Estas semanas de Advento têm um duplo sentido: são um tempo de preparação para o Natal e, também, se recorda a segunda vinda de Cristo, no final dos tempos.
Um tempo de alegre espera
Advento é, por isso, um tempo de alegre espera na dupla vinda do Senhor. Nos primeiros dias, destaca-se mais a esperança na segunda vinda de Cristo. Nosso caminho é um caminho de lutas, de tentações, de escuridão. Entretanto, aquele que vive na espera da vinda do Senhor não se detém, nem se acomoda, mas, sim, caminha na luz de Cristo, valendo-se desse tempo de decisão: “Vós sabeis em que tempo vivemos e que já é hora de despertar”. Esse tempo é, para nós, o último tempo: hoje decidimos nosso futuro, nossa vida eterna.
O Evangelho nos mostra muito claramente as consequências de nossa decisão: uns serão aceitos, outros serão rejeitados por Deus: “Entre dois homens que estiverem no campo, um será levado e outro será deixado. De duas mulheres que estiverem moendo, uma será levada e outra será deixada”.Esse tempo nos recorda também nossa morte; assim como o retorno de Cristo, ambos serão inesperados; como um ladrão na noite, será repetido como o dilúvio. Para sermos aceitos como amigos, ao final de nossa peregrinação, Cristo espera e exige de nós a atitude da vigilância, tal como indica o Evangelho: “Estejais preparados, porque o Filho do Homem virá à hora que menos esperais”. Jesus ensinou não apenas essa atitude de vigilância, atenção, abertura; além de ensinar, Ele as viveu, durante toda sua vida terrestre. Ele se deixou conduzir sob o sinal dessa vigilância.
Seu alimento é fazer a vontade do Pai, que o enviou entre os seres humanos. Essa vontade não é marcada por uma revelação privada; para Jesus, como para todo ser humano, trata-se de descobrir como deve ser nosso caminho, no decorrer de nossos dias. O ano não está fixado; não está claro para Ele, desde o primeiro dia; pelo contrário: Jesus questiona sem cessar os acontecimentos que vive, para saber o que deve fazer em cada momento. Quando reconheceu seu caminho, Ele o segue com fidelidade e obediência perfeitas, mesmo que lhe custe e o conduza rumo à cruz.
A atitude e a conduta de Cristo têm que ser também a de todos nós, exigindo de nós abertura para as sugestões e os sinais de Deus, descobrindo por detrás dos acontecimentos o desejo e a vontade de Deus. É preciso estarmos atentos e fiéis para seguir esse caminho conduzido por Deus.
Entende-se por vigilância a fidelidade ao momento presente, sem se ater ao passado que nos parece importante, porque o vivemos. Porém, aconteceu ontem e hoje não temos nenhum poder sobre ele. O futuro nos seduz porque, em sonhos, podemos construí-lo a nosso modo; mas ainda não existe e não nos ocupa com nada.
O presente passa tão rápido que não lhe damos o devido valor; entretanto, com certeza, é o único que está em nosso poder; nossa vida é apenas um conjunto de momentos presentes. Quem quiser acertar sua vida, que coloque o passado nas mãos de Deus, deixe o futuro e viva, plenamente, um dia após o outro, cada momento presente.
Porque Deus nos espera no momento presente
Dizer ‘Sim’ ao convite de Deus, ao anúncio de cada instante equivale, para nós, estar plenamente presente. Assim, a vigilância é permanecer fiel nesse caminho de entrega total em cada momento presente.
Por isso, pedimos a Jesus que, neste Advento, nos dê a graça da abertura, da disponibilidade e de vigilância; que todos nós permaneçamos fiéis no nosso caminhar rumo à Casa do Pai; que reconheçamos os sinais e desejos de Deus em cada momento; e para que estejamos sempre preparados para a chegada repentina e inesperada de nosso Senhor Jesus Cristo.
Tradução: Maria Rita Vianna