Em 22 de outubro de 1965 o Papa Paulo VI encerra oficialmente o exílio do Pe. Kentenich
Jaqueline Montoya – Foram exatos 14 anos de exílio, até que a Mãe se “clarificou”! O dia 22 de outubro é marcado por mais uma prova do amor e da fidelidade do Pe. José Kentenich à Igreja. Nesta data, em que toda Família celebra o 4º Marco Histórico, o Papa Paulo VI confirmou a decisão de encerrar o exílio do fundador e suspender todas as proibições relacionadas com sua separação de Schoenstatt.
O que o bom Deus quer nos dizer por meio deste acontecimento?
Se olharmos para o tempo de exílio com os olhos humanos, somente veríamos a cruz e o sofrimento. O Pai, ao contrário, sempre se perguntava “O que o bom Deus quer nos dizer através deste acontecimento?”. Esta fé prática, vivida, fez com que os 14 anos separado de sua Obra não fossem em vão. Quantos frutos a Família de Schoenstatt colheu neste tempo de dificuldades? Estes anos foram fundamentais para moldar e unir os corações daqueles que compunham a Família de Schoenstatt. Nos Estados Unidos, em Milwaukee, local onde o Pai permaneceu neste período, outra fonte de graças, com mais frutos, como por exemplo a instituição do Santuário Lar.
Dilexit ecclesiam – Amou a Igreja
A filialidade e o amor à Igreja foram marcas dos longos 14 anos afastado de Schoenstatt. Em nenhum momento via-se o Pai revoltado, contestando a decisão do exílio. Pelo contrário, sua confiança inabalável na missão de Schoenstatt se manteve intacta. Sua serenidade em meio ao “caos” fez com que muitos sequer soubessem que ele estava exilado. Sua atitude de entrega e sacrifício nos são lições valiosas para os dias de hoje.
As incompreensões sofridas não o distanciaram da Igreja, mas reforçaram seu amor. Foi do próprio Pe. Kentenich o pedido expresso para que em seu túmulo fosse gravada a frase “Dilexit ecclesiam” (Amou a Igreja). Esta mensagem é uma missão para toda Família, herança direta do fundador.
O amor nasce da cruz
Anos depois de sua libertação, o próprio Pai admite: “Esses anos foram as 14 estações da via-sacra que tivemos que percorrer”¹. Vale lembrar que o fim do exílio coincide com um novo tempo para a Igreja: a última sessão do Concílio Vaticano II. Os novos tempos que surgiriam para a Santa Sé ajudaram na compreensão de muitos pontos antes questionados na Obra de Schoenstatt. Mais uma vez a providência agia e também indicava como Schoenstatt é chamado a contribuir na missão da Igreja dos “novos tempos”.
Por fim, como mais um presente inesperado, a permanência do Pe. Kentenich em Roma nesse período fez com que pudesse conversar com muitos bispos de diversas partes do mundo, em especial onde Schoenstatt já existia. Pe. Esteban J. Uriburu detalha o diálogo de Dom Adolfo Tortolo, arcebispo de Paraná, Argentina, com o Pai: “Não falava nada de seu passado. Com admirável serenidade falou-me de seu dogma favorito: O Pai Celestial e a sua Divina Providência. Não eram conceitos, eram vivências que enchiam o seu espírito”. Em um segundo encontro, outra frase marcou-o profundamente “quem não vive a sua filiação divina em relação ao Pai Celestial, é um órfão”.
Aos 79 anos, mesmo depois de toda cruz e sofrimento que carregou, Pe. Kentenich ainda era capaz de falar do amor e da fé prática na Divina Providência, o motor que conduziu sua vida. Que esta seja nossa grande lição do 4º Marco: aprender a amar e entregar-se, mesmo quando vierem as dificuldades e incompreensões do dia a dia. Com o Pe. José Kentenich, rezemos: “Quero carregar alegremente a lasca da cruz que o Pai me envia, pelas circunstâncias da vida, para que a Inscripitio se comprove autêntica meu ser e agir louvem filialmente o Pai” (Rumo ao Céu, 255).
¹URIBURU, Pe. Esteban J. Um profeta de Maria – Biografia do Padre José Kentenich, páginas 157/158.
Publicado em: 22 de out de 2021
Gratidão Jaqueline Montoya por esse texto que nos lembra com tanta clareza a vida do pai na providência divina, o exemplo do pai para toda a família nos momentos difíceis da vida.
Amei nos lembrar que a cada momento da vida devemos rezar:
Quero carregar alegremente a lasca da cruz que o Pai me envia, pelas circunstâncias da vida, para que a Inscripitio se comprove autêntica e meu ser e agir louvem filialmente o Pai” (Rumo ao Céu, 255).