Por que é importante sempre rezar pelos nossos filhos?

 

Rezar é um ato de confiança, de entrega e também de humildade

Ana Paula Paiva – Rezar é conversar com Deus: escancarar o coração para o próprio Coração do Pai, para o Amor. Deve ser simples, orgânico, profundo e sincero. Deve ser atento e verdadeiro. E se é verdade que Deus ouve a cada um de nós, é verdade também que rezar pelas pessoas que amamos é um enorme ato de carinho, entre eles, nossos amados filhos.

A Deus podemos contar tudo, não é verdade? Podemos lhe dizer o que se passa no mais íntimo e profundo e, embora Ele já saiba de tudo, é conveniente que humildemente Lhe entreguemos o leme de nossas vidas e de nossa história. Deus não precisa de nosso amor, evidentemente, mas se alegra com nossa disponibilidade e, especialmente, com nossa filialidade.

Catarina Kentenich, mãe do Fundador de Schoenstatt, nos traz um exemplo bem claro de uma oração singela e profunda, ainda que marcada pelo medo e a angústia. Foi aos pés de Nossa Senhora do Rosário que ela entrega o pequeno José aos cuidados de Maria, confiando à Mãe de Deus a educação, o futuro, a saúde e os planos de Deus para a vida do menino. Catarina pede que Maria seja a mãe de seu filho, já que ela não estará mais cotidianamente ao lado dele.

Entre as santas mulheres que também foram mães, há diversos outros exemplos que nos mostram a importância de conversar com Deus sobre tudo, especialmente sobre as relações familiares e sobre nossos filhos. Santa Zélia Martin, mãe de Santa Terezinha do Menino Jesus, é um bom exemplo de uma mãe, de vários filhos, esposa e empresária, que conseguia dedicar-se a Deus e à família, sem se esquecer de rezar e pedir o auxílio da Graça para sua missão como mãe, confiando cada uma de suas filhas ao Senhor. Temos também Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, cuja oração foi determinante para a conversão de seu filho – sem a sua suave violência, Agostinho não teria conseguido vencer a si mesmo e suas paixões, tornando-se santo e doutor da Igreja e conduzindo tantas almas a Deus. Temos também Santa Gianna, Santa Ana e Santa Isabel, Santa Rita de Cássia, Santa Helena (mãe de Constantino), entre outras. São muitos exemplos lindos de mulheres fortes, mães de família, que zelavam pela espiritualidade de suas famílias e nunca se esqueciam de dobrar seus joelhos para recomendar seus filhos a Deus.

E, claro, temos Maria, mãe do Jesus e que, ainda que Salvador fosse, teve uma mãe aqui na terra para por Ele rezar. Que bonito e que grande exemplo de amor e doação!

Tomamos sempre o cuidado de zelar pela infância de nossos filhos, não é mesmo? Sabemos o que podem e não podem comer, o que não devem assistir até determinada idade (ou nunca), a hora em que devem dormir. Decoramos os horários do remédio, ensinamos as letras do alfabeto, a pedalar, a se aventurar.

Por que seria diferente em nossa dimensão transcendental? É evidente que se zelamos materialmente, também o devemos fazer espiritualmente. Se ajuntamos capitais materiais para seus estudos, como lembra o Fundador, por que não ajuntar também capitais de graça? Rezar por nossos filhos é um ato de confiança em Deus. A Ele entregamos a condução de suas vidas: suas escolhas, seu futuro, sua saúde, as experiências pelas quais devem passar, suas vocações. Mas é também um ato de humildade: quando rezamos por eles dizemos a Deus: até aqui eu posso ir, depois, só Tu Senhor. Só Tu podes conservar, com Tua Graça, a pureza de nossos filhos, só Tu podes suprir as falhas maternas e paternas na condução da educação deles, só Tu podes guardar a cada um, especialmente quando não estão sob nosso olhar.

Rezar por nossos filhos conforta o nosso coração e o deles. Estamos, juntos, pulsando pelo mesmo ideal e debaixo do mesmo manto protetor e com fidelidade entregamos nossas famílias aos cuidados de Deus, Pai de bondade. Que nunca percamos a fé e a esperança e que nunca deixemos de renovar nossa oração por nossos filhos. Não tenho dúvidas que Maria, que também é Mãe, nos entenderá muito bem.

 

Publicado em 2021