Schoenstatt veio ao encontro de sua vida nas horas de maior provação
Karen Bueno – No calendário hagiológico (dos santos), em 2 de agosto a Igreja recorda o Beato Pe. Gerhard Hirschfelder. Ele, jovem sacerdote polonês, pertenceu ao primeiro círculo de padres schoenstattianos presente no campo de concentração de Dachau. Pe. Hirschfelder foi proclamado beato como “mártir e testemunha da fé”, em 2010, após análise da Congregação para a Causa dos Santos e aprovação do Papa Bento XVI.
Mas, como Gerhard Hirschfelder se tornou integrante do Movimento de Schoenstatt? Foi a partir do contato com o fundador da Obra, o Pe. José Kentenich.
Em 23 de agosto de 1942, Pe. Kentenich foi transferido do bloco de entrada para o bloco 28, dos sacerdotes poloneses. Esteve em grande proximidade com sacerdotes dali e, como não dominava o idioma polonês, neste bloco ele fazia as conferências apenas em latim. Pe. José Kentenich “permaneceu em íntimo contato com seus co-irmãos poloneses, mesmo depois de sua transferência para o bloco dos sacerdotes alemães. Quando, nos anos seguintes, foi lhe possível receber, por caminhos secretos, hóstias e vinho para a celebração da santa missa no campo, cedia sempre uma parte destas para que os sacerdotes poloneses pudessem celebrar o ‘culto divino nas catacumbas’. Daí pode-se compreender que foram os sacerdotes poloneses os primeiros a se inscreverem nos grupos schoenstattianos em Dachau”.[1]
Um modelo para os jovens
O Pe. Gerhard Hirschfelder nasceu em 17 de fevereiro de 1907, no condado de Glatz, na Silesia. Foi ordenado sacerdote em 1932 e grande parte do seu ministério foi dedicado ao trabalho com a juventude, como responsável pela pastoral juvenil diocesana. Em suas homilias, denunciava os excessos e a violência do nazismo e, por consequência disso, foi preso em 1941, durante uma reunião com jovens.
Durante os mais de 4 meses que permaneceu na prisão, em Glatz, escreveu uma oração da Via Sacra e algumas reflexões sobre o sacerdócio, o matrimônio e a família. Foi transferido ao campo de concentração de Dachau em 15 de dezembro de 1941.
Um grupo de vida se forma
O Pe. Kentenich, nos encontros que teve com os sacerdotes schoenstattianos no campo de concentração, “não pretendia despertar emoções passageiras. Antes, era um programa de esforço comum, e a longo prazo, de todos os sacerdotes prisioneiros de Dachau. […] o Pe. Kentenich tinha em mente que o tempo que os sacerdotes, segundo disposição da Divina Providência, deviam passar em Dachau devia ser aproveitado como uma espécie de segundo seminário para continuarem a se formar como sacerdotes e pastores de almas. Isto lhes possibilitaria aproveitar a experiência do campo de concentração para, na nova situação da Igreja e dos fiéis do pós-guerra, desenvolver um apostolado fecundo”.[2]
Continuar a formação e aprofundar sua espiritualidade era a intenção do Pe. Gerhard Hirschfelder ao participar desse grupo de vida. No entanto, ele não pode colocar tudo o que aprendeu no campo à disposição de sua comunidade, pois faleceu, por fome e por uma grave pneumonia, em 1º de agosto de 1942 – suas cinzas estão enterradas na cidade polonesa de Czermna (Tscherbeney), onde o Pe. Hirschfelder atuava como capelão antes de ser preso.
Construtor de pontes para uma Europa unida
Para a Causa de Beatificação do Pe. Gerhard Hirschfelder foram reunidas mais de 10 mil assinaturas da Alemanha, Polônia e República Tcheca. Diante deste número, o prelado decano de Glatz, Pe. Franz Jung, disse que o beato pode ser “um construtor de pontes para uma Europa unida”.
[1] MONNERJAHN, Engelbert. Padre José Kentenich: Uma Vida pela Igreja
[2] Idem