Pe. Gabriel Oberle – Ainda que não esteja explícito nos Evangelhos que a mulher que está prestes ser apedrejada por ter sido flagrada em adultério seja a mesma Maria Madalena que aparece em outros momentos dos textos, essa é a primeira passagem que nos vem à cabeça quando pensamos nesta grande santa. Talvez seja por quê nos encontramos com uma pessoa que é praticamente salva da morte por Jesus ou pela mudança de atitude das outras pessoas que vão desistindo de jogar as pedras, desde o mais velho até o mais jovem. A passagem do capítulo oito do Evangelho de João nos faz pensar também em nós mesmos, em nossos pecados: “aquele que não tiver nenhum pecado, que atire a primeira pedra” (cfr. Jo 8,7). Quando cada um reconhece sua pequenez, se abre o coração para aceitar os erros dos demais.
Além desse grande momento que nos ajuda a olharmos para nós mesmos, Maria Madalena, que foi libertada de sete demônios (Mc 16,9) e que acompanhou Jesus até a cruz (Jo 19,25), foi também quem primeiro viu ao Senhor Ressuscitado.
Por quê Jesus apareceu em primeiro lugar a ela?
Por quê Ele a escolheu para anunciar aos outros discípulos a Ressurreição?
É bonito e curioso acompanhar o texto do Evangelho de João que narra o encontro de Maria com o Ressuscitado (Jo 20): Ela se assusta por ver que a pedra já não estava no seu lugar, logo depois vê a dois anjos que perguntam o motivo pelo seu choro e então ela é interrogada pelo próprio Jesus: por quê choras?
O choro de Maria a impede de reconhecer Jesus
Ficar olhando para sua própria tristeza, não a deixa ver Cristo a sua frente. Maria acredita que está conversando com um jardineiro, inclusive depois de ter visto a dois anjos no túmulo vazio. Sua tristeza fecha seus olhos e seu coração.
Quantas vezes nós nos fechamos em nossas tristezas?
Quantas vezes deixamos de ver Jesus por dar mais valor aos problemas em nossas vidas?
Quantas vezes nos fechamos em nossos sentimentos?
Aquelas pessoas que deixaram as pedras por reconhecer que também eram pecadores, deixaram Maria livre para seguir a Jesus, porém ela também estava presa nos seus medos. E seu maior medo era de não ter seu mestre ao lado.
Quantas vezes, como Maria, nos fechamos em nossos medos?
Maria seguiu Jesus até a cruz e ali viu o Salvador ser humilhado e morto, ainda assim não o abandonou. Ela seguiu os que levavam seu corpo até o sepulcro e, no dia seguinte, antes mesmo de amanhecer, ela já estava junto ao túmulo. Em seu interior se misturava a esperança e a tristeza.
Maria! Sou eu!
Maria! Jesus a chama pelo nome, fala com ela como sempre falou: com amor. Maria! Sou eu! Maria! Você foi libertada dos demônios que te atormentavam! Maria! Eu estou vivo! Maria! Deixa de lado tua tristeza e olha para mim! Maria! Quando te encontrei pela primeira vez, você olhava para o chão, com medo de ser apedrejada e marcada por teus pecados, mas isso ficou para trás! Maria! Olha para cima, veja a luz, sou eu! Ao reconhecer Jesus a sua frente, Maria exclama “Rabuni”, o chama de Mestre, deixa as lágrimas de tristeza e volta a sua posição de seguidora de Cristo.
O modo como Maria reage ao encontrar ao mestre vivo, revela a atitude que cada um de nós precisa ter como cristão. Ela não negou que havia pecado, mas aceitou ser perdoada e mudou o caminho da sua vida; ela sofreu pela morte de alguém muito amado, mas manteve a chama da esperança acesa em seu coração; ela até se confundiu em meio aos acontecimentos, mas se levantou e foi anunciar aos demais que Ele estava vivo. Em nossas vidas podemos passar por diversas situações difíceis, mas podemos voltar a olhar para cima, sair de nossas tristezas, e ver que Jesus está do nosso lado e nos chama pelo nome.
Maria! José! Ana! João! Silvia! Gustavo! Miguel! Helena! Arthur! Alice! Theo! Laura! Gabriel! Sou eu! Estou ao teu lado! Vai anunciar a todos que estou vivo!
Muito bom o desenvolvimento do texto
Que maravilha, temos Jesus conosco, que Ele nos ilumine.