Ir. M. Nilza P. da Silva – Cada peregrino que chega com fé ao Santuário Nacional de Aparecida tem como o ponto máximo do dia passar diante da pequena imagem, trocar olhares com ela e repousar o coração de filho em seu coração de Mãe.
“Sob este manto, do azul do céu, guardai-nos sempre, ó Mãe de Deus”, assim ressoa por toda a basílica a súplica confiante de milhares de devotos, sob o olhar da Imaculada Conceição.
O significado do manto real
Um rei ou rainha usa, em ocasiões especiais, o manto, que é sinal de sua missão de proteger o seu povo. O “Manto Sagrado de Nossa Senhora” remonta à idade média. Bernhard Bartmann escreve a respeito: “Na idade média era costume as rainhas abrigarem sob o seu manto um fugitivo que buscasse auxílio e assim o cobrisse e protegesse toda a dignidade de sua pessoa. Além disso, a pessoa coberta pelo manto era reconhecida e defendida como propriedade da Senhora Rainha.”[1]
O primeiro manto real foi dado a Nossa Senhora Aparecida em abril de 1922, por Dom Pedro I, então príncipe regente do Brasil – aproximadamente, em 1888, a Princesa Isabel doou o manto azul. Mas, desde que surgiu, em outubro de 1717, a Mãe Aparecida acolhe sob seu manto seus filhos mais necessitados. Ex. O escravo Zacarias, refugiou-se sob seu manto e recebeu um dos primeiros milagres: a libertação das algemas.
A rede é seu manto
Maria escolhe a rede de pesca como seu primeiro manto real. Ao iniciar a missão dada por Deus, em sua imagem de Aparecida, ela escolhe entrar na história humana revestida com o manto de uma simples rede de pesca. Isso tem um significado muito profundo: Uma rede não é lugar de ponto final, é apenas passagem. A Rainha entra na vida dos brasileiros com o manto do poder amoroso de enlaçar corações entre si e com seu Filho Jesus, para levá-los ao Pai.
Como em Caná, ela é a Mãe e Educadora que nos ajuda a enlaçar nossa vida com Cristo: “Fazei tudo o que Ele vos disser.” (Jo 2,5) Não tenhamos medo de amar Maria e refugiar-nos sob seu manto. “O seu manto está sempre aberto para nos acolher e recolher-nos… nos momentos turbulentos, é preciso acolhermo-nos sob o manto da Santa Mãe de Deus,” diz o Papa Francisco.[2]
Nós e nossa pátria temos o direito de abrigo sob seu manto
Chama-nos a atenção que a imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt também se apresenta com um manto azul. É a mesma Maria, a Mãe e Rainha de misericórdia, que quer abrigar sob seu manto todos os que a ela acorrem.
Pe. Kentenich ensina:
“Se nos consagrarmos diariamente com nossa família e todo o nosso povo à querida Mãe de Deus, se selarmos diariamente a Aliança de Amor, teremos, com todo o nosso país, o direito de abrigo sob o seu manto. Então, podemos esperar que nossa pátria seja preservada de uma grande catástrofe. Se não for esse o plano de Deus, podemos estar certos de que a Mãe de Deus se comprovará como a grande Educadora do nosso povo. Em meio às tempestades dos nossos tempos nosso povo pode tornar-se assim o mais semelhante possível a Cristo crucificado que venceu a morte e o demônio.”[3]
Estendamos o manto
Como Maria, estendamos aos nossos irmãos o manto de nosso amor, de nossa benevolência e atenção. Nossas ações sejam fios que tecem redes de vínculos verdadeiros, que enlaçam as pessoas à Mãe, ao Santuário, para que ela os leve, em Cristo e no Espírito Santo ao Pai.
Veja também: O significado do Manto da Mãe e Rainha
Referências
[1] Livro: Maria, Mãe e Educadora, homilias do Pe. Kentenich na quaresma de 1954
[2] Papa Francisco em 28 de janeiro de 2018
[3] Livro: Maria, Mãe e Educadora, homilias do Pe. Kentenich na quaresma de 1954