Ir. M. Nilza P. da Silva – A oração da Ave Maria é a mais antiga oração mariana do cristianismo. Já no século III, é grafada numa coluna da Basílica da Anunciação, em Nazaré, um grafite com as palavras do anjo: “Ave Maria”. Não se sabe ao certo, como surgiu composição completa, unindo a saudação do Anjo com a de Isabel, que compõe a primeira parta de oração: Ave Maria, cheia de graças, o Senhor é convosco (Lc 1,28). Bendita sois vós entre a mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus (Lc 1, 42). Durante mais de mil anos a oração da Ave Maria era somente essa primeira parte.
A segunda parte da oração
O início da segunda parte, de acordo com pesquisas realizadas, embora se encontre algumas pregações e livros que citem a intercessão de Maria, é somente na Divina Comédia, Dante († 1321) que surge a expressão: “…e o fruto do teu ventre que rogo para nos guardar do mal, Jesus Cristo (…) Rogai a Deus para que nos perdoe e nos dê graça para viver de tal maneira aqui na terra que ele nos dê o paraíso quando morrermos.”
De acordo com especialistas em História da Igreja, esse trecho que diz “agora e na hora da nossa morte” foi acrescentado no século XIV, durante a terrível Peste Negra que causou milhões de mortes na Europa. Num um breviário cartuxo, de 1350, lê-se: “Sancta Maria, ora pro nobis peccatoribus, nunc e in hora mortis. Amém” (Santa Maria, rogai por nós pecadores, agora na hora da morte. Amém)
Uma longa história
Mas, havia algumas versões longas da Ave Maria. A versão que rezamos hoje, tem sua versão nos breviários do século XVI (o dos Trinitários de 1514, dos Franciscanos de 1525, dos Cartuxos de 1562) e é introduzido no breviário romano revisado e editado pelo Papa São Pio V em 1568. Logo, entre a saudação do anjo Gabriel e a consagração oficial da Ave Maria, há uma longa história de mais de 1.500 anos.
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O significado da oração
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“Ave, Maria (alegrai-vos, Maria)”. A saudação do anjo Gabriel abre esta oração. É o próprio Deus que, por intermédio do seu anjo, saúda Maria. A nossa oração ousa retomar a saudação a Maria com o olhar que Deus pôs na sua humilde serva, alegrando-nos com a alegria que Ele n’Ela encontra.
“Cheia de graça, o Senhor é convosco”. As duas palavras da saudação do anjo esclarecem-se mutuamente. Maria é cheia de graça, porque o Senhor está com Ela. A graça de que Ela é cumulada é a presença d’Aquele que é a fonte de toda a graça. “Solta brados de alegria filha de Jerusalém; o Senhor teu Deus está no meio de ti” (Sf 3, 14. 17a). Maria, em quem o próprio Senhor vem habitar, é em pessoa a filha de Sião, a arca da aliança, o lugar onde reside a glória do Senhor: é “a morada de Deus com os homens” (Ap 21, 3). “Cheia de graça”, Ela dá-se toda Aquele que n’Ela vem habitar e que Ela vai dar ao mundo.
“Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. Depois da saudação do anjo, fazemos nossa a de Isabel. “Cheia do Espírito Santo” (Lc 1, 41), Isabel é a primeira, na longa sequência das gerações, a declarar Maria bem-aventurada (26): “Feliz d’Aquela que acreditou…” (Lc 1, 45); Maria é “bendita entre as mulheres”, porque acreditou no cumprimento da Palavra do Senhor. Abraão, pela sua fé, tornou-se uma bênção “para todas as nações da terra” (Gn 12, 3). Pela sua fé, Maria tornou-se a mãe dos crentes, graças a quem todas as nações da terra recebem Aquele que é a própria bênção de Deus: Jesus, “fruto bendito do vosso ventre”.
“Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós…”. Com Isabel, também nós ficamos maravilhados: “E de onde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?” (Lc 1, 43). Porque nos dá Jesus, seu Filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos confiar-lhe todas as nossas preocupações e pedidos: Ela ora por nós como orou por si própria: “Faça-se em Mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com Ela à vontade de Deus: “Seja feita a vossa vontade”.
“Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte”. Pedindo a Maria que rogue por nós, reconhecemo-nos pobres pecadores e recorremos à “Mãe de misericórdia”, à “Santíssima”. Confiamo-nos a Ela “agora”, no hoje das nossas vidas. E a nossa confiança alarga-se para lhe confiar, desde agora, “a hora da nossa morte”. Que Ela esteja então presente como na morte do seu Filho na cruz e que, na hora do nosso passamento, Ela nos acolha como nossa Mãe, para nos levar ao seu Filho Jesus, no Paraíso.
Em Schoenstatt
Por nossa grande missão mariana a oração da Ave Maria faz parte de nosso cotidiano, talvez seja a que mais rezamos. Ao entrarmos no Santuário, tanto o quadro da Ave Maria quanto as portas do Tabernáculo remetem-nos ao momento da Anunciação. Quantas milhares de vezes, a Mãe de Deus ouve essa saudação e súplica de schoenstattianos em todos os países, idiomas e culturas. Pelo Terço dos Homens e a Campanha da Mãe Peregrina, formamos uma infinda orquestra, que entoa a Ave Maria, alegrando o coração de Nossa Senhora.
Nosso Fundador, Pe. José Kentenich, diz: “Deveríamos ser totalmente marianos, deveríamos ser apóstolos duma profunda veneração a Maria. Este é o espírito que a Mãe de Deus quer presentear-nos aqui, de maneira especial. É espírito mariano, fidelidade mariana à Aliança, que nos leva sempre mais à Aliança de Amor com Jesus.
Sim, a Aliança de Amor com a Mãe de Deus nos assegura a Aliança com Deus Pai e com o Espírito Santo. O homem todo é abrangido. Não basta, portanto, que uma ou outra vez rezemos uma Ave Maria ou o Anjo do Senhor. Não, não! O espírito de Schoenstatt deve compenetrar-nos. Um espírito pronunciadamente mariano.”
Fonte:
Catecismo da Igreja Católica
GUILLAUME, Dom Paul-Marie. Je vous salue Marie une longue histoire (manuscrito)
KENTENICH, Pe. José. O Fundador nos fala, conferências para a Liga das Mães
Como e lindo o mistério de jesus Cristo, rico em graças e sabedoria, bendita és tu mãe de Deus.
Amém 🙏