Flávia Ghelardi – Na bula de proclamação do Ano Santo, 2025, o Santo Padre Papa Francisco anuncia o lema: “A esperança não engana”. Ele deseja que esse Jubileu seja ocasião de reanimar a nossa esperança.
A esperança é uma virtude teologal
A esperança, junto com a fé e a caridade, é uma das virtudes teologais, que são aquelas que “fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão. Informam e vivificam todas as virtudes morais” (CIC 1813). A maior esperança do cristão é estar, um dia, na felicidade eterna junto à Santíssima Trindade, no Céu. É essa esperança que deve mover e orientar todas as nossas ações.
Nossa esperança é o Céu!
O Papa Francisco, nesta Bula Misericordiae vultus (MV), nos ensina: “Tudo o que agora vivemos na esperança, veremos, então, na realidade. A propósito, escreveu Santo Agostinho: ‘Quando me unir a Vós com todo o meu ser, não existirá para mim em lado algum dor e tristeza. A minha vida será uma vida verdadeira, totalmente cheia de Vós…’ Precisamos duma felicidade que se cumpra definitivamente naquilo que nos realiza, ou seja, no amor, para se poder dizer já agora: sou amado, logo existo; e existirei para sempre no Amor que não desilude e do qual nada e ninguém me poderá separar” (MV, 21)
Nossa esperança é o Céu! É saber que tudo o que experimentamos nessa vida deve ser um caminho que nos leva a essa felicidade plena e infinita junto de Deus, ou seja, ao Amor. Podemos esperar porque Jesus, por sua Paixão, Morte e Ressurreição, abriu as portas do Céu para cada um de nós. Ele é a razão da nossa esperança.
O alimento de nossa esperança
Precisamos cuidar para que, em meio às adversidades de nossa vida, nossa esperança não diminua. Para alimentá-la, nós schoenstattianos, temos um verdadeiro banquete: a Aliança de Amor! Devemos nos recordar sempre dessa Aliança, pois por causa dela: “Eu pertenço à Mãe e Ela me pertence!” (Pe. Kentenich)
A esperança encontra, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais elevada. N’Ela vemos como a esperança não é um efémero otimismo, mas dom de graça no realismo da vida, nos diz o Santo Padre. (MV, 24) A Mãe de Deus é a grande testemunha da esperança, e podemos sempre pedir-lhe ajuda para que nossa esperança nunca se enfraqueça.
Em virtude da nossa Aliança com Maria, temos a certeza de que ela sempre será fiel às suas promessas e nos levará pela mão no caminho que conduz à felicidade eterna no Céu. De nossa parte, devemos nos esforçar para cumprir as exigências, especialmente a do fiel e fidelíssimo cumprimento do dever e da zelosa vida de oração.
Viver nossa Aliança de Amor
Por meio de uma intensa vida de oração, já conseguimos experimentar um pouquinho do Céu ainda aqui. No Céu estaremos plenamente unidos com Deus, que é amor infinito. Mas, já aqui podemos buscar cada dia mais essa união, especialmente na frequência aos sacramentos da confissão e da Eucaristia. A meditação diária sobre os acontecimentos de nossa vida, como nos ensina o Pe. Kentenich, nos ajuda a enxergar a providência divina agindo no cuidado conosco e com quem amamos. Assim podemos dar uma resposta amorosa ao Pai, fortalecer nossa esperança de um dia poder agradecer “pessoalmente” tanto amor e tanto cuidado que recebemos.
O empenho para cumprir da melhor maneira possível nosso dever de cada dia, fazer o ordinário extraordinariamente bem, é outra forma de demonstrar nosso amor pela Santíssima Trindade e pela Mãe de Deus, pois assim vamos lapidando nosso ser, tirando aquelas impurezas, com a ajuda da graça, para que, ao fim da vida, sejamos verdadeiramente santos e possamos ir direto para o Paraíso. Essa luta também anima nossa esperança, afinal sabemos o porquê lutar e para quem estamos empreendendo essa batalha.
Portadores da esperança
Somos chamados também a transmitir essa esperança para os outros. Todas as pessoas que vão a um Santuário de Schoenstatt recebem a graça do ardor apostólico. Animados por essa graça, devemos seguir o conselho de São Pedro: “Portanto, não temais as suas ameaças e não vos turbeis. Antes, santificai em vossos corações Cristo, o Senhor. Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito” (1Pd 3,15)
Por nosso modo de ser as pessoas devem experimentar a alegria que sentimos por termos sermos salvos. Nós precisamos saber transmitir a razão dessa alegria, dessa esperança, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, filho de nossa querida Mãe e Rainha. Podemos também comunicar e repartir com os outros o nosso banquete, que é a Aliança de Amor.
“Deixemo-nos, desde já, atrair pela esperança, consentindo-lhe que, por nosso intermédio, se torne contagiosa para quantos a desejam. Possa a nossa vida dizer-lhes: «Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor» (Sal 27, 14). Que a força da esperança encha o nosso presente, aguardando com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a Quem é devido o louvor e a glória agora e nos séculos futuros.” (MV, 25)
A Esperança sempre esteve presente na história de Schoenstatt. Desde sua fundação, o Pe. Kentenich guiou a Família por um caminho de Esperança, mesmo nos momentos mais sombrios. No livro “Pe. Kentenich uma vida pela Igreja” encontramos, nos relatos sobre de Dachau, o que o Diretor da Cáritas Alemã, João Carls, de Wuppertal escreve em suas memorias: “Devemos muito ao Pe. Kentenich, que, à noite, na rua do bloco e mais tarde num canto do dormitório, dava pontos de meditação. Por muito tempo, este foi o único alimento espiritual que recebemos”.
Gostou deste artigo? Nos próximos meses, haverá mais temas sobre a esperança, a fim de nos motivar a, à luz da nossa Aliança de Amor, viver bem o Ano Santo, jubileu de 2025 anos do nascimento de Jesus.