miguel se tornou o Santuário da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Uma iniciativa que surgiu de uma leitura de jornal, sob o olhar de fé na Divina Providência.
Aproveitemos esse dia da Aliança de Amor, 18 de julho, para refletir:
- Como lemos, ouvimos ou assistimos nas mídias?
- Será que Deus não nos envia mensagens também por meio delas?
Leia aqui o artigo que o Pe. Kentenich leu em 18 de julho de 1914
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Fontes:
[1] Pe. Monnerjahn. Uma vida pela Igreja, p. 57
[2] Olivo Cesca. Heroi de duas espadas, p. 74
[3] Olivo Cesca. Heroi de duas espadas, p. 122
[4] Pe. José Kentenich, Retiro da Filialidade Heroica, agosto de 1949